segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O DIREITO À EDUCAÇÃO - UM MANDAMENTO CONSTITUCIONAL - PARTE. IV


Continuando a publicação parcelada do meu TCC, se alguém se interessar pelo assunto, aí está: 
Evidencio que as citações estão ficando fora de esquadro, pois a cada recorte, tá começando de novo.  Infelizmente, como não sou 'expert' em informática, isto está ocorrendo e não sei como resolver...é triste ser ignorante em alguma coisa....


"1.3. Movimentos educacionais
            Como resultado da IV Conferência, surgiu o “Manifesto dos Pioneiros”, um longo documento dedicado ao Governo e à Nação, que defendia a escola pública obrigatória, laica e gratuita e pelos princípios pedagógicos renovados inspirados em novas teorias.
            O governo achava interessante o raciocínio dos “profissionais da educação”.  Para ele  a “questão social” havia se agravado devido à migração interna e ao inchamento das cidades.   Portanto, uma dimensão justa era  fixar o homem no campo, e para isso era interessante o discurso que enfatizava a criação de escolas técnicas.  No campo deveriam ficar as escolas técnicas rurais, nas cidades estariam os estabelecimentos profissionalizantes ao nível industrial e comercial.  Fixar o homem ao campo com escolas, acalmar o desespero do trabalhador urbano com escolas!  Mas não com qualquer escola, e sim escolas embasadas nos novos métodos e que fornecessem uma profissão ao filho do trabalhador. 
            Consta que
“as Constituições anteriores à de 1934 – a de 1824 e a de 1891 – foram omissas e superficiais em relação à educação.  A de 1934, ao contrário, incumbiu a União de “fixar o Plano Nacional de Educação,  do ensino de todos
os graus e ramos, comuns e especializados, e coordenar e fiscalizar a sua execução em todo o território nacional.  Colocou a Carta Magna que o ensino primário deveria ser obrigatório e totalmente gratuito.  Além disso, instituiu a tendência à gratuidade para o ensino secundário e superior.  A Constituição ainda tornou obrigatório o concurso público para o provimento de cargos no magistério, determinou como incumbência do Estado a fiscalização e a regulamentação das instituições de ensino público e particular, determinou dotações orçamentárias para o ensino nas zonas rurais e, finalmente, fixou que a União deveria reservar no mínimo 10% do orçamento anual para a educação, e os Estados, 20%.”   Foi neste período que “a família foi reconhecida em seu papel educativo.” [1]
            Foi nesta época que, segundo o autor,  surgiu o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – A reconstrução educacional no Brasil – ao povo e ao governo”, assinado por intelectuais da educação à época.
            No pensamento dos manifestantes, a educação brasileira era algo
 “(...) sem unidade de plano e sem espírito de continuidade, não lograram ainda crear(sic) um systema (sic) de organização escolar, á (sic) altura das necessidades modernas e das necessidades do paiz. (sic).  Tudo fragmentario (sic) e desarticulado”. “(...) falta, em quasi (sic) todos os planos e iniciativas, da determinação dos fins da educação (aspecto philosofico (sic) e social) e da applicação (sic) (aspecto technico (sic)) dos methodos scientificos (sic) aos problemas da educação.” [2]

            O manifesto segue nesta linha de ponderações, chegando às seguintes conclusões: a questão primordial das finalidades da educação gira em torno de uma concepção de vida; de um ideal ao qual devem conformar-se os educandos; pode ser considerado por uns abstrato e absoluto, por outros concreto e relativo, variável no tempo e no espaço.  Porém olhando para o passado da evolução da educação pelas diferentes civilizações, tem-se que o conteúdo real desse ideal variou sempre de acordo com a estrutura e as tendências sociais da época,  extraindo a sua vitalidade da própria natureza da realidade social.
            Sobre o ensino Universitário, ainda de acordo com o autor, o manifesto exprime que a educação superior deve ser inteiramente gratuita;  tender à formação profissional e técnica no seu máximo desenvolvimento e à formação de pesquisadores em todos os ramos de conhecimentos humanos;  desempenhar a tríplice função de elaboradora ou criadora de ciência (investigação), docente (ciência feita) ou popularizadora através de extensões universitárias.[3]
            Sobre as formas como resolver os problemas da educação, assim se exprime: “se os problemas da educação devem ser resolvidos de maneira científica, e se a ciência não tem pátria, nem varia, nos seus princípios, com os climas e as latitudes, a obra da educação deve ter, em toda a parte, uma “unidade fundamental”, com um caráter universal.”  
            Finalmente, conclui: “(...) as únicas revoluções fecundas são as que se fazem ou se consideram pela educação, e é só pela educação que a doutrina democrática, utilizada como um princípio de desagregação moral e de indisciplina, poderá transformar-se numa fonte de esforço moral, de energia criadora, de solidariedade social e de espírito de cooperação.”[4]
            Propõem os manifestantes, então, uma Revolução pela Educação, e que o ensino e a aprendizagem tenham um cunho universal, pois os objetivos e os fins da educação são o ser humano integral, que o é assim em qualquer país.
            Na década de 30  foram criadas as Leis Orgânicas da Educação; e  se concretizou a “Reforma Capanema”, de cunho elitista e conservadora.  Também ocorreu a criação do  Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos  INEP; o  Instituto Nacional do Livro INL ; o Serviço Nacional da Indústria –SENAI; o Serviço Nacional do Comércio - SENAC, a  Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, a institucionalização dos Sindicatos atrelados ao Estado, entre outros.
            Estas Leis Orgânicas do Ensino criaram “(...) a organização de um sistema de ensino bifurcado, com um ensino secundário público destinado às “elites condutoras” e um ensino profissionalizante para as classes populares.[5]
            Alguns partidos políticos também se preocupavam com os entraves educacionais dos brasileiros, e se envolviam com a realização de cursos de alfabetização de adultos e crianças e de cursos técnicos populares gratuitos."


[1] Ghiraldelli, op. cit. p. 45.
[2] Ghiraldelli, op.cit. p.54 e segs.
[3] Ghiraldelli, op.cit. p.71 e segs.
[4] Ghiraldelli, op. cit. p. 77.
[5] Op. cit. p.84, 107, 112, 114