quarta-feira, 1 de julho de 2015

Educação, filosofia, cursos universitários, esquerda, direita, conservador.






Introdução.

Chega um momento da vida da gente em que não é possível se omitir.  A pessoa simples, do povo, pode passar sua vida sem conhecer a literatura brasileira ou mundial; sem conhecer os clássicos, sem ter alta cultura e viver bem.  Suas convicções são poucas, simples e definidas.  Não há interrogações, dúvidas, angústias, ansiedades que só quem lê, procura a Verdade, o que é bom para si e, consequentemente, creia ser bom para toda a humanidade, tem.
Como já dito em outro post, lá no comecinho deste blog, quando criança eu queria ler todos os livros do mundo.  Minha necessidade de conhecimento era tamanha, que minha ingenuidade infantil me permitia este pensamento.
Quando fui para o primeiro ano escolar, alfabetizada em dois meses, começou a minha alegria e, paradoxalmente, a minha angústia.
Como não tinha quem orientasse minhas leituras, fui lendo a esmo.  Ao ler todos os livros da biblioteca da escola em pouco tempo (e não eram muitos, diga-se de passagem), fui conduzida - maravilha das maravilhas - à biblioteca pública municipal pelas mãos do meu pai. Lá, havia uns dois ou três armários, com a "biblioteca para as moças", os quais fui lendo, um a um, até chegar seu final.  Aí comecei a saber, paralelamente aos estudos escolares, que existia uma literatura em outros países.  Conheci alguns escritores ingleses, franceses, alemães, americanos, e assim por diante.
Quando frequentava o ensino técnico (depois segundo grau, hoje ensino médio brasileiro), à medida que nosso professor ia comentando sobre a formação da literatura brasileira - que ia cair no vestibular -, fui lendo-os, concomitantemente às aulas. Nesta época conheci Jorge Amado, Érico Veríssimo, os demais famosos das diversas escolas literárias brasileiras, desde o barroco até o modernismo, 1922.  Tanto que, um dia, em uma aula de história, enquanto o professor falava na frente, eu tinha um livro embaixo da classe;  me empurrava um pouco para trás, e lia; o professor veio, repentinamente, e me perguntou sobre o que ele estava falando.  Claro que eu não soube explicar, e ele mandou-me guardar o livro, para ler depois.  Até hoje tenho dificuldades em história e algumas outras áreas do conhecimento, em virtude deste "vício".
Ao cursar a primeira faculdade, Curso de Letras, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí, que depois passou a chamar-se FIDENE, e hoje é UNIJUÍ, ocorreu algo que afetou minha vida de leitora para sempre. Descubro-o agora, em 2015.
No primeiro semestre do curso tivemos aquelas disciplinas generalistas, que tem em qualquer curso: filosofia, sociologia, antropologia, pesquisa bibliográfica e, como era nos anos 70, se não me engano, organização social e política do Brasil. 1973.
No primeiro dia de aula de filosofia, professor Dinarte Belatto, o Dino (um hippie que se vestia de bata, pantalonas, sandálias, bolsa a tiracolo, cabelão, barba e óculos escuros), fez um risco bem no meio do quadro e nos disse:
- À esquerda deste traço, está tudo o que vocês leram, estudaram, ouviram de seus pais, dos padres, dos pastores, das pessoas da comunidade. Passem uma borracha encima e esqueçam.  Seu pensamento agora está limpo, livre para aprender o que realmente interessa e vale, o saber científico. 
O primeiro autor de quem falou foi Antonio Gramsci. Vieram depois Lenin, Marx, Engel, Trotski, Vigotski, Pavlov, Freud, etc, etc, etc.
Segundo este professor, deveríamos esquecer a religião, a família, os valores sociais e morais que tínhamos ouvido falar até ali.  O que valia, a VERDADE era o que ele pregava em sala de aula.
E não foi só em filosofia: todas as disciplinas seguiam as cartilhas da esquerda comunista mundial.
Como sobreviver?  Como não ser reprovada nas disciplinas, se não tivesse assimilado, introjetado todos os ensinamentos? 
Mas o camaleão muda de cor conforme as necessidades. No Brasil das ditaduras - a militar e a comunista, dentro da faculdade- ou você dá os seus pulinhos, ou não sobrevive.
Meus professores da época da ditadura militar, e início da ditadura de esquerda, me ensinaram a dançar conforme a música, a escrever a resposta que o professor queria ler, a responder conforme o texto.  Ou eu não seria uma professora de português e literatura brasileira.
Não deixei de frequentar minha religião e ter minha fé.  Não coloquei de lado, pessoalmente, os valores que minha família me ensinou.  Balancei quanto a posições políticas, sim.  Nosso país, infelizmente, tem muitas incongruências, e muitas dúvidas ficam em nossa cabeça. Vacilei entre a direita - que meu pai e minha mãe sempre defenderam - e a esquerda, induzida e tentativa de fazer "lavagem cerebral" pelos professores.  Um dia uma amiga esquerdista me posicionou: vocês está encima do muro, é do psdb.  Não sou, o psdb é a esquerda mansa, e o pt é a esquerda revolucionária e raivosa xiita.  No Brasil que tirou a ditadura militar do poder, e uma possível direita, não existe oposição política.  Quem for conservador, não tem onde segurar-se. E eu não tenho nenhuma obrigação de ser filiada, aficcionada ou adepta de qualquer partido político.

Por que digo isto.

Acabei de ler um livro que mexeu com meu orgulho de devoradora de livros.  Mexeu com meus brios.
Descobri - e ainda falta comprovar se é verdade, terei que aprofundar minhas leituras, não acredito em amor à primeira vista - que a esquerda raivosa xiita que prevalece EM TODAS AS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS, a INTELIGENTZIA, a nata da nata da intelectualidade brasileira, sempre omitiu dos alunos a alusão a autores que não rezassem pelas suas cartilhas.  Não deram aos seus alunos o poder se decidir para que lado ir, ter o livre arbítrio, mesclar suas vidas, seus anseios, seu meio social, sua cultura, religião e valores com o conhecimento de outros autores que não os da esquerda mundial.  É como se não existissem.  Quando não se sabe de sua existência, não se lê, e, tendo só um lado dos fatos da vida, da história, da cultura e do conhecimento, não se pode decidir com tranquilidade, razão e consciência de que lado eu quero ficar.  Só existe um lado.
Conheci, agora pela mão do meu filho, jornalista por formação, um autor, um pensador de direita, um conservador, que - pasmem! - existe e escreve há muitos anos.  Era professor universitário.  Mas a grande mídia, as editoras, as universidades, nunca mencionaram seu nome.  Tenho 60 anos, fiz três graduações e um curso de pós-graduação, em duas faculdades diferentes, uma do Rio Grande do Sul, e outra do Paraná, e NUNCA, nenhum professor mencionou seu nome.

OLAVO DE CARVALHO, ex-esquerdista que acordou e viu que a coisa não vai bem quando existe só um lado da moeda, está abrindo meus olhos.  E um pouco do que escrevi, CORAJOSAMENTE, acima, e no título deste post, embora já tenha percebido anteriormente  muito do que ele diz, mas não tenha encontrado eco, foi através do seu livro "o mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", Editora Record (parabéns pela ousadia!), 2014, 613 páginas. Páginas esta que li em menos de um mês (demorei muito? leio com calma, sublinhando, e tenho outras atividades).
Só para ter uma idéia, um excerto sobre o que ele fala a respeito do conhecimento,  da busca da verdade, do povo brasileiro, da (in)cultura brasileira:
"Desejo de conhecer. (p.37):
"É natural no ser humano o desejo de conhecer." Quando li pela primeira vez esta sentença inicial da Metafísica de Aristóteles, mais de quarenta anos atrás, ela me pareceu um grosso exagero.  Afinal, por toda parte onde olhasse - na escola, em família, nas ruas, em clubes ou igrejas - eu me via cercado de pessoas que não queriam conhecer coisíssima alguma, que estavam perfeitamente satisfeitas com suas idéias toscas sobre todos os assuntos, e que julgavam um acinte a mera sugestão de que se soubessem um pouco mais a respeito suas opiniões seriam melhores.
Precisei viajar um bocado pelo mundo para me dar conta de que Aristóteles se referia à natureza humana em geral e não à cabeça dos brasileiros.  De fato, o traço mais conspícuo da mente dos nossos compatriotas era o desprezo soberano pelo conhecimento, acompanhado de um neurótico temor reverencial aos seus símbolos exteriores: diplomas, cargos, espaço na mídia.(...) Até mesmo professores universitários, uma raça que no Brasil é imune a tentações cognitivas, mostravam querer aprender alguma coisa.
Aristóteles tinha razão: o desejo de conhecer é inato.  O Brasil é que havia falhado em desenvolver nos seus filhos a consciência da natureza humana, preferindo substituí-la por um arremedo grotesco de sabedoria infusa."
"O poder de conhecer. (p.38 e seguintes):
"Experimentai de tudo, e ficai com o que é bom", aconselha o apóstolo. (...) "Veritas filia temporis", dizia São Tomás de Aquino: a verdade é filha do tempo. (...) O aprendizado é impossível sem o direito de errar e sem uma longa tolerância para com o estado de dúvida. (...) Infelizmente, a classe intelectual está repleta de indivíduos que não conhecem, da inteligência, senão seu aparato de meios - a lógica, a memória, os sentimentos (...) mas não têm a menor idéia do que seja a inteligência enquanto tal, a inteligência enquanto poder de conhecer o real."
"Somente aquele que é senhor de si é livre (...)"
"Nossa ciência social, atada com cabresto marxista e cega às realidades psicológicas mais óbvias da nossa vida diária, jamais se deu conta da imensa tragédia vocacional brasileira, que condena milhões de pessoas a viver como animaizinhos, entre a dor inevitável e o prazer impossível."
"Com relação ao segundo ponto, isto é, à situação atual da cultura brasileira, o que é preciso enfatizar é o seguinte:
1) Em quinhentos anos de existência, a cultura deste país não deu ao mundo um único registro de experiência cognitiva originária. (...) Toda nossa "produção cultural" consiste apenas de prolongamentos e ecos de registros absorvidos de culturas estrangeiras. (...) toda a história da nossa cultura é a do eco de um eco, da sombra de uma sombra. Todos sabemos disso e temos vergonha disso. (...)
3) Considerando-se nossos cinco séculos de história, a extensão física e o volume populacional deste país, a nulidade da nossa contribuição espiritual chega a ser um fenômeno espantoso, sem paralelo na história do mundo."
"Língua, religião e alta cultura são os únicos componentes de uma nação que podem sobreviver quando ela chega ao término da sua duração histórica."
"A origem da burrice nacional. (p.67 e seguintes):
"Repetidamente um fenômeno tem chamado a atenção de professores estrangeiros que vêm lecionar no Brasil: por que nossas crianças estão entre as mais inteligentes do mundo e nossos universitários entre os mais burros?  Como é possível que um ser humano dotado se transforme, decorridos quinze anos, num oligofrênico incapaz de montar uma frase com sujeito e verbo?"

Voltarei a comentar o livro.  Ele é extenso, profundo, provocativo, esclarecedor, insinuante.  Falarei do genocídio cultural.  Me aguardem.
Meu irmão, duvido que tenhas coragem de lê-lo, embora me tenhas pedido emprestado.  Também duvido que minha prima e minha afilhada tenham coragem de fazê-lo.  É muito perigoso.