terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Encantamentos

Festas e férias 


 As festividades de fim de ano já passaram há dois meses, aqui no hemisfério sul.
Já curtimos o Natal com nossa família, já passamos a virada do ano com minha mãe. Ela ficou muito feliz quando, à meia noite, acordâmo-la para o brinde, pois com sua idade, já ceia mais cedo e deita mais cedo.
Já tiramos nossas três semanas de férias.  Eu estava com receio, pois no ano passado minha mãe passou mal, e tivemos que retornar antes. Desta vez, não. Passamos dias memoráveis brincando com nossos netinhos na casa de meu filho e minha nora.  Foram dias de extrema alegria, contentamento, encantamentos.
Logo após partimos para outros dias agradabilíssimos em casa de minha tia mais nova e sua família, em uma praia do sul do Brasil. Dias radiantes de sol, de camaradagem, de amizade, de conversas, risos e gargalhadas. Tudo o que faz bem para a vida. Agradeço a Deus e às pessoas queridas por nos proporcionarem estas coisas benditas. Inclusive meu esposo, que está adoentado, ficou mais corado e alegre.

Leituras



 Antes do Natal, curiosa pelo conteúdo de um livro que havia comprado há tempos, e estava em minha mesa de cabeceira aguardando, pacientemente, sua vez, li "Um conto de Natal", de Charles Dickens. Fiquei fascinada por este escritor inglês que nasceu em 1812, e cujo livro publicou em 1843; a edição que tenho em mãos é de 2014 pela L&PM Pocket.
Narra a história de um senhor, o velho Scrooge, um homem de negócios solteirão, que vivia sozinho na Londres daquela época. Mão fechada, sempre carrancudo, nem sempre honesto; antes do Natal, recebe a visita do fantasma de seu ex-sócio Marley, que o leva voando por vários locais, para conhecer as mais cruas e dolorosas realidades, o que o transforma.  Mas vale a pena ler, não ficar com minhas impressões.  

Também fez parte do meu cardápio de paixão,  Balzac, que continuo lendo, firme em meu propósito de aprendizado. Desta vez, outra parte da Comédia Humana, "O Pai Goriot". Este escritor francês, como já comentei alhures, nasceu em 1799; publicou este livro em 1835, sendo que o volume que tenho é de 2011, também publicado pela L&PM Pocket. 
O velho Goriot foi rico em uma época em que as famílias valiam pelo dote que tinham para dar às filhas; naquela época, na França, existiam os condes, condessas, duques, etc; e ser rico era mais vantagem do que ter um título de nobreza, às vezes.  Porém, ele vivia numa pobre pensão. Lá ninguém sabia que ele era rico e tinha duas filhas que casaram com nobres.  Elas o escondiam de seus maridos, e gastaram a fortuna do velho em luxos e festas.  Interessante os romances que permeiam a história, as diversas personagens, assim como o final, bastante inesperado. Vale a pena a leitura.

Já em janeiro, outro livro adquirido na feirinha do livro de minha cidade encheu meus olhos da sabedoria de Eça de Queirós, em "A cidade e as serras".  Creio que ainda não comentei Eça (na minha adolescência eu achava que era uma mulher; depois fui descobrir que seu nome é José Maria Eça de Queirós); que nasceu em 1845 em Póvoa do Varzim, fez seus primeiros estudos em Porto, e formou-se em Direito (colega) em Coimbra, Portugal. Este livro foi publicado originalmente postumamente - ele faleceu em 1900.
Admiro a forma de escrita elegante, culta, brilhante do Eça; fico entusiasmada com seu estilo, seu vocabulário, seus conhecimentos, que nos fazem sempre aprender mais.  Neste romance, narra a história de Jacinto,  um homem da civilização, da cultura, do conhecimento, da engenharia e arte; português que vivia em Paris, enfastiava-se com tanta tecnologia - tinha em sua casa telégrafo, telefone, elevador particular e outras tecnologias novas para aquela época, assim como enfastiava-se também com as festas, a nobreza, as fofocas sociais, as mentiras e a forma de vida dos parisienses em geral, e de seus amigos, bem como dele próprio.  Revê um amigo, e ambos vão visitar o casarão da família em Portugal, que estava em reforma e recebera de herança.  Desde então, desenrola-se um excelente romance, que vale a leitura.


E, voltando aos nossos dias brasileiros, de angústias, incertezas políticas, econômicas e sociais, fiquei sabendo um pouco mais sobre um juiz brasileiro por quem tenho muita admiração pela técnica, transparência, lucidez e honra com que usa sua toga, julgando processos contra poderosos que estão sendo bem investigados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, e que tem dado um pouco de alegria ao povo brasileiro, em meio a tanta corrupção.
Luiz Scarpino, Advogado, escreveu "Sérgio Moro - O homem, o juiz e o Brasil"; Editora Novo Conceito, 2016, 208 páginas. 
Neste livro, o autor conta a vida do Juiz, Dr.  Sérgio Moro; a forma como trabalha; comenta os processos em que já houve sentença e os que estão em andamento. Compara com o processo "Mãos limpas" da Itália. fala de sua formação profissional, seus estudos, suas especializações, traça o perfil completo.  Muitas pessoas o criticam, assim como criticam outras pessoas, sem ter conhecimento.  Fazem o que Moro não faz: pré-julgamento.  Excelente para  quem se interessa pelo direito, justiça, combate à corrupção, entre outros assuntos.
Importante frisar que os processos no Brasil são públicos, por isto a possibilidade de qualquer pessoa a eles ter acesso, ler e comentar. Apenas alguns têm segredo de justiça, e a Lei estabelece quais são e em quais circunstâncias isto ocorre.  Entretanto, tudo o que for de interesse público, não possui segredo de justiça.