terça-feira, 11 de novembro de 2014

Primavera, feira do livro, leituras, vida que vai






Flores plantadas por meu pai; esta é uma das mais doces
lembranças dele.

A primavera chegou trazendo-nos seu imperdível e inolvidável perfume.  Sensações de bem-estar, alegria, contentamento acompanham esta estação. As chuvas vêm junto, e, para os estados do Brasil que enfrentam uma das maiores secas da história, ela é benéfica.  E para todos nós, embora eu não goste de dias nublados, chuvosos e neblinosos.
Aqui na minha cidade, em novembro tem a feira do livro, como já comentei ano passado.  é uma feirinha pequena; mas pudemos fazer a cesta.  Minha filha e eu fomos no sábado à tarde em busca de alegria para nossos olhos e mentes.
Já providenciei os livrinhos que são complemento dos presentes de Natal dos meus netinhos.  Eles aguardam com ansiedade.  Meu neto mais velho puxou à avó: adora ler.  E está muito feliz pois está aprendendo a letra cursiva, na escola.  E adora escrever... puxou, mais uma vez, à avó. 
 Mesmo sem leitores que se manifestem - incrível que vejo pessoas do mundo inteiro que lêem meu blog-, mas nenhum deixa uma mensagem pra mim.
Ei, você aí que me lê, posso dizer oi, e perguntar se gosta do que escrevo e por que me lê?
Curioso: tenho leitores nos EUA, na Alemanha, França, China, Paraguai, Argentina, Portugal e outros países, mas eles nunca me dizem se gostam do que lêem e por que razão o fazem.  São brasileiros fora do Brasil?  Me diga- oi!


LEITURAS QUE ME AGUARDAM

Voltando às minhas leitura, ao par da vida que segue, como diz um jornalista brasileiro, li os seguintes livros:
Um cartão de Paris, crônicas de Rubem Braga, publicado em 1997. Aqui Rubem manteve sua característica de um dos melhores cronistas brasileiros de sua época, escrevendo e descrevendo o Brasil.
E o romance, que achei meio catatônico, não entendi muito bem, Os cadernos de Malte Laurids Brigge, de Rainer Maria Rilke.
Sobre este, considerei uma linguagem muito legal, uma prosa gostosa, grandes achados poéticos, pensamentos que achei 'estalos', a personagem central me pareceu fora do eixo, mas alguns trechos que gostei, citarei:
Sobre o medo: "Isso acontecia porque eu ainda não sabia ter medo".
Vida: " O tempo passou e nos acostumamos a coisas menores."
Um preciosista estava morrendo, e uma enfermeira falou uma palavra errada:
"Então Arvers adiou a morte. Pareceu-lhe necessário esclarecer isso primeiro.  Ele ficou inteiramente lúcido e lhe explicou que se dizia "corredor".  Então morreu.  Era um poeta e detestava a imprecisão; ou talvez lhe importasse somente a verdade; ou lhe incomodava levar como última impressão o fato de o mundo seguir adiante com tanto desleixo."
Leituras: "De algum modo, pressenti naquela época o que mais tarde senti tantas vezes: que não temos o direito de abrir um livro se não nos comprometemos a ler todos. A cada linha tirávamos um pecado do mundo."
Vida: "Deve ter sido numa dessas manhãs, tais como as há em julho; horas novas, descansadas, em que por toda parte acontece alguma coisa alegre e irrefletida.  De milhões de pequenos movimentos irreprimíveis forma-se um mosaico da mais convincente existência; as coisas se agitam, passando umas por dentro das outras e lançando-se na atmosfera, e o seu frescor torna as sombras claras e dá ao sol um brilho leve e espiritual.  Não há no jardim uma coisa principal; tudo está em toda parte e teríamos de estar em tudo para não perder nada."
"A própria vida, porém, é difícil por sua simplicidade.  Ela possui apenas algumas coisas de um tamanho que não é adequado para nós."
"E o mundo é organizado de tal forma que há pessoas que passam a sua vida inteira durante a pausa em que ele, mais silencioso do que tudo que se move, avança como um ponteiro, como a sombra de um ponteiro, como o tempo."
Mulheres, amor: "As mulheres que são amadas vivem mal e em perigo.  Ah, se superassem a si mesmas e se tornassem mulheres que amam!  Em volta das mulheres que amam há apenas certezas."


Vale a pena a leitura!

sábado, 18 de outubro de 2014

Viagens IV - 2ª parte: a chegada em Roma.





Aqui, a continuação do post 'Viagens IV':


Agora, tentamos descobrir o que houve.  Algumas pessoas que estavam no mesmo vôo, também procuravam pela mesma empresa; a maioria das pessoas foi dispersando, e nosso bolinho  de brasileiros foi ficando; um agente de viagens veio falar conosco, perguntou qual a empresa nós aguardávamos, ligou para alguém e nos disse: vou levá-los até o hotel, quem vinha buscar vocês teve problemas e não pôde vir.  Demos o endereço do hotel, olhamo-nos, perguntei ao meu marido: será confiável? E ele: não temos outra alternativa, vamos.  Pegamos nossa bagagem e fomos passar pela imigração.
Neste meio-tempo precisei ir ao toilette. Informei-me sobre sua localização, disse-me uma funcionária, apontando o corredor: "tuto al fondo" (não sei como se escreve em italiano). Fui, caminhei, fui, andei, olhando para as portas que se abriam; chegando ao fim do corredor, abria-se um grande espaço no qual entrei; que susto! Policiais com enormes cães policiais ali se encontravam e me cercaram. Entendi que eles me perguntavam o que eu queria; repeti, levantando as duas mãos e repetindo: "toilette"!!!!!! Eles riram e me mostraram o lugar.  Voltei correndo, logo após, pois morro de medo de cães, ainda mais daquele tamanho.
Após os trâmites da imigração, subimos na van que nos levaria ao hotel.
Roma! Olhei para meu marido e disse: estamos em Roma! não acredito! Abri bem meus olhos e fui enchendo de paisagem romana, que nunca mais esquecerei.
O trânsito, um caos: muitas buzinas, gritos, algumas ruas bem largas onde desembocavam outras ruas pequenas, passando primeiro o que buzinou primeiro, uma grande confusão. Não sei como aquela italianada se achava.

Roma - imagem da autora, proibida reprodução.
Chegamos ao hotel, mas ainda não estava no nosso horário de entrada.  Lá é rigoroso: se teu horário de entrada é às 11 horas da manhã, não adianta chegar antes.  Confirmaram nossas reservas, deixamos nossa bagagem em uma sala fechada, e fomos almoçar.
Extasiada diante das paisagens, ia comentando com meu marido, olhando pra cá e pra lá, enchendo os olhos, observando tudo.  Nesta parte da cidade em que estávamos, os prédios nunca eram muito altos; um emendado no outro, com o estilo característico das construções italianas que vemos, também, aqui no Brasil, nas cidades onde há muitos descendentes de italianos.  E em quase todas, aquelas 'máscaras', carrancas,  imagens muito utilizadas nas fontes - que tem para todo lado -, nas casas, nos frontais dos prédios, em todo lugar.
Almoçamos em um restaurante de um árabe, perto do hotel, e depois retornamos, pois estávamos muito cansados.  O dono perguntou de onde éramos, meu marido respondeu: do Brasil, e o árabe disse a ele: 'sua mulher muito bonita'.  Eu saí rindo, meu marido torceu a cara e fomos andando.
Fizemos o 'check in', e fomos descansar, pois estávamos moídos da viagem. Dormimos a tarde inteira, e só nos movimentamos para jantar.
Decidimos não sair para jantar, devido ao cansaço, e, como tinha restaurante no hotel, decidimos ficar por ali mesmo.  Foi aí que briguei com o garçom.  Não lembro o que meu marido pediu, mas solicitei creio que salada com bife e batatas.  Pedi o bife bem passado; veio torrado por fora, dos dois lados, e cru por dentro.  Detesto carne crua, reclamei, o garçom gesticulava e falava muito rápido, em italiano.  Repeti, em inglês o que queria, ele saiu brabo e voltou, com a carne do mesmo jeito.  Para não me incomodar mais, comi a parte externa da carne e os demais acompanhamentos, e fomos saindo.  Um brasileiro, que acompanhou tudo de longe, veio falar conosco: "Sou brasileiro e tenho hotel e restaurante na serra gaúcha; vim me atualizar aqui na Itália, mas vejo que quem tem que aprender são eles; se eu tratar meus clientes do modo como eles nos tratam aqui, fico sem clientes e fecho meu negócio.  Eles são muito mal-educados".
No dia seguinte, resolvemos caminhar Roma.  Nossa excursão só começava dali a quatro dias, então tínhamos este tempo para fazer passeios por nossa conta, matar a curiosidade.
Pegamos alguns folhetos, mapas da cidade, pedimos informações e fomos.
Pegamos uma grande Avenida, Via Del Corso; fotografando, andando observando, chegamos a uma grande praça a Piazza del Popolo, onde havia um grande portão, que achei interessante e diferente. Parece que faz muito tempo que está ali..







terça-feira, 14 de outubro de 2014

Ainda, as eleições no Brasil.






Constituição Federal de 1988.






"§5.Os indivíduos que devem formar um todo são de espécie diversa; igualmente, a reciprocidade na igualdade conservará os Estados, como afirmamos na Ética.
Além disso, isto é o que deve obrigatoriamente acontecer entre homens livres e iguais: pois não é possível que todos exerçam concomitantemente a autoridade: não a podem exercer por mais de um ano, ou, em conformidade com outro acordo, por qualquer tempo determinado.  Deste modo, sucede que todos alcançam o poder, como se os sapateiros e os carpinteiros se alternassem, e nem sempre as mesmas mãos fizessem os mesmos trabalhos.
§6. Sendo melhor ficarem as coisas como estão, segue-se, de modo natural, que, na sociedade civil, seria preferível igualmente que os mesmos homens ficassem sempre no poder se tal fosse possível.  Contudo, como perpetuar-se no poder não é compatível com a igualdade natural, e além disso sendo justo todos participarem dele, já tido como um benefício, já como um malefício, deve-se imitar essa faculdade de alternar no poder que os homens iguais uns aos outros se facultam, de igual modo como antes o receberam.  Assim sendo, uns mandam, outros obedecem, de modo alternado, como se se transformassem em outros homens" (Aristóteles, Política, SP:Martins Claret, Coleção a obra prima de cada autor, 2004, p.38/39).


"Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelos mesmos motivos" (Eça de Queirós)



A campanha presidencial no Brasil, mais do que para Governador de alguns estados, que não se elegeram no primeiro turno, está em polvorosa.

Os programas televisivos estão cheios de maravilhas feitas tanto por um como por outra candidata, e tanto um como a outra também mostram as maldades de seu oponente em seus governos, tanto atuais como anteriores.
Nas mídias, só se fala nisto.  Adeptos de cada lado se xingam, elevando bem alto seu preferido e colocando abaixo do tapete seu oponente.  Mas nenhum deles fala o que pretende fazer para melhorar o Brasil e a vida de nós, brasileiros, que os sustentamos, e sustentaremos qualquer programa que qualquer deles que venha a se eleger, inventar.  Sejam coisas boas ou não.
Eu já voto há 41 anos. Nas primeiras eleições, aos 18 anos, sem experiência e conhecimento, alheia ao mundo que me rodeava politicamente, só queria saber de bailes, namorados, trabalho, faculdade, divertimento.  Então seguia a orientação dada por meus pais.
À medida que fui amadurecendo, fui mudando minha visão: criando família, e sendo responsável pelo sustento junto com meu esposo, tendo financiado uma casa pelo antigo BNH, pagando prestações mensais por 17 anos; pagando estudos para filhos e meus estudos e do meu esposo; pois eu, como professora, se quisesse progredir na carreira, tinha que me aperfeiçoar, estudar mais; e tudo com faculdade paga, pois não existia, naquele tempo, o que os Constituintes estabeleceram em 1988, a nosso pedido, o estudo superior de forma gratuita; pelo menos não no interior, só em grandes cidades ou capitais.
E fui mudando minha visão de mundo,  observando a realidade, a forma como a política acontecia no Brasil, fui lendo - por exemplo, "Brasil, nunca mais"; "1968, o ano que não terminou"; "As veias abertas da América Latina", entre muitos, muitos, muitos, muitos outros. E continuo lendo, como podem observar em meus outros posts.
Então, eu sou uma pessoa descrente dos políticos; aqui no Brasil, após a ditadura, quando aprovada a constituição Federal em 1988, foi concedida a liberdade total na formação de partidos políticos, pois, durante a ditadura, só havia o partido do governo e uma oposição enjambrada. Aos gritos, se pedia liberdade, tanto de expressão - havia mordaça nos jornais -, de reunião, e de criação de partidos políticos.
Hoje, vejo com olhos arregalados, os mesmos que pediam a liberdade na criação de partidos políticos, dizendo que tem partido demais no Brasil. Isto é uma incoerência! Estão renegando aquilo que pediram?
Na época da ditadura, havia o clamor pela liberdade de expressão, pela democracia,....hoje, vejo os que estão no poder - os mesmos que pediam - reclamar da imprensa, que há muita liberdade...façam meu favor!
Sabemos que a imprensa constrói e destrói, tanto no campo da política ou de qualquer outro; que aquilo que é publicado, tanto em jornais como em revistas, tem a visão do dono, que geralmente é do lado de quem está no poder - ou na oposição - e que vai publicar só o que achar conveniente para seus negócios.
Este ano tivemos vários candidatos a Presidente da República.  Analisando os nomes dos diversos partidos, creio que só um ou dois não tinha o "S" de socialista ou social no nome; a maioria dos partidos, no Brasil são do que se convencionou chamar de "esquerda".  Como? O PSDB de Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso, é um partido de esquerda...é? E o PT, da Dilma e do Lula, também. Como assim, situação e oposição são de esquerda? E quem é de direita? Não que tenha que ter, obrigatoriamente, esta dicotomia, mas...
Aécio Neves está, através de sua família, no poder desde Getúlio Vargas, sobre quem falei no post anterior, pois seu avô foi Ministro do homem.
Dilma está no poder, através de seu antecessor, desde que Lula foi eleito.
O PSDB, de Fernando Henrique, enfrentou muitas dificuldades no seu período governamental, mas teve um grande feito que ninguém pode negar: amarrou a inflação que nos esmagava diariamente.
Quando FHC entrou no poder eu era milionária; sim, fui milionária, pois a inflação era tão alta, que um litro de leite ou 1 kg de carne, custava milhões; as contas de luz que eu somava no banco que trabalhava, era de milhões cada uma.  O dia que a gente recebia o salário, saia correndo pro supermercado, e fazia estoque de comida, pois no dia seguinte já não compraria a mesma quantidade. Era o tempo do over night, o dinheiro que flutuava à noite.  Quem viveu neste tempo, e era o responsável pelo pagamento das contas, há de lembrar disto.  SE FHC não fez mais nada de bom - e ninguém é 100% bom ou mau - a melhor coisa que o seu governo fez foi amordaçar a maldita inflação.  Só por isto, já teriam o meu voto, embora quando ele foi eleito, eu tenha votado em seu opositor, pois não queria "a elite no poder".
Depois eu tirei o FHC de lá e pus o homem, que conseguiu reeleger-se e colocou sua sucessora; mas só votei nele uma vez, pois a entrevista que deu a Marília Gabriela, na época da campanha, me convenceu que ele era do povo, entendia o povo, e ia cuidar do povo. Ledo engano. Político é político.
Por isto não votei na Dilma, e não vou votar, não por achar que o outro é melhor. Não é.
Mas por concordar com Aristóteles, acima citado, e pelos mesmos motivos, bem como Eça de Queirós.
A alternância de poder é salutar em uma democracia.  O resto, é conversa fiada, e é alucinação de quem enxerga em seu preferido, ou seu líder, um deus poderoso e eterno, que só faz coisas boas.  Também faz, mas não só.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Getúlio Vargas II e III





Continuando  minhas aventuras literárias, concluí o volume 3 da biografia do Getúlio Vargas, escrita por Lira Neto.
Foi ótimo ter lido neste período que precede a eleição que se aproxima, pois me deixou mais alerta e mais enojada da política, dos políticos, dos partidos e dos militantes fanáticos xiitas.
O segundo volume, que abrange o período de tempo que vai de 1930 a 1945, pega do governo provisório de Getúlio à ditadura do Estado Novo.
Então fui entender o que já tinha lido alhures, por que o Brasil sempre teve muito presente os militares das três armas.
O Getúlio teve que estar sempre aliado a eles para poder governar, seja quando eleito ou quando ditador.  Como eles têm e tinham uma sensibilidade muito grande, qualquer coisinha que não gostassem já ameaçavam com motim e levante, querendo tomar o governo.
Quero ressaltar que o fato de eu estar lendo, ou me informando sobre a história do meu país, não significa que eu aceite ou concorde com as coisas que estas pessoas, como Getúlio Vargas, fizeram, em termos ditatoriais e de abuso de poder.  Mas sabemos que as pessoas são contraditórias, paradoxais: ao mesmo tempo que foi um ditador, fechando o Congresso Nacional com todas as suas consequências, criou a Consolidação das Leis do Trabalho, válida até os dias atuais, concedendo vários direitos aos trabalhadores que não tinham nem horário determinado para o trabalho, férias e outros benefícios.
Getúlio governou com os militares do seu lado e foi deposto por eles.
No segundo volume, são narrados todos os fatos de seu primeiro governo.
No terceiro e último volume, que compreende o período entre 1945 e 1954, o subtítulo diz: Da volta pela consagração popular ao suicídio.
Há algum tempo assisti a um filme produzido no Brasil que narra este período; foi bastante fiel, e confere com o livro.
Abaixo, alguns excertos que julguei interessantes:
Getúlio, que sempre cassou os socialistas e comunistas, ao realizar a sua campanha política para voltar ao poder pelas eleições, para substituir Dutra, pronunciou:

"A velha democracia liberal e capitalista está em franco declínio porque tem como fundamento a desigualdade. A ela pertencem vários partidos com o rótulo diferente e a mesma substância.  Não é de se estranhar que venham a se reunir. São os expoentes da democracia burguesa, a velha democracia liberal que afirma a liberdade política e nega a igualdade social. (...) A outra é a democracia socialista, a democracia dos trabalhadores. A esta eu me filio."
É o que se vê ainda nos dias de hoje, de dizer ao povo o que ele quer ouvir.

"Precisamos colocar as empresas de serviços públicos a serviço do povo. Não podemos permitir que o povo seja apenas a fonte de receita garantida para os seus exploradores, que contam com todos os benefícios do monopólio."

Havia, à época, a grande controvérsia sobre o petróleo, e a campanha "O petróleo é nosso". "De um lado os liberais, defensores da participação do capital privado estrangeiro na exploração do produto. Do outro, os partidários do monopólio estatal." Carlos Lacerda, jornalista, que surgia como político influente, era a favor dos estrangeiros, e publicou vários artigos manifestando sua opinião. Seu patrão, não gostou, e mandou-o parar de expressá-la; Chateaubriand, outro dono de jornal famoso, dizia a seus repórteres e articulistas: "se um jornalista quisesse ter opinião própria, então deveria montar o próprio jornal."

Getúlio tinha mandado prender Luís Carlos Prestes em outros tempos; mas agora, na campanha política, subia ao palanque ao seu lado, para ganhar votos.  Qualquer semelhança com nossos políticos de hoje não é mera coincidência.Já naquele tempo, as alianças espúrias eram feitas pois o que interessava era o poder. Lula e o PT que foram adversários figadais de Collor, Sarney e Malluf, hoje comem do mesmo prato.

"Fingir-se de morto era uma das habilidades de Getúlio."
"Não sou oportunista: sou homem de oportunidades.", dizia Getúlio.

"Eu voltarei, mas não como líder de partidos, e sim como líder de massas".
"Em vez de representar um anúncio de que ele entrara de vez na disputa sucessória, as respostas de Getúlio ao repórter foram, na verdade, uma aula política de como não se comprometer com nada e com ninguém, inclusive com a própria candidatura, deixando assim uma margem enorme para futuras manobras, como lhe era peculiar."
E, o mais importante, que, creio, tem sido o mantra de todos os políticos brasileiros, de todos os tempos, declaração feita por Ademar de Barros, aliado de Getúlio:

"Política é negócio - toma lá dá cá - e até hoje não levei nada nesse negócio."

Não vou citar o livro inteiro, vale a pena a leitura. Todos sabemos que Getúlio foi eleito e voltou nos braços do povo, mas foi derrotado, segundo este autor e suas pesquisas, pelos militares e pela imprensa, que ainda mantém um grande poder no Brasil até hoje. E que se suicidou em 1954.

Boa leitura.

Getúlio. Do governo provisório  à ditadura do Estado Novo.- 1930-1945. Lira Neto. 1ª ed.-SP: Cia das Letras, 2013.

Getúlio. Da volta pela consagração popular ao suicídio.-1945-1954. Lira Neto, 1ªed. SP:Cia. das Letras.





quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014 NO BRASIL

A campanha eleitoral está fervendo no Brasil.
Por determinação constitucional, este ano teremos eleições para Presidente da República, Senador, Deputado Federal, Governador dos Estados e Deputado Estadual.
Acompanho um pouco os comentários sobre os candidatos postados em redes sociais. Também venho tentando entender as propostas dos mesmos através dos programas divulgados por eles.
Pelos comentários e conversas com amigos, brasileiros e brasileiras como eu, algumas pessoas com nível de instrução superior, outras de nível secundário ou primário, todos mencionam alguma coisa sobre propaganda política, ser atuantes ou simpatizantes de partidos políticos.  Mas ninguém discute programas e propostas, assim como a propaganda eleitoral e os debates limitam-se a brigas e acusações entre candidatos.
Quando formei-me professora, assumi o compromisso pela vida afora, de levar ao maior número de pessoas a informação, a cultura e o debate.
Com esta intenção, para quem não teve tempo ou nem quis perder tempo em procurar, ofereço os links dos três candidatos com maior chance de chegar ao segundo turno, para se efetuar a análise dos programas de governo e ficar com a certeza, domingo, dia 5 de outubro de 2014, que votamos no que tem a melhor proposta para o Brasil.
Espero ter contribuído para que o meu país fique melhor nos próximos quatro anos.

Programa do Aécio Neves: http://divulgacand2014.tse.jus.br/divulga-cand-2014/proposta/eleicao/2014/idEleicao/143/UE/BR/candidato/280000000085/idarquivo/229?x=1404680555000280000000085

Programa da Marina Silva: http://marinasilva.org.br/programa/#!/

Programa da Dilma Roussef: https://programadegoverno.dilma.com.br/wp-content/uploads/2014/07/Programa-de-Governo-Dilma-2014-RGB1.pdf




quarta-feira, 2 de julho de 2014

A COPA DO MUNDO NO BRASIL





Levando por princípio que sou mulher, e que, por princípio mulher não entende de futebol, vou comentar sob a visão feminina a Copa do Mundo que se realiza no Brasil.
Quando o ex-presidente Lula fez força para conseguir trazer a Copa do Mundo para o Brasil, o povo brasileiro não gostou; pelo menos foram as manifestações que observei em jornais, revistas, mídia eletrônica e outros instrumentos de comunicação a que tenho acesso; inclusive as pessoas das minhas relações - povo que somos - também ficaram insatisfeitas.  
Como que um país como o nosso, com as deficiências que tem no plano interno, não solucionadas nem para nós, brasileiros, vai ter condições de receber um evento desta natureza?   E todos ficamos revoltados à moda brasileira: nas conversas, e-mails, charges, jornais, revistas, sites de relacionamento, mídias sociais, etc.  Mas não passou disto, durante um certo tempo.  À medida que a Copa se aproximava, começaram as manifestações.  E todas com razão.  Eu concordo que a gente faça manifestações pacíficas.  Não concordo com quebradeiras, agressão a pessoas, mortes, agressão à propriedade particular ou pública, todos estes itens assegurados na Constituição Federal: direito à vida, à propriedade privada, etc.
E como receber bem os estrangeiros, se nem nós mesmos temos condições de vida adequada?
Quanto a receber bem nós, os brasileiros, somos campeões da gentileza, do bem receber, da boa vontade em atender e informar aos estrangeiros, em ser cordiais e solícitos, educados - isto faz parte da nossa maneira de ser, brasileiros.
Por que digo isto?  Eu mesma tenho a resposta de uma viagem que fiz à Europa, e a forma de atendimento dos países por onde passei: os italianos são, até certo ponto corteses e educados.  Estávamos jantando em um restaurante em Roma, pedi um filé e seus complementos, explicando, em inglês, como eu o queria.  O garçon trouxe-me um filé frito por fora e cru por dentro, o que eu não gosto, gosto bem passado. Reclamei e o garçon, exaltado, começou a gesticular e gritar. Resumindo: comi a parte externa e deixei o resto no prato.  Um senhor que estava ao lado de nossa mesa, brasileiro, observou a cena e nos disse: "eu sou dono de restaurante na serra gaúcha; se tratar meus clientes desta forma, nunca mais voltam.  Vim aqui para aprender novas técnicas, ver novidades, mas vi que quem tem que aprender são eles."
E assim foi por toda Itália, por onde andamos.
Na Suíça, país que visitamos logo a seguir, foi mesmo que estar em casa. Educados, solícitos, atenciosos, não tivemos problemas.
Na França, foi o pior lugar em termos de receptividade, apesar de termos ido no ano da Copa do Mundo na França, 1998.  Aqui no Brasil tínhamos ouvido a notícia de que o governo francês estava ensinando o povo  como tratar os turistas - ser atenciosos, educados, não ser tão arrogantes e procurar aprender suas línguas.  Mas parece que não adiantou.  Em uma situação de emergência, em que entrei num restaurante pedindo auxílio, mesmo falando em inglês, não sei se olhando para nós a mulher achou que, talvez, fôssemos mendigos, ou, quem sabe, fugitivos pedindo asilo, ela expulsou-nos de dentro do recinto, como não se faz a um cão.  Apesar das belezas da França, seu povo é o mais mal-educado que já conheci até agora, o mais presunçoso, o mais 'nariz-empinado' que já vi.  E só fala francês, ignorando outras línguas. Ainda bem que eu tinha levado um dicionário francês-português, e consegui comunicar-me com aquelas feras.
Logo em seguida fomos à Inglaterra, onde fomos bem recebidos  e não tivemos nenhum problema.  A fleuma inglesa também é bem representada pela educação.
Então, nos comentários que tenho lido e ouvido, pela maneira de ser do povo brasileiro, um povo alegre, acima de tudo e apesar de tudo, pela receptividade e pela cordialidade que temos com nossos visitantes, estão os estrangeiros admirados e conquistados pelas nossas pessoas e pelo nosso território, com suas paisagens magníficas, cada canto do Brasil com uma característica diferente.  Creio que a Babel que tentaram construir na antiguidade, consolidou-se de certa forma no nosso país, que formou-se de tantas raças diferentes, de tantos povos que decidiram viver aqui, além dos povos que já habitavam este canto das Américas.
E a Copa do Mundo?
Nós, mulheres brasileiras, com raras exceções, não entendemos muito de futebol; mas assistimos aos jogos do Brasil, e torcemos, muito, pela nossa seleção, comandada pelo Felipão.  Acredito que, na turma de agora, ainda não temos nenhum equivalente a Pelé, Rivelino, Garrincha, Leão, Dunga e outros tantos que deram muitas alegrias aos brasileiros.  Mas queremos que nossos jogadores tenham energia suficiente para alcançar mais uma vitória.
Tenho certeza que os estrangeiros ao retornarem a seus países, não esquecerão os belos dias que tiveram no Brasil.  Estou longe das cidades que receberam os turistas, que são meia dúzia de capitais dos Estados.  Pelo que tenho lido e ouvido, algumas falhas na organização aconteceram, alguns problemas em aeroportos, um acontecimento aqui, outro ali; mas a Copa da  FIFA no Brasil, pelo que eles mesmos dizem, tem sido, até agora, a melhor das copas.  Pelos investimentos feitos pelos governos estaduais, federais, e instituições particulares, tem que ser mesmo.  Se deu lucro, ou se ficamos no prejuízo e ficaremos muitos anos pagando estas despesas, o tempo dirá.
Vamos lá, Brasil!

E para quem não conhece, o meu pais: BRASIL!

O Brasil e sua localização na América do Sul.
endereço: https://www.google.com.br/search?

domingo, 29 de junho de 2014

Falando sobre política

Nunca fui filiada a partido político. Por enquanto, também não pretendo fazê-lo, pois ando amadurecendo algumas idéias.
Mas isto não impede que eu me interesse pelo assunto.  Nas minhas variadas leituras, e totalmente descoordenadas, pois vou lendo ao sabor do vento, e a leitura que encontro;  na última feira do livro havia adquirido o primeiro volume do livro "Getúlio- 1882-1930- Dos anos de formação à conquista do poder", do escritor e jornalista Lira Neto.  Primeiro, gostei de saber que o escritor é nordestino, natural de Fortaleza/CE, e é um jovem (nasceu em 1963, para mim é jovem), o que o torna 'isento', pois se fosse um gaúcho o escritor correria o risco de tecer loas indevidas, o que muitas vezes ocorre.
A minha insaciável curiosidade por entender meu país - que já mencionei outras vezes - levou-me por simples curiosidade a encarar estas 630 páginas - que não li de um só fôlego por não me ser possível, tenho outras atividades.   Mas vale dizer que a escrita de Lira flui, magnetiza, chama para o livro, não nos deixa largá-lo, só o fazendo quando extremamente necessário.
A começar por uma frase de Getúlio Vargas, já no início do livro: "Sou contra biografias". Lira Neto empreendeu um trabalho hercúleo de pesquisa; bebeu direto na fonte do diário de Getúlio Vargas; na Fundação Getúlio Vargas (FGV), organismo de extrema credibilidade; bibliotecas, museus, partidos políticos, bibliografia extensa, correspondência particular e pública do governo brasileiro e dos governos estaduais e estrangeiros, assim como de amigos e correligionários; documentos obtidos no Brasil e no exterior.  Cortou fundo.
Narra a saga de Getúlio desde o nascimento até o início de seu primeiro governo de âmbito federal, no ano de 1930, após a famosa Revolução de 30.
Expõe a personalidade ambígua de Getúlio Vargas: o que concedia com a mão direita, tomava com a esquerda.  Um político hábil, manhoso, subreptício, enganador, galante, sempre sorrindo e nunca decidindo.
Passei a compreender um pouco mais por que nosso país está como está, ou é como é: o próprio Getúlio comenta que as pessoas que o procuravam enquanto esteve no poder, nunca pediam coisas para o bem de todos, era sempre para o bem próprio.  E o Getúlio concedia tudo o que ele considerava possível, para quem considerava possível e lhe fosse útil ou proveitoso.
Getúlio narra em seu diário que as eleições no Rio Grande do Sul, na época em que Borges de Medeiros foi Presidente do Estado - naquele tempo era Presidente, não era Governador- as eleições sempre eram fraudadas, tanto que Borges permaneceu no poder por mais de 30 anos.  Sempre era 'reeleito', com votos de cabresto, urnas fraudadas, atas falsificadas, etc.
O ex-presidente foi admirador de Mussolini e de Hitler, e tentou impor ao Brasil um governo semelhante ao deles.
Ambíguo ao extremo, ao mesmo tempo em que foi ditador, fechou o Congresso Nacional várias vezes, também criou a legislação trabalhista, sendo sua cria a Consolidação das Leis do Trabalho/CLT, as férias; criou o sistema S - Senai, Senac, Sesc, Senat, Sesi.  Era considerado pelo povo "pai dos pobres".
Narra o livro histórias sobre a família dos Vargas, a começar pelo pai, General Manuel Vargas, feito a facão, general de muitas guerras e brigas gaúchas; seus irmãos também eram de 'faca-na-bota', expressão gaúcha que significa pessoa braba, exaltada, que resolve tudo na briga e não leva desaforo pra casa.  Eram os 'donos' de São Borja, cidade natal de Getúlio.  E a família o acompanha em muitas lutas, políticas ou não, sendo que um de seus irmãos cometeu até assassinato.  Mas não foi preso pois Getúlio, advogado que era, e amigo dos homens do poder de Porto Alegre, conseguiu fazer com que seu irmão se livrasse da pena.  E era assim: qualquer coisa que dava perigo para a família, pulavam a ponte e iam rumo à Argentina, onde ficavam o tempo necessário para que chegasse o esquecimento.
Excelente leitura, impossível comentar ou narrar todo o acontecido.  Quem se interessar pelo assunto, vale a leitura, inclusive do segundo volume, já publicado e que já li, mas que comentarei em outro post.
Excelente para quem se interessa por política para saber como agir. Ou não.







Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930)/Lira Neto,- 1ªed. SP:Cia. das Letras, 2012.


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Viagens IV - 1ª parte

Quando completamos 20 anos de casados, meu marido e eu decidimos comemorar de forma diferente.  
Como nunca tínhamos ido para o exterior, optamos por conhecer um pedaço da Europa: procuramos uma empresa de pacotes de viagens, preparamos a documentação (achei que fiquei bonita no antigo passaporte), com cara de gente "bem", que naquele tempo, 1998, eram pessoas da classe alta que faziam estas viagens e não nós, reles trabalhadores do meu Brasil, como dizia o Getúlio Vargas.  Desnecessário dizer que o pagamento do pacote de viagem foi feito no modo brasileiro, em 'suaves prestações mensais', que trabalhadores não são de ferro e não têm as burras cheias.
Entusiasmados, fizemos o roteiro: entraríamos por Roma, iríamos para Florença, Veneza, na Itália,  Lucerna, na Suíça, Paris e Londres, de onde retornaríamos.
Viajante de primeira viagem, informei-me sobre a forma de comportamento no exterior, para não cometer gafes; detesto que digam que brasileiros são mal-educados.  De tudo que li, vi que a forma como sempre me comportei estava adequada ao velho mundo, uma vez que meus pais souberam bem me educar em casa, e a escola que freqüentei na adolescência tinha origem na Alemanha (rede sinodal de ensino, da Igreja Luterana), o que nos ensinou sobre disciplina, organização, hierarquia, respeito, visão de mundo, geografia e história,  e tantas outras coisas.
Também informei-me como me vestir - esquecendo-me, ó ingenuidade- que a moda ditada pelo exterior vem parar aqui no Brasil, um pouco tarde, é verdade, mas sempre.  Então, estava adequada.
Iríamos em maio, que não é tão frio - por mais que ache lindas as paisagens de neve, já passei por ela aqui no sul do Brasil, e detesto frio.  Então, fomos na entrada do verão europeu.
Partimos de São Paulo numa tarde chuvosa, passamos por um túnel que ligou o aeroporto ao avião, e, por muito tempo, só tive a certeza de que viajei mesmo por ter chegado lá, pois não senti e não vi a saída do avião.
Se alguém recordar meu outro post, em que comento a primeira viagem de avião, deve lembrar do meu pânico, agora estendido por 12 horas.  Nem recordar que ficaria 12 horas sobre o Oceano Atlântico; nem pensar na eventualidade do avião cair e sermos devorados por peixes enormes, fora o pânico de morrer afogada.  Adotei vários subterfúgios para expelir para longe de minha mente tais pensamentos: levei 2 livros com mais de 500 páginas; assisti o filme disponibilizado pela antiga Varig, que ainda atuava; escutei música nos fones de ouvido, olhei as revistas de bordo, além de, é claro, ter tomado um calmantezinho antes de partir, o que me permitiu cochilar alguns minutos. Além , é óbvio, de me alimentar com as delícias que ainda serviam naquele tempo.  Como não tenho viajado de avião, mas leio sobre, parece-me que reduziram a alimentação a lanchinhos prosaicos.  Novos tempos.
Sempre tive dificuldades, nas aulas de geografia ginasial, de entender o fuso horário, os meridianos, etc; então, saímos às 16 horas de São Paulo, e chegamos às 7 da manhã em Roma, horário local.
Para começar, as pessoas que deveriam estar nos esperando, com aquelas plaquinhas com nossos nomes, lá não se encontravam.  Segurei meu pânico, só olhei para meu marido: cadê o povo?  Pagamos um pacote e nos abandonam num aeroporto internacional, sem saber falar italiano - meu marido fala um italiano castiço, um dialeto do norte da Itália trazido pela família do nonno no século XIX. E agora?



Fontana di Trevi,  Roma, que visitamos nos primeiros dias. Foto da autora, proibida reprodução.






domingo, 23 de março de 2014

E o outono vem chegando, de mansinho...

Ficheiro:Vermont fall foliage hogback mountain.JPG
Outono. Foto da  Wikipédia.


     E o outono vem chegando de mansinho, como cabe a uma meia-estação chegar.  Meia-estação nós costumamos nominar em virtude de não ser mais tão quente, e ainda não ser tão frio; a diferença da outra meia-estação, a primavera, é que não tem a robusteza daquele verde, nem o perfume nas flores e árvores, que deixam a cidade com cara de mel, pois enche de abelhas.
Amo o verão; prefiro suar litros a tiritar de frio, no inverno. E a gente não precisa se encasacar tanto.  Porém o outono e a primavera são as "melhores" estações, pois não estão nos extremos. Mas cada uma tem suas vantagens e desvantagens, como qualquer coisa na vida.

     Voltando às leituras, fiz um comentário muito superficial, no outro post, sobre a trilogia "Cinza".  Na realidade, apesar de ser bem escrito, de manter o fio condutor do texto do começo ao fim, e manter a curiosidade do leitor até o final - o que são poucos escritores que conseguem fazer - concluí ser um trio de livros muito machistas, o personagem principal um devasso que, por ser poderoso financeiramente, pensa dominar todas as pessoas que encontra pela frente; principalmente as mulheres, que se transformam em suas escravas.  Com a desculpa de ser imensamente rico, comete as maiores insanidades em todos os sentidos, e muitos leitores acharam a série maravilhosa, pois no final ele se redime, casa com a personagem principal e tem filhos.  Pensando bem, é uma história repugnante.

    No último mês ganhei de aniversário do meu irmão, o livro Perdas & Ganhos de Lya Luft.  Não é nenhum segredo que admiro muito esta nossa escritora gaúcha; se não li todos os livros dela, li a maioria. 
Perdas e ganhos é um livro baseado em um trabalho que Lya fez com algumas mulheres - e alguns homens, posteriormente- visando fazer um balanço das perdas e ganhos que podemos ter na vida.  Discutiram em várias reuniões sobre os assuntos pertinentes, que podem gerar perdas ou ganhos na vida das pessoas.  É um livro bastante interessante, com várias colocações, comentários, reflexões, decisões; principalmente enfocando as desculpas que as pessoas inventam durante suas vidas, para não terem um pouco de calma, paz, felicidade, tranquilidade. Pra não curtirem o amor que têm. E que muito disto, as pessoas vão encontrando à medida que adquirem maturidade, vão ficando mais lúcidas e vendo que, muitas vezes, corremos atrás do vento forte, quando a brisa suave está passando pela nossa janela e não percebemos. E um pensamento original, colocado no início do livro, vale a pena ser transcrito:
"Desde a idade de seis anos eu tinha mania de desenhar a forma dos objetos. Por volta dos cinqüenta havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo o que produzi antes dos sessenta não deve ser levado em conta.  Aos setenta e três compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira natureza, as plantas, as árvores, os pássaros, os peixes e os insetos.  Em conseqüência, aos oitenta terei feito ainda mais progresso.  Aos noventa penetrarei no mistério das coisas; aos cem, terei decididamente chegado a um grau de maravilhamento - e quando eu tiver cento e dez anos, para mim, seja um ponto ou uma linha, tudo será vivo". (Katsuhika Hokusai, sécs. 18-19)

Lya Luft. Perdas e Ganhos. 36ª ed. RJ, Record, 2012.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Retornando aos poucos

A vida

Muitas coisas aconteceram desde a última postagem.
Mas não farei o relato, ficaria por demais cansativo; como diria um autor da década de 70, Roberto Athayde, que escreveu "Apareceu a margarida", peça de teatro que também foi publicada, são os 'fatos da vida'. Mas eu não sou tal qual era esta professora, que defendia a ditadura militar.  Só me ficou na cabeça a tal frase.
Apenas dois, para pessoas importantes do meu relacionamento: minha mãe fez uma cirurgia no cérebro, e está bem.  Minha sogra faleceu em dezembro.

As férias

Todos os anos para nós, brasileiros/latinoamericanos, o verão é de dezembro a março; então aproveitamos, já que moramos em um quadrante do Brasil que não tem mar, e é quente demais, para ir à praia.
Este ano voltamos a Bombinhas, na cidade de Bombas/SC, o quintal dos gaúchos...

Foto do meu filho, a caminho do mar.

Bombinhas

O suco da minha filha, morango com leite, uma delícia!

Praia lotada, calorzão, aguinha morna, uma delícia!

Vista do céu e mar. Fotos da autora, proibida a reprodução sem autorização.


A estadia esteve ótima, só no último dia, já em viagem de retorno, ao pararmos para almoçar no RESTAURANTE E PIZZARIA RODEIO, em Bombinhas, tivemos nosso carro ARROMBADO, de onde furtaram meu notebook.  Então, aconselho quem for para aquelas paragens, tomar todo o cuidado possível, de preferência não levar celular, máquina fotográfica e outros apetrechos eletrônicos, que a bandidagem está de plantão.

Retorno à rotina

E vamos levando a vida, para que ela não nos leve, conforme música brasileira de conhecimento popular.

Leituras

Neste ínterim, entre o último post e este, li muitos livros; além dos jurídicos, que fazem parte do dia-a-dia (ainda escrevo da forma antiga, vai ser difícil mudar)  li muitos livros.  Não vou resumi-los, só mencioná-los, para não ficar cansativa:

1. Lya Luft: O tigre na sombra; excelente como tudo que a Lya escreve.
2. Carlos Ruiz Zafón: O príncipe da Névoa. Excelente.  Vou procurar outro dele, que se chama a Sombra do Vento.
3. José Saramago: Don Giovanni ou o dissoluto absolvido.  A cara do Saramago.
4. Luis Fernando Veríssimo: Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos. Pareceu-me que achou novamente a boa veia de escrever, excelente e divertido.
5. Khaled Hosseini: O silêncio das Montanhas. Maravilhoso, tão bom ou melhor que O caçador de pipas, que já comentei.
6. Laurentino Gomes: 1889.  Continuando a saga da História brasileira, excelente livro, linguagem acessível, informações precisas.  Sou fã deste escritor, e já tive oportunidade de conversar com ele pessoalmente. Vale a pena.
7. Li a trilogia dos 50 tons de cinza, de E.L. James. Achei muito interessante.  

Li ainda outros, que não recordo no momento. Por ser meu único vício, e um dos meus maiores prazeres, relato com alegria.  E ajudo, gratuitamente, a levantar a média de livros lidos pelos brasileiros.
Até mais.