quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Preparando a mudança.



Olha eu aí, gente....hehehehe
Nada como uma mudança para rever valores, papéis, documentos, coisas inúteis guardadas, eliminar o desnecessário, fazer uma 'limpa'.


Nos próximos dias estarei retornando para meu Estado e minha cidade.  Foi uma decisão engendrada durante alguns anos.  Quando os filhos mais velhos começaram a sair de casa, esta começou a ficar grande demais para nós.

Lembra o que disse o arquiteto, quando estávamos construindo: quando o casal se junta, uma casinha pequenina com quarto/cozinha é suficiente.  O amor preenche o resto.  Aí vêm os filhos, precisa aumentar o espaço; depois os amigos dos filhos, os parentes que moram longe, tem que ter quarto de visitas.
Depois, os filhos vão cuidar da vida, a gente volta a querer um cantinho, nosso amor, e nada  mais (como Elis Regina - uma casa no campo, meus discos, livros e amigos, e nada maaaaaaaais....).

 Então, estamos retornando, para perto da família, dos amigos, do amor, da fraternidade.
Esta etapa está para ser concluída.  A contribuição que tínhamos a dar a estas duas cidades paranaenses que nos acolheram, foi dada.  Recebemos muito delas: temos muitos amigos, pessoas queridas; tivemos nossa pequena aqui; construímos um pedação da nossa vida aqui.

Agora, é fechar a porta e olhar pra frente, uma nova etapa nos aguarda.  Deixamos muito carinho, alegrias, tensões e preocupações; coisas da vida.

Por muitos dias ficarei desconectada.

Àqueles que gostam de ler meus textos, meu muito obrigada.  Grande abraço, Feliz Natal, e que o ano de 2012 seja de ventos a favor para todos nós.

Feliz Natal pra todos nós, e que Jesus renasça entre nós.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Janelas II - fundo de gaveta 2

   




Embora eu tenha batido esta foto nas férias deste ano, vejo que meus temas são recorrentes.
  Continuando minha faxina, encontrei um poema que fiz em dezembro de 1990, provavelmente na praia, pelo assunto.  Dividindo:

Janelas II

Daqui onde estou agora
Vejo prédios, casas
em cujos telhados
observo a ação da maresia.
Lá, mais longe,
dois prédios gêmeos de estrutura,
mas de cores diferentes.

Por detrás de tudo isto,
o mar.

O mar dos verdadeiros tubarões,
em seu hábitat perfeito;
o mar que sorveu tantas vidas;
o mar que alegra as crianças
que querem surfar...

O mar que bate
para todo o sempre
suas águas na areia
que, de quente, fica gelada.

O mar com murmúrios de amor,
do vento renitente,
a bater, a bater, a bater...

O mar, que,com seu sal
mais o sol
bronzeia os corpos
de todos os feitios.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

NÃO SOMOS A LIXEIRA DO MUNDO!

Lixo hospitalar vindo dos Estados Unidos, out. 2011.
     
(Imagem: http://www.google.com/imgres?q=importa%C3%A7%C3%A3o+de+lixo&hl=pt-BR&biw=1360&bih=611&tbm=isch&tbnid=FcXby5NvtFfoNM:&imgrefurl=http://m.estadao.com.br/noticias/vidae,ministro-assegura-que-brasil-nao-permitira-importacao-de-lixo-hospitalar,788622.htm&docid=mZWH-j7yBj4noM&imgurl=http://m.estadao.com.br/imagens/240/fotos/Lixo_hospitalar_Pernambuco_Beto_Oliveira_AE_.jpg&w=240&h=177&ei=9fuyTtfWA8S1tgf68tTQAw&zoom=1&iact=rc&dur=635&sig=101164206755728067314&page=2&tbnh=115&tbnw=153&start=19&ndsp=21&ved=1t:429,r:12,s:19&tx=59&ty=71)

      Causa-nos vergonha, humilhação, raiva, quando descobrimos que países que se consideram "desenvolvidos, primeiro mundo" continuam achando que nós, brasileiros, e nosso país, o Brasil, somos a lixeira do mundo.
     É de todos conhecido o fato de que a Alemanha, a Grã-Bretanha, a Espanha e os Estados Unidos,  e provavelmente muitos outros países, VERGONHOSAMENTE enviam contêineres com lixo para o nosso país.  Há poucos dias a Polícia Federal brasileira descobriu lixo hospitalar que foi parar no nordeste brasileiro, vindos dos Estados Unidos.  Infelizmente algum outro idiota, este brasileiro, está ganhando dinheiro para importar a imundície que os "nobres países" não querem no quintal de suas casas, ou de seus hotéis e, principalmente, hospitais.  Acham que nós temos espaço suficiente?  Então toca a poluir!  Há alguns anos chegaram ao porto de Rio Grande contêineres vindos da Alemanha com todo tipo de porcaria que os ditos cujos não querem em seus quintais de casas, e acham que o nosso quintal é ótimo para isto.  Uma pouca vergonha, falta de respeito, ignorância, estão tripudiando em cima dos brasileiros, enviando sua podridão para cá.  Ah, não dá para deixar na Europa e Estados Unidos, eles são muito limpos, asseados, higiênicos, mas na casa dos outros dá!
     E ainda se acham melhores do que os outros!  Vão se lixar e aprender bons modos, boas maneiras, respeito, não contaminar os outros com suas porcarias! Se são incapazes de descobrir uma forma correta de eliminar os próprios lixos, admitam isto - digam: somos burros, não sabemos reciclar, reaproveitar, reutilizar.  Nós reciclamos, se quiserem, podemos ensinar.  Mas não venham lançar suas podridões sobre nós.  Já chega o que fizeram conosco desde o tempo da colonização.  BASTA!

Atualizando as leituras.

   

Luft, Lya. A riqueza do mundo.-RJ:Record, 2011, 270p.      Há meses li o último livro da Lya Luft a que tive acesso, "A riqueza do mundo".  São crônicas contemporâneas, com a já tradicional linguagem acessível, mas com textos excelentes que nos inspiram à reflexão dos nossos valores, anseios, desejos, controvérsias, alegrias, tristezas, surpresas e demais sentimentos que o nosso mundo, hoje, nos desperta.

     Outro, que terminei a semana passada, também já queria ter lido há mais de 30 anos, mas não tinha acesso. "Poemas escolhidos", de  Gregório de Matos Guerra, nosso famoso "Boca do Inferno".  Para quem não o conhece, é o maior poeta seiscentista do Brasil, da época Literária denominada Barroco.  Tomei conhecimento dele no curso de Letras, mas, como já falei várias vezes, conseguir alguma obra era o difícil; aliás, somente versos esparsos em antologias, comentários dos estudiosos da Literatura Brasileira.
     Mas por que Boca  do Inferno? Porque ele fazia versos satíricos, criticando a tudo e a todos, em sua época: políticos, padres, freiras, amigos, inimigos, etc.  Mas não eram só versos satíricos, também escreveu poemas religiosos e amorosos.
     Abaixo, só para tirar um tempo, os mais famosos versos satíricos deste gênio brasileiro, bahiano, advogado, juiz, padre, e mais um monte de outras funções:


"Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República, em todos os membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia" (este é o título)
EPÍLOGOS
1.Que falta nesta cidade?...Verdade
Que mais por sua desonra?...Honra
Falta mais que se lhe ponha?...Vergonha
   O demo a viver se exponha,
   Por mais que a fama a exalta,
   Numa cidade onde falta
   Verdade, honra, vergonha.

2. Quem a pôs neste socrócio?...Negócio
    Quem causa tal perdição?...Ambição
   E o maior desta loucura?...Usura
      Notável desaventura
      De um povo néscio, e sandeu
      Que não sabe que o perdeu
      Negócio, ambição, usura.
hehe

3...4....5.E que justiça a resguarda?...Bastarda
              É grátis distribuída?...Vendida.
              Que tem, que a todos assusta?...Injusta.
                     Valha-nos Deus, o que custa
                      O que El-Rei nos dá de graça,
                      Que anda a justiça na praça
                      Bastarda, vendida, injusta.

6...7. E nos Frades há manqueiras?...Freiras.
         Em que ocupam os serões?...Sermões.
         Não se ocupam em disputas?...Putas.
hehe
               Com palavras dissolutas
               Me concluís, na verdade
               Que as lidas todas de um Frade
               São freiras, sermões e putas.
8...9..."

Os versos são muito longos, os assuntos diversos.  Para quem gosta de poesia, cultura/literatura brasileira, e conhecer a opinião e visão de um crítico mordaz do Brasil entre 1600/1700, vale a pena ler.
Matos, Gregório de. Poemas escolhidos; seleção e organização José Miguel Wisnik.-SP:Cia das Letras, 2010, 357p.

domingo, 30 de outubro de 2011

Não me ponham rótulos!

     Este título está há tempos me aguardando em "editar postagens".  Estava esperando para que todas as idéias estivessem congruentes.  Desisti.  Sou mesmo uma incongruência ambulante.
     Enquanto aguardo o final dos jogos pan-americanos para colocar a tabela final - pelo que soube Cuba nos passou, estamos em 3º lugar - vou maquinando meus pensamentos.  Enquanto dirijo, faço atividades rotineiras, faço pilates, escuto música, leio, meus pensamentos montam textos inteiros; discuto com noticiários televisivos e radiofônicos, com notícias de jornais, manchetes de revistas, artigos desta ou daquela revista, escrito por tal e qual pessoa.  Mas não é este o ponto, já estou tergiversando...
     "Ai como sua filha é magrinha, ela não come? tão miudinha...", ouvi a vida inteira na infância, por ser magra demais, quase esquelética! e os apelidos dos meus irmãos: lingüiça (naquele tempo era com trema...), saracura... alta e com pernas finas... Minha mãe comentava que as pessoas de pernas finas eram mais trabalhadeiras do que as de canelas grossas; coisas de antanho.  Creio ser uma verdade, pelo menos pelo que me toca.
     Pelos cabelos crespos, na escola, me chamavam de bombril, esta já contei.  Se não gostava do que falei no parágrafo anterior, muito menos deste; cabelo a gente não escolhe, é que nem família; mas da minha eu gosto, não trocaria por nenhuma outra. 
     Nasci e fui educada em uma família evangélica, protestante, os Metodistas. Para quem desconhece, o Metodismo nasceu na Inglaterra, uma das religiões protestantes derivadas da Igreja Católica.  Por ser evangélica, grudado na testa crente. Ora, nada mais de demonstração de ignorância do que chamar os evangélicos de crente; quem são os crentes?  Em princípio, os que crêem em alguma coisa, logo, se os católicos também crêem em Deus, também são crentes; mas pronunciam num tom pejorativo, como se minha religião fosse menor do que as outras, ou menos verdadeira. Ou todas possuem a mesma verdade, ou nenhuma o é, pois as religiões foram criadas pelos homens; o que foi criado por Jesus, no caso o cristianismo, foi o próprio cristianismo.
     Quando estudava na escola de elite de minha cidade, com bolsa de estudos, pobre. "Ah, não pode ir à excursão pois é pobre; não pode fazer vestido longo para formatura pois é pobre; olha o sapato que a criatura comprou, credo!  e a calça, então...ah, tu não vais debutar? eu vou...(naquele tempo havia o baile de debutantes na cidade, o maior acontecimento social do ano);  não pode isto, não pode aquilo..." Este é um dos que dói muito, muito mesmo, por quem passa por tais humilhações feitas por colegas melhor colocados no mundo e sem um pingo de educação e respeito pelos outros. Mostra o que é valorizado, o que é importante para aqueles que consideram que "têm berço". Mas berço todos nós temos, ninguém nasce e vai dormir no chão!
     Quando morava num bairro de minha cidade, suburbana.  Só era bom quem morava no centro, coisas piegas de pessoas com pensamentos pequenos.  Eu morava no bairro, sim; mas era um lugar lindo, com a horta que meu pai plantava; as uvas que ele cuidava com muito carinho, e que cada cacho pesava, com certeza, mais de 1kg - tinha da preta e da branca.  Minha mãe criava galinhas, comíamos ovo quente todo dia antes do café da manhã, gemada, e a mãe fazia pães, cucas e bolos maravilhosos. Na escola estadual em que estudei, me destaquei sempre em primeiro lugar na classificação da turma - naquele tempo não era pecado, ainda, dar menções honrosas e classificar os alunos pelo aproveitamento escolar; ao contrário, era um estímulo para estudar cada vez mais.  E quando fui para a escola de elite, estava sempre entre o 1º e o 4º lugar, entre 30 a 40 alunos; só tinha 2 meninos com os quais eu brigava na classificação, e nenhuma outra menina me alcançava, muito menos as que só viviam pensando  nos vestidos de festa e bailes de gala.  Só peguei 1 exame na primeira série, como disse, desenho...nas demais, passei sempre por média, o que não era fácil.
     Quando cheguei à faculdade, e como não concordava com tudo que queriam me enfiar goela abaixo, era pequena burguesa, de direita, reacionária...nem eu sabia o que era isto.  Vamos lá: pequena burguesa me incomodava muito, por meus colegas petistas, já naquela época de 73 em diante, que se consideravam comunistas ou de esquerda, acharem que eu era do lado da ditadura.  Não era; nunca tive ligação nenhuma com ninguém da polícia ou dos militares ou com qualquer partido político, nem de direita, nem de esquerda nem de centro.  Mas eles demonstravam ignorância: na origem, conta-nos a História, e também o "Aurélio", burguês era quem morava nos burgos europeus, na idade média; e burgos eram pequenas cidades e aldeias; então, como eu morava em uma cidade pequena, e meus colegas também, também eles eram burgueses...mas sabemos que não é este o significado dado.  O burguês que falam em tom de deboche é o que teve ascensão social e tinha dinheiro; agora, pequeno burguês, como ofensa...eu trabalhava para me sustentar, como muitos deles; meu pai sempre trabalhou também; meus irmãos...minha mãe sempre cuidou da casa e de nós, aliás sempre com muito amor e carinho, qualidade e firmeza...esta uma questão que somente os "de esquerda" podem explicar. Aliás, ignorância não se explica. 
     "De direita" talvez por eu não concordar com tudo que queriam me impingir.  Como o que acontecia no tempo da ditadura, como já mencionei em outro post, era mais nos grandes centros e no "ABCD" paulista, que faziam as bagunças devidas e protestos políticos, assim como no Rio de Janeiro, Minas, Porto Alegre, nós, que éramos pessoas simples, querendo viver, trabalhar, ter uma vida  normal éramos obrigados a ser revolucionários com os que achavam que estavam certos?  Ninguém deve fazer nada obrigado, já garante a Constituição.  Por isto, também, o "reacionária"...ora vamos!  O que eu queria naquele momento era trabalhar - emprego não me faltava; com as qualificações que tinha, à época, podia escolher emprego; o tal milagre econômico, apesar de tudo o que soubemos depois, que foi feito de errado, não foi uma mentira.  Eram coisas concretas; quem não tinha casa, nem dinheiro,  financiava, pagava em 20 anos e tinha a escritura na mão.  Por não concordar em ser "esquerdista", nunca fui indicada para uma bolsa de estudos na faculdade particular, muito menos para intercâmbio com faculdades e cursos no exterior; para isto, não era preciso nem ser bom aluno, bastava estar no lado certo politicamente.  E isto, não era só naquele tempo, não; continua do mesmo jeito...
     Por gostar de alimentos e vida o mais natural possível, natureba; por não beber até cair, puritana; por achar que casamento ainda era uma coisa válida, na época em que eclodia o amor-livre, antiquada, careta, quadrada, e outros rótulos mais; por achar que devia cuidar da minha coluna, e manter uma postura correta, "pose de rainha"; por ter conseguido aprender um pouco de etiqueta e saber portar-me nas mais diversas situações, metida; e assim vai, mas...
     Não me ponham rótulos! Sou apenas um ser humano, demasiado humano, como dizia Nietzsche; e com todas as idiossincrasias que qualquer ser humano pode ter.


                                       
(Imagem: http://www.medinforme.com/wp-content/uploads/2009/12/duvida-300x234.jpg)




     Ah, e já ia esquecendo: quando fazia greves, paredista de esquerda, se  o governador fosse de direita; e paredista de direita, se  o governador fosse de esquerda - vá entender!

     Quando me formei e passei a lecionar, elitista, topo de pirâmide, pois somente 1% da população consegue concluir um curso superior no Brasil; quando consegui comprar um carrinho, a prestação, rica e poderosa - vê se pode! Se a gente se incomodar com todos os rótulos, fica louca; melhor  é dar uma de ignorante - ignorar.