terça-feira, 29 de maio de 2012


UMA REFLEXÃO SOBRE A VELHICE




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OS DIREITOS DOS IDOSOS



                 Recordando sobre muito do que li na Bíblia sobre pessoas mais velhas,  recordei-me destas duas passagens:
                     Êxodo, 20:12: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”.
            Isto lembra minha infância e adolescência, quando decorei os 10 Mandamentos, e procurei, sempre na medida do possível, segui-los. Digo na medida do possível por considerar-me uma pessoa que comete muitos erros e que se acha humana, demasiado humana.
                  A segunda passagem bíblica é esta:
                 Eclesiastes, 3:1-8.  “Tempo para tudo. Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer;  tempo de guerra e tempo de paz.”
                 Temos dois enfoques que podem nos conduzir à reflexão sobre a velhice.  Um  nos remete diretamente a nossos pais, ou às pessoas que exercem o papel de pais em nossas vidas.  São os 10 Mandamentos que nos ordenam honrá-los.  Se formos ao dicionário, teremos o significado de honrar, que é estimar, respeitar, venerar ou reverenciar. Podemos resumir em Respeitar e ter afeto.
O outro nos faz pensar que tudo na vida tem um começo, um desenvolvimento e um fim.
                 Nós, seres humanos, nascemos, nos desenvolvemos, ficamos jovens e lindos, criamos nossas  famílias e vamos rumo ao cumprimento dos propósitos de nossas vidas, quando começamos a envelhecer.
                       Aqui no Brasil ainda não existe uma educação para o respeito às pessoas mais velhas.  Existia, até um tempo atrás, mas a forma como as pessoas vêm sendo educadas nas últimas décadas tem tirado das novas gerações o respeito por elas.  Igualmente, de parte do poder público e da sociedade como um todo, não havia  interesse pelas pessoas mais velhas.  Não havia produtos direcionados a elas, saúde, lazer, educação, trabalho, o que quer que seja. Porém, como a população vem envelhecendo, todos deram-se conta de que é necessário olhar para as pessoas que se encontram nesta fase da vida.
                   Com base nisto, e nos direitos assegurados pela Constituição Federal, entrou em vigor o Estatuto do Idoso, Lei 10741 de 2004, que estabeleceu mais claramente os direitos dos idosos.
                      Para entendermos melhor o que é  idoso, vejamos as palavras que vêm sendo usadas para o definir: velho, idoso, ancião, 3ª idade, 4ª idade, maturidade, melhor idade, idade da razão... a idade é apenas uma referência.  Não é só o processo degenerativo do corpo ou da mente que nos diz quem é velho, mas vários fatores.
                    De acordo com um autor italiano, Norberto Bobbio, a velhice pode ser compreendida de três formas:
1ª – velhice cronológica – é a idade; por exemplo, no Brasil, a partir de 60 anos, as Leis consideram a pessoa idosa;
2ª – velhice burocrática – é a partir de quando as pessoas podem começar a receber benefícios previdenciários, como aposentadoria por idade ou passes livres nos transportes públicos;
3ª – velhice psicológica – ou subjetiva, é quando a pessoa se sente velha.
                        Na nossa Constituição Federal estão assegurados os seguintes direitos às pessoas com mais de 60 anos:
“Art. 230- A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.
§2º - Aos maiores de 65 anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos”.  Na realidade, lei posterior determinou aos 60 anos.
                           O Estatuto do Idoso prevê:
“Art.3º - É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.”
Vemos que são muitos os direitos dos idosos, já assegurados a todos na Constituição Federal dentro dos direitos fundamentais dos cidadãos e cidadãs, que continuam vigorando enquanto as pessoas tiverem um sopro de vida.
                       Para concluir, algumas meditações de Pérola Braga, autora do livro Curso de Direito do Idoso.  Logo no início, ela manda uma mensagem aos seus filhos, que achei muito interessante, e pode servir de exemplo a todos nós:

“Aos meus filhos (...):
Na minha velhice
Tratem-me com carinho
E muito respeito.
E mesmo que eu perca a lucidez,
Não se esqueçam do que eu pensava
E de como eu agia enquanto era lúcida.
E façam sempre a pergunta:
O que ela decidiria se estivesse lúcida?
E ajam conforme a resposta que lhes vier à consciência
Pois ela estará alimentada pela implacável memória dos meus tempos de luta
Pelo Envelhecimento Digno!”

                     Outro texto que esta autora colocou em seu livro, é 

Uma  oração para a velhice
                                   De John O’Donohue

Que a luz da tua alma cuide de ti.
Que toda a tua preocupação e ansiedade
Por envelhecer seja transfigurada.
Que te seja concedida uma sabedoria
Com o olho da tua alma,
Para enxergar este belo tempo de colheita.
Que tenhas o compromisso de colher a tua vida
Cicatrizar o que te feriu,
Permitindo-se chegar mais perto de ti
E fundir-se contigo.
Que tenhas grande dignidade.
Que tenhas consciência do quanto és livre e,
Acima de tudo,
Que te seja concedida a maravilhosa dádiva
De encontrar a luz  eterna
E a beleza que está no seu íntimo.
Que sejas abençoado e que descubras um
Amor maravilhoso em ti por ti mesmo.”
                           
                               Esta reflexão levei para uma reunião de Senhoras evangélicas; todos temos a obrigação, profissionais ou cristãos, de ajudar a esclarecer as pessoas sobre fatos que tenham relação direta com suas vidas.  Creio ter ajudado um pouco na aquisição de conhecimento.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

FRATERNO



"FRATERNO
Verbalizar te amo eu não consigo.


Eu digo te amo
quando te dou atenção
quando filosofamos
quando sofres e te estendo
a invisível mão.


Eu digo te amo
quando leio teus poemas
admiro teus quadros
parabenizo os concursos
em que és entre os primeiros aprovado.


Eu digo te amo
quando olho tua fotografia,
e vejo que és a cara minha.
Somos muito semelhantes
Na nossa lucidez, na nossa insensatez,
na estranheza que vemos
nos turbilhões que vivemos,
                                           meu irmão."


Este poema fiz para meu irmão Moacir, que faleceu há justos dois meses.  Foi publicado na 3ª Antologia Caxiense de Poetas, 1º Concurso caxiense de poesias; Misturas e bocas produções, 1990.

A dor de perder um ente querido não some, vai ficando mais fraca, mas tem seu lugarzinho guardado no nosso coração e nas nossas mentes.  Nunca vamos esquecê-lo.  Porém a vida nos empurra e continuamos a viver e trabalhar, e resolver problemas, e amar, e ter momentos felizes, misturados aos tristes.  Isto é a vida.  Que vamos vivendo enquanto Deus permitir, fazendo dela o melhor possível.

À época em que fiz o poema talvez tivesse dificuldades de verbalizar "te AMO"; mas ao cuidar dele no hospital, e muitas outras vezes anteriormente, tinha dito a ele que o amava, o que o deixava muito feliz.  Ele morreu sabendo que era amado.