quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Alma desnuda

 A alma está desnuda

Alma de poeta

Algumas palavras agudas

Caluda!


Sentimentos

Pensamentos

Sensações

que se expõem.




29/12/2022

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Pandemia, leituras...


                            

 Muito pouco anotei sobre os livros que li antes, durante e depois da pandemia.  Há quem diga que ela ainda não terminou.

Entretanto, já estamos mais calmos, após 4 doses de vacina, que foram disponibilizadas pelo Governo Federal brasileiro.

Tenho notícias de que na Alemanha a grande maioria das pessoas não fez nenhuma dose de vacina.  Não que o governo não tivesse disponibilizado; as pessoas que não quiseram correr o risco de vacinar-se com produtos experimentais.  Li a mesma coisa a respeito do Japão, país que nem tinha começado a vacinação quando já estávamos fazendo a segunda ou terceira dose.  Conclusão: fomos as cobaias do mundo.  E os "cumpanhero" que fizeram campanha para a eleição do Presidente da República que irá nos governar a partir de 2023, condenaram severamente e fizeram muitas críticas ao atual Presidente da República por ter demorado a fornecer vacinas para os brasileiros, em um tempo em que nem cientistas, pesquisadores e médicos sabiam o que fazer com o coronavírus.

Mas não é disto que quero falar ou escrever.

Vou anotar para não esquecer que já li os livros a seguir, os quais também podem servir de sugestão para quem ama a leitura como eu.  Aos livros, pois.

1.Tancredo Neves, o príncipe civil, de Plínio Fraga, 647p.

    Este livro li bem no começo da pandemia.  Lá por março/abril/maio de 2020. 

    "O Tancredo é político capaz de tirar as meias sem tirar os sapatos", comentário de José Bonifácio, opositor político de Tancredo.

    Sagaz, maneiro, inteligente, um dos melhores políticos brasileiros, sua história é narrada desde o nascimento, os estudos, o casamento, a família, e o seu envolvimento com a política, desde os tempos de Getúlio Vargas até sua morte, em 1985.  Livro magistral que deve fazer parte de sua mesa de cabeceira com o objetivo de entender um pouco mais a nossa História.

2.A Peste, de Albert Camus, 287p.

    Já tinha lido este livro na década de 80, quando lecionava na Escola Poncho Verde, de Panambi.

    O assunto é semelhante à pandemia pela qual nós passamos, e mostra a realidade de tempos soturnos que acabam transformando o comportamento das pessoas diante do desconhecido, como uma peste que surge e vai matando pessoas. É um livro dolorido, como foi a pandemia da Covid-19 para todos nós.  Excelente leitura.

3. Ensaios íntimos e imperfeitos, de Luiz Antonio de Assis Brasil, 130p.

    Neste livro o autor faz várias reflexões sobre a vida e a humanidade, trazendo "perplexidades", os paradoxos, e a multiplicidade da natureza dos homens e mulheres.  Vale a pena a leitura.

4.O marido complacente, do Marquês de Sade, 201p.

    Comprei este livro em maio deste ano, para ler enquanto aguardávamos o nascimento do meu neto.

    Várias historietas e contos deste escritor.

    No prefácio, o tradutor, Paulo Hecker Filho,  já faz o "Convite ao prazer".  E diz: "Nenhum outro escritor foi tão indomável nem tão condenado quanto o Marquês de Sade.

    Como muitos, ele só pensa em sexo, e um sexo, o seu, bem antissocial, a usar, discricionariamente, os parceiros, anulando-os como individualidades (...)"

    Excelente leitura para quem quer conhecer esse famoso escritor francês nascido em Paris em 1740.  Leitura imperdível.

5. Paixão Índia, de Javier Moro, 389p.

    Ganhei este livro de minha amiga e comadre, leitora inveterada, como eu. Presente fantástico!

    Este maravilhoso romance do escritor espanhol narra a história verídica, romanceada, de uma bailarina espanhola que conhece um marajá indiano; ele veio a apaixonar-se por ela, e a levou para casar e viver um romance maravilhoso, até ela descobrir que, em determinado momento, passaria a fazer parte do harém.  História incrível que nos mostra a cultura indiana e a luta de uma mulher pela liberdade. 

6/9. Velhos textos presentes; Eu era assim; Fios invisíveis; Enfim juntos, de Ildo Carbonera, diversas datas.

    Ildo Carbonera, escritor gaúcho natural de Sananduva/RS, foi Professor de Literatura e Teoria Literária, na Unioeste/Foz do Iguaçu/PR e é Mestre e Doutor em Literatura pela UFRGS.  Antes disso, foi meu colega na Escola Estadual Poncho Verde, de Panambi/RS, em aulas de Língua Portuguesa e Literatura para alunos do Ensino Fundamental e Médio.

 Em belas crônicas e inspirados poemas, o autor delineia sua contemporaneidade, seu olhar aguçado e profundo sobre a vida; sobre nós, os seres humanos, o trabalho, a política, a politicalha e o comportamento comezinho de algumas pessoas em instituições públicas, dentre outros assuntos.  Assim como seu olhar, penetrante  e agudo, intimidador, quando visto pessoalmente, são seus textos um corte profundo  na literatura e na vida.  Magníficos!

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

ANTES QUE O ANO SE ESVAIA


 


           Este ano foi um ano de redenção para mim.

        Aos poucos estou retomando minha vida, um eixo se delineia, o coração anda calmo, inclusive as palpitações que tinham se iniciado na pandemia, estão rareando.  Estão acontecendo alguns encaixes.  Como dizia um repórter televisivo, vida que segue.

        Para coroar e encerrar com chave de outo, este ano participei de alguns concursos literários, e o Círculo de Escritores de Ijuí, Letra fora da gaveta, voltou a publicar seu livro, a Coletânea

 

ALÉM DAS PALAVRAS

 

        Neste livro os autores que compõem o Círculo deixaram suas impressões, seu testemunho, suas observações e seus sentimentos.

        Colaborei nesta publicação cooperativa, com o conto “Lampião de querosene”; a crônica “Enchentes” e a poesia “Humana natureza”.

        Vale a pena a leitura pela qualidade e beleza dos textos, e o  esforço dos escritores independentes: Artigos, Contos, Crônicas e Poemas, projeto gráfico muito bem feito.

               

        Concomitantemente, sou acadêmica correspondente da Academia Literária Internacional “A palavra do século 21”- ALPAS-21, de Cruz Alta/RS, e minha patrona é Lya Luft, grande escritora gaúcha.

        Este ano a Academia extrapolou, publicando vários livros. Participei de dois deles, igualmente de forma cooperativa, os quais são:

 



100 ANOS DE CULTURA NO BRASIL

        Com prefácio da Presidente, Rozelia Scheifler Rasia, este livro relembra o movimento de 1922 na Literatura Brasileira e valoriza escritores componentes na ALPAS-21 neste momento histórico.

        Os autores são identificados através de sua bio-bibliografia, e cada um publicou os textos que achou adequados.

        Participei com as minhas informações e a crônica ”O primeiro amor”.

       

        O terceiro livro do qual participei este ano também é uma publicação da ALPAS-21, Coletânea Internacional

 


INFINITO OLHAR

        Nela os autores imprimem suas impressões, suas pesquisas, seu olhar ao infinito, através de  Poesias, Contos e Crônicas, resultando numa obra magnífica de alto gabarito.

        Minha parte constou da poesia “Um novo eixo”; e o conto “A casa verde”.

        Certeza de ótimas leituras e grande satisfação, edição primorosa, capricho dos escritores e acadêmicos.

        Quem quiser adquirir exemplares, contatar os autores (que não objetivam lucro, apenas divulgar sua escritura e recuperar o investimento).

        Ao participar do 37º Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas, da ALPAS-21,  após análise e cotejo rigorosos da comissão organizadora e de avaliação, recebi o Certificado de Destaque Literário em Poesia com o poema “O livro me salvou”;  igualmente recebi o Destaque Literário em Crônica com  “A fuga da Rotina”.  Ambos serão publicados no próximo ano.  Meus queridos leitores terão que aguardar a chegada de 2023 para usufruir da leitura de ambos. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

NATAL

 

                               

 

        As primeiras lembranças que tenho do Natal são da casa de meus avós maternos.

        Morávamos em Santo Ângelo e viemos passar o fim de ano com eles. Eu  devia ter uns quatro anos, alguns de meus tios ainda eram solteiros.  A mais nova ainda era criança, pois é seis anos mais velha que eu.  Ela tinha uma boneca que andava, virando a cabeça, e dizia: mamãe.  Era a Marta. Ela não me deixava brincar com a Marta...

        Minha madrinha deu-me de presente uma bonequinha de louça, linda, de olhos azuis e cabelos castanhos. Na caixa estava escrito “Tiquinha”, pois era pequenina, assim como eu.  Embora não caminhasse, ela chorava quando a gente mexia nela.  Mas, quem tem irmãos e não irmãs, sofre! Um dia que brigaram comigo, meus irmãos atiraram a Tiquinha dentro de uma bacia cheia d’água, e ela parou de chorar e parou de movimentar os olhos; quem chorou fui eu!  Estragaram minha boneca! Tive que levá-la ao hospital de bonecas. Eles fixaram os olhos dela para sempre! Mesmo sem chorar mais, tenho-a até hoje!

        Como fazíamos parte do povo que dependia das brizoletas para fazer o Natal, meus irmãos ganharam caminhões de madeira feitos por meu pai.

        Era tradição na minha família, e fui aprendendo com o passar do tempo, na Noite de 25 de dezembro ir ao Culto de Natal na Igreja Metodista.  Eu ficava emocionada ao ouvir os membros da igreja cantarem, bem alto, com harmonia a música Noite Feliz  e muitas outras. Todas as mulheres dos pastores tocavam órgão, então ficava uma cerimônia linda.  Sempre tinha, também, a representação de Natal, sendo que os jovens e as crianças desempenhavam o papel de José, Maria, os reis magos, pastorzinho, etc. Jesus era um boneco grande, mas uma vez puseram um bebezinho na manjedoura. E tinha a música dos duendezinhos... eu fui duende, Maria, narradora, etc...

        Quando eu tinha 8 anos, e já morávamos em Ijuí, ganhei um bebezão.  Ô felicidade! Gostei tanto dele, cuidei tanto para não estragar, que minha primeira filha chegou a brincar com ele.

        O tempo foi passando.  Fui ganhando vários presentes de Natal, desde brinquedos de todos os tipos para brincar de casinha, como era a tradição.

        Quando estávamos na escola, meus pais sempre davam para nós, além dos brinquedos, um livro para quem passasse de ano.  Lembro de alguns que ganhei: O macaco trapaceiro; O califa cegonha; livros das princesas Cinderela, Branca de Neve...; Histórias que ficaram na História, entre outros.  Minha família é de leitores.  Meus pais liam muito, minha avó materna também, e muitos descendentes são leitores e alguns gostam, também, de escrever, assim como eu.

        Quando um pouco maior, ganhei um quadro para escrever.  Que alegria!  Eu repassava toda a matéria estudada no dia para meus alunos invisíveis... não sabia que assim agindo, eu estava reforçando o aprendido, e treinando para ser professora, anos mais tarde.

        O tempo foi passando, vieram os namorados, os presentes variavam de chocolate a perfume, uma blusinha aqui, uma sandália lá...

        Depois que casei, vieram os filhos.  Os primeiros presentes foram brinquedos, livros de pano, livros de banho e assim por diante.

        Lembro de três presentes, em especial pedidos por meu filho: num Natal, o ponte-car, uma camionete que tinha um mecanismo que fazia girar uma ponte que passava por cima de si mesmo e ia adiante, quando o carro daí passava por cima. Não tinha pilha que chegasse! Outro foi o pogobol, ou pula-pula.  Uma bola presa numa base, onde ele colocava os pés e pulava.  Ficava pulando o tempo inteiro, até criou músculos nas pernas de tanto pular... e o skate, no qual ele subia e andava.  Este fez com que, numa arte, caísse e quebrasse um dente da frente.

        Minha filha mais velha amava as bonecas, lembro da barbie face, que vinha uma cabeça e material de maquiagem.  Além do feijãozinho e outras bonecas lindinhas que ela tinha uma coleção. Outro presente que lembro bem que demos a ela foi um gravador colorido com microfone acoplado.  Cantar e fazer apresentações passou a ser sua diversão, gravando em fitas k7.

        A filha mais nova, já muitos anos depois, pois é temporã, também amava os bebezões, teve bonecas de todos os tamanhos, coleção de barbies.  Mas um ano ela encasquetou que queria um relógio com pulseiras coloridas.  Passou o ano inteiro buzinando nos meus ouvidos.  Como foi bem aprovada na escola, ganhou o tal relógio.

Porém o que eu mais gostava nos últimos natais em que minha família pôde reunir-se eram os que passávamos com meus pais, enquanto estavam vivos.  Reuníamo-nos na casa deles a minha família, as dos meus irmãos, irmãos do meu pai e da minha mãe e fazíamos uma festa maravilhosa todos juntos.  Morávamos no Paraná, meu irmão mais velho em Porto Alegre, mas sempre dávamos um jeito de estarmos juntos, pelo menos uma vez por ano.  Meu pai, meu marido e meu irmão ficavam encarregados do churrasco.  A mãe, eu e as cunhadas ficávamos encarregadas dos complementos e da sobremesa deliciosa; cada uma fazia uma diferente e servíamos depois da ceia.

        A comida era a desculpa.  Tinha jogo de dama, de xadrez, alguns assistiam ao Roberto Carlos na tv, as crianças corriam e brincavam.  Minha mãe colocava na eletrola seus elepês de natal, e eu sempre me emocionava. O pinheirinho era armado na sala todos os anos. Depois que ela aprendeu a tocar piano, fazia um pequeno concerto para nós.

        Depois da sobremesa, sempre aparecia o papai Noel que entregava os brinquedos para a criançada, mas os adultos também gostavam de receber as lembrancinhas.

        O natal sempre nos traz lembranças carinhosas das pessoas queridas que se foram.

        Agora, a matriarca sou eu.  A comemoração do aniversário de Jesus é na minha casa, com meus filhos e meus netos.

        A celebração continua, o amor permanece, algumas tradições são mantidas.  A família encolheu, mas o amor não. Além dos meus pais, meu marido também partiu.  Confraternizamos lembrando dos momentos de alegria passados com nossos queridos cujas cadeiras estão vazias.   Recordamos os muitos abraços, os beijos, as brincadeiras, a maravilha que era estar juntos.  Entretanto, há os descendentes para ocupar essas cadeiras e manter aquecidos os corações com amor, fé, carinho, fraternidade, esperança, muitas brincadeiras e correrias, para não perder o jeito.  Sempre tem alguém jogando damas ou cartas, um bebê chorando, alguém assistindo tv... e as músicas natalinas que eu amo e continuam me emocionando agora tocadas não na eletrola pelos elepês, mas baixadas da internet direto para computadores ou celulares.  As coisas mudam, mas as emoções não.

 

 

Lorení

Dezembro 2022.