A alma está desnuda
Alma de poeta
Algumas palavras agudas
Caluda!
Sentimentos
Pensamentos
Sensações
que se expõem.
29/12/2022
Neste blog publico textos que escrevo: poesias, crônicas, contos, comentários e sugestões de leituras. Qual a razão desse nome? Eis a explicação: Athena: Na mitologia grega, Atena, também conhecida como Palas-Atena, era a deusa da sabedoria, da guerra, das artes, da estratégia e da justiça. Minerva: Equivalente romana da deusa grega Atena, Minerva era filha de Júpiter. E eu, além de ser formada em Letras e Literatura, também sou formada em Direito.
A alma está desnuda
Alma de poeta
Algumas palavras agudas
Caluda!
Sentimentos
Pensamentos
Sensações
que se expõem.
29/12/2022
Muito pouco anotei sobre os livros que li antes, durante e
depois da pandemia. Há quem diga que ela ainda não terminou.
Entretanto, já estamos mais calmos, após 4 doses de vacina, que
foram disponibilizadas pelo Governo Federal brasileiro.
Tenho notícias de que na Alemanha a grande maioria das pessoas não
fez nenhuma dose de vacina. Não que o governo não tivesse
disponibilizado; as pessoas que não quiseram correr o risco de vacinar-se com
produtos experimentais. Li a mesma coisa a respeito do Japão, país que
nem tinha começado a vacinação quando já estávamos fazendo a segunda ou
terceira dose. Conclusão: fomos as cobaias do mundo. E os
"cumpanhero" que fizeram campanha para a eleição do Presidente da
República que irá nos governar a partir de 2023, condenaram severamente e
fizeram muitas críticas ao atual Presidente da República por ter demorado a
fornecer vacinas para os brasileiros, em um tempo em que nem cientistas,
pesquisadores e médicos sabiam o que fazer com o coronavírus.
Mas não é disto que quero falar ou escrever.
Vou anotar para não esquecer que já li os livros a seguir, os
quais também podem servir de sugestão para quem ama a leitura como eu.
Aos livros, pois.
1.Tancredo Neves, o príncipe civil, de Plínio Fraga, 647p.
Este livro li bem no começo da pandemia. Lá
por março/abril/maio de 2020.
"O Tancredo é político capaz de tirar
as meias sem tirar os sapatos", comentário de José Bonifácio, opositor
político de Tancredo.
Sagaz, maneiro, inteligente, um dos melhores
políticos brasileiros, sua história é narrada desde o nascimento, os estudos, o
casamento, a família, e o seu envolvimento com a política, desde os tempos de
Getúlio Vargas até sua morte, em 1985. Livro magistral que deve fazer
parte de sua mesa de cabeceira com o objetivo de entender um pouco mais a nossa
História.
2.A Peste, de Albert Camus, 287p.
Já tinha lido este livro na década de 80, quando
lecionava na Escola Poncho Verde, de Panambi.
O assunto é semelhante à pandemia pela qual nós
passamos, e mostra a realidade de tempos soturnos que acabam transformando o
comportamento das pessoas diante do desconhecido, como uma peste que surge e
vai matando pessoas. É um livro dolorido, como foi a pandemia da Covid-19 para
todos nós. Excelente leitura.
3. Ensaios íntimos e imperfeitos, de Luiz Antonio de
Assis Brasil, 130p.
Neste livro o autor faz várias reflexões sobre
a vida e a humanidade, trazendo "perplexidades", os paradoxos, e a
multiplicidade da natureza dos homens e mulheres. Vale a pena a leitura.
4.O marido complacente, do Marquês de Sade, 201p.
Comprei este livro em maio deste ano, para ler
enquanto aguardávamos o nascimento do meu neto.
Várias historietas e contos deste escritor.
No prefácio, o tradutor, Paulo Hecker Filho,
já faz o "Convite ao prazer". E diz: "Nenhum outro
escritor foi tão indomável nem tão condenado quanto o Marquês de Sade.
Como muitos, ele só pensa em sexo, e um sexo, o seu,
bem antissocial, a usar, discricionariamente, os parceiros, anulando-os como
individualidades (...)"
Excelente leitura para quem quer conhecer esse
famoso escritor francês nascido em Paris em 1740. Leitura imperdível.
5. Paixão Índia, de Javier Moro, 389p.
Ganhei este livro de minha amiga e comadre, leitora
inveterada, como eu. Presente fantástico!
Este maravilhoso romance do escritor espanhol narra a história verídica, romanceada, de uma bailarina espanhola que conhece um marajá indiano; ele veio a apaixonar-se por ela, e a levou para casar e viver um romance maravilhoso, até ela descobrir que, em determinado momento, passaria a fazer parte do harém. História incrível que nos mostra a cultura indiana e a luta de uma mulher pela liberdade.
6/9. Velhos textos presentes; Eu era assim; Fios
invisíveis; Enfim juntos, de Ildo Carbonera, diversas datas.
Ildo Carbonera, escritor gaúcho natural de
Sananduva/RS, foi Professor de Literatura e Teoria Literária, na Unioeste/Foz
do Iguaçu/PR e é Mestre e Doutor em Literatura pela UFRGS. Antes disso,
foi meu colega na Escola Estadual Poncho Verde, de Panambi/RS, em aulas de
Língua Portuguesa e Literatura para alunos do Ensino Fundamental e Médio.
Em belas crônicas e inspirados poemas, o autor delineia sua
contemporaneidade, seu olhar aguçado e profundo sobre a vida; sobre nós, os
seres humanos, o trabalho, a política, a politicalha e o comportamento
comezinho de algumas pessoas em instituições públicas, dentre outros
assuntos. Assim como seu olhar, penetrante e agudo, intimidador,
quando visto pessoalmente, são seus textos um corte profundo na
literatura e na vida. Magníficos!
.
Aos poucos estou retomando minha vida,
um eixo se delineia, o coração anda calmo, inclusive as palpitações que tinham
se iniciado na pandemia, estão rareando.
Estão acontecendo alguns encaixes.
Como dizia um repórter televisivo, vida que segue.
Para coroar e encerrar com chave de
outo, este ano participei de alguns concursos literários, e o Círculo de
Escritores de Ijuí, Letra fora da gaveta, voltou a publicar seu livro, a
Coletânea
ALÉM
DAS PALAVRAS
Neste livro os autores que compõem o
Círculo deixaram suas impressões, seu testemunho, suas observações e seus
sentimentos.
Colaborei nesta publicação cooperativa,
com o conto “Lampião de querosene”; a
crônica “Enchentes” e a poesia “Humana natureza”.
Vale a pena a leitura pela qualidade e
beleza dos textos, e o esforço dos
escritores independentes: Artigos, Contos, Crônicas e Poemas, projeto gráfico
muito bem feito.
Concomitantemente, sou acadêmica
correspondente da Academia Literária Internacional “A palavra do século 21”-
ALPAS-21, de Cruz Alta/RS, e minha patrona é Lya Luft, grande escritora gaúcha.
Este ano a Academia extrapolou,
publicando vários livros. Participei de dois deles, igualmente de forma
cooperativa, os quais são:
100
ANOS DE CULTURA NO BRASIL
Com prefácio da Presidente, Rozelia Scheifler
Rasia, este livro relembra o movimento de 1922 na Literatura Brasileira e
valoriza escritores componentes na ALPAS-21 neste momento histórico.
Os autores são identificados através de
sua bio-bibliografia, e cada um publicou os textos que achou adequados.
Participei com as minhas informações e a
crônica ”O primeiro amor”.
O terceiro livro do qual participei este
ano também é uma publicação da ALPAS-21, Coletânea Internacional
INFINITO
OLHAR
Nela os autores imprimem suas
impressões, suas pesquisas, seu olhar ao infinito, através de Poesias, Contos e Crônicas, resultando numa
obra magnífica de alto gabarito.
Minha parte constou da poesia “Um novo eixo”; e o conto “A casa
verde”.
Certeza de ótimas leituras e grande
satisfação, edição primorosa, capricho dos escritores e acadêmicos.
Quem quiser adquirir exemplares,
contatar os autores (que não objetivam lucro, apenas divulgar sua escritura e recuperar
o investimento).
Ao participar do 37º Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas, da ALPAS-21, após análise e cotejo rigorosos da comissão organizadora e de avaliação, recebi o Certificado de Destaque Literário em Poesia com o poema “O livro me salvou”; igualmente recebi o Destaque Literário em Crônica com “A fuga da Rotina”. Ambos serão publicados no próximo ano. Meus queridos leitores terão que aguardar a chegada de 2023 para usufruir da leitura de ambos.
As primeiras lembranças que tenho do
Natal são da casa de meus avós maternos.
Morávamos em Santo Ângelo e viemos
passar o fim de ano com eles. Eu devia
ter uns quatro anos, alguns de meus tios ainda eram solteiros. A mais nova ainda era criança, pois é seis
anos mais velha que eu. Ela tinha uma
boneca que andava, virando a cabeça, e dizia: mamãe. Era a Marta. Ela não me deixava brincar com a
Marta...
Minha madrinha deu-me de presente uma
bonequinha de louça, linda, de olhos azuis e cabelos castanhos. Na caixa estava
escrito “Tiquinha”, pois era pequenina, assim como eu. Embora não caminhasse, ela chorava quando a
gente mexia nela. Mas, quem tem irmãos e
não irmãs, sofre! Um dia que brigaram comigo, meus irmãos atiraram a Tiquinha
dentro de uma bacia cheia d’água, e ela parou de chorar e parou de movimentar
os olhos; quem chorou fui eu! Estragaram
minha boneca! Tive que levá-la ao hospital de bonecas. Eles fixaram os olhos
dela para sempre! Mesmo sem chorar mais, tenho-a até hoje!
Como fazíamos parte do povo que dependia
das brizoletas para fazer o Natal, meus irmãos ganharam caminhões de madeira
feitos por meu pai.
Era tradição na minha família, e fui
aprendendo com o passar do tempo, na Noite de 25 de dezembro ir ao Culto de
Natal na Igreja Metodista. Eu ficava
emocionada ao ouvir os membros da igreja cantarem, bem alto, com harmonia a música
Noite Feliz e muitas outras. Todas as
mulheres dos pastores tocavam órgão, então ficava uma cerimônia linda. Sempre tinha, também, a representação de Natal,
sendo que os jovens e as crianças desempenhavam o papel de José, Maria, os reis
magos, pastorzinho, etc. Jesus era um boneco grande, mas uma vez puseram um
bebezinho na manjedoura. E tinha a música dos duendezinhos... eu fui duende,
Maria, narradora, etc...
Quando eu tinha 8 anos, e já morávamos
em Ijuí, ganhei um bebezão. Ô
felicidade! Gostei tanto dele, cuidei tanto para não estragar, que minha
primeira filha chegou a brincar com ele.
O tempo foi passando. Fui ganhando vários presentes de Natal, desde
brinquedos de todos os tipos para brincar de casinha, como era a tradição.
Quando estávamos na escola, meus pais
sempre davam para nós, além dos brinquedos, um livro para quem passasse de
ano. Lembro de alguns que ganhei: O
macaco trapaceiro; O califa cegonha; livros das princesas Cinderela, Branca de
Neve...; Histórias que ficaram na História, entre outros. Minha família é de leitores. Meus pais liam muito, minha avó materna
também, e muitos descendentes são leitores e alguns gostam, também, de escrever,
assim como eu.
Quando um pouco maior, ganhei um quadro
para escrever. Que alegria! Eu repassava toda a matéria estudada no dia
para meus alunos invisíveis... não sabia que assim agindo, eu estava reforçando
o aprendido, e treinando para ser professora, anos mais tarde.
O tempo foi passando, vieram os
namorados, os presentes variavam de chocolate a perfume, uma blusinha aqui, uma
sandália lá...
Depois que casei, vieram os filhos. Os primeiros presentes foram brinquedos,
livros de pano, livros de banho e assim por diante.
Lembro de três presentes, em especial
pedidos por meu filho: num Natal, o ponte-car, uma camionete que tinha um
mecanismo que fazia girar uma ponte que passava por cima de si mesmo e ia
adiante, quando o carro daí passava por cima. Não tinha pilha que chegasse!
Outro foi o pogobol, ou pula-pula. Uma
bola presa numa base, onde ele colocava os pés e pulava. Ficava pulando o tempo inteiro, até criou
músculos nas pernas de tanto pular... e o skate,
no qual ele subia e andava. Este fez com
que, numa arte, caísse e quebrasse um dente da frente.
Minha filha mais velha amava as bonecas,
lembro da barbie face, que vinha uma cabeça e material de maquiagem. Além do feijãozinho e outras bonecas
lindinhas que ela tinha uma coleção. Outro presente que lembro bem que demos a
ela foi um gravador colorido com microfone acoplado. Cantar e fazer apresentações passou a ser sua
diversão, gravando em fitas k7.
A filha mais nova, já muitos anos
depois, pois é temporã, também amava os bebezões, teve bonecas de todos os
tamanhos, coleção de barbies. Mas um ano
ela encasquetou que queria um relógio com pulseiras coloridas. Passou o ano inteiro buzinando nos meus
ouvidos. Como foi bem aprovada na
escola, ganhou o tal relógio.
Porém
o que eu mais gostava nos últimos natais em que minha família pôde reunir-se
eram os que passávamos com meus pais, enquanto estavam vivos. Reuníamo-nos na casa deles a minha família,
as dos meus irmãos, irmãos do meu pai e da minha mãe e fazíamos uma festa
maravilhosa todos juntos. Morávamos no
Paraná, meu irmão mais velho em Porto Alegre, mas sempre dávamos um jeito de
estarmos juntos, pelo menos uma vez por ano.
Meu pai, meu marido e meu irmão ficavam encarregados do churrasco. A mãe, eu e as cunhadas ficávamos encarregadas
dos complementos e da sobremesa deliciosa; cada uma fazia uma diferente e servíamos
depois da ceia.
A comida era a desculpa. Tinha jogo de dama, de xadrez, alguns
assistiam ao Roberto Carlos na tv, as crianças corriam e brincavam. Minha mãe colocava na eletrola seus elepês de
natal, e eu sempre me emocionava. O pinheirinho era armado na sala todos os
anos. Depois que ela aprendeu a tocar piano, fazia um pequeno concerto para
nós.
Depois da sobremesa, sempre aparecia o
papai Noel que entregava os brinquedos para a criançada, mas os adultos também
gostavam de receber as lembrancinhas.
O natal sempre nos traz lembranças
carinhosas das pessoas queridas que se foram.
Agora, a matriarca sou eu. A comemoração do aniversário de Jesus é na minha
casa, com meus filhos e meus netos.
A celebração continua, o amor permanece,
algumas tradições são mantidas. A família
encolheu, mas o amor não. Além dos meus pais, meu marido também partiu. Confraternizamos lembrando dos momentos de
alegria passados com nossos queridos cujas cadeiras estão vazias. Recordamos os muitos abraços, os beijos, as
brincadeiras, a maravilha que era estar juntos.
Entretanto, há os descendentes para ocupar essas cadeiras e manter
aquecidos os corações com amor, fé, carinho, fraternidade, esperança, muitas
brincadeiras e correrias, para não perder o jeito. Sempre tem alguém jogando damas ou cartas, um
bebê chorando, alguém assistindo tv... e as músicas natalinas que eu amo e
continuam me emocionando agora tocadas não na eletrola pelos elepês, mas
baixadas da internet direto para computadores ou celulares. As coisas mudam, mas as emoções não.
Lorení
Dezembro 2022.