domingo, 27 de novembro de 2022

ANGÚSTIA

                                                                    Foto da autora.
 


 

 

        Noite dessas eu sonhei com ele.

        Vínhamos de mãos dadas, meu amor e eu.

        Estávamos alegres, felizes, entusiasmados.

    Chegamos à beira de um rio.  Fiquei com receio de atravessar, mas ele estava tranquilo.

        Não era um barco o que nos transportava.

        Era uma coisa comprida na qual a gente se agarrava com as mãos, em umas alças, e impulsionava com os pés.

        Tinha bastante gente fazendo o mesmo.  Eu não conhecia ninguém, nem ele.

        Não foi difícil a travessia, ao contrário, foi muito fácil e rápido.

     Fomos rindo e conversando, percebia-se a leveza de nosso estado de espírito, a tranquilidade e segurança. Confiança.

        Ao chegar no outro lado, o povo dispersou.

       Eu fiquei sozinha.  Mas sabia que ele estava por perto, estava segura disso.

        O dia foi passando, já chegava o anoitecer.

        Eu carregava uma sacola meio esfarrapada, e dela caíam as coisas que eu carregava.

        Perguntei por ele.  Estava apreensiva.  E ele não vinha.

        De repente, surgiu uma mulher, de quem eu não via o rosto, que me disse:

        _ Põe este vestido vermelho, põe tuas coisas nesta outra sacola e vamos. Vou te ajudar a chegar ao rio para voltares.

        Eu procurava por ele.

        As coisas caíam da sacola.

        Escureceu.

        Eu não via nada.  Caminhava no escuro.

        A mulher segurava minha mão e tentava me tranquilizar.

        Seguimos caminhando no escuro, eu ansiosa e com medo, procurava por ele e dizia:

        _ Como que ele foi na minha frente e não me esperou?  Deixou-me aqui, sozinha? Ele não podia fazer isto comigo...!

        Continuamos caminhando, a mulher e eu.  Sei que era uma mulher pela voz, e estava com um vestido longo, não sei a cor.

        Quando fomos chegando perto do rio, vi uma pequena claridade, e o ruído das águas e das  pessoas conversando.

        A mulher sumiu.

        Atravessei o rio?

 

 

Lorení.

Sonho em 8/8/2021.

       

sábado, 26 de novembro de 2022

SOLIDÃO

 


                                        






Perdi as palavras... (eu e o Drummond!)

Procuro-as!

(Não vale tua brincadeira, ao dizer-me: estão no dicionário!)

Eu sempre estive procurando algo, em minha vida.

Pesadelos recorrentes o disseram!

Hoje, as palavras!

 

Minhas mãos estão lisas

Tudo escorre por elas....

As palavras também ...

Coisas escorregam e caem e se quebram

Estão fugindo, se escondendo

Como as palavras

 

Sinto-me perdida!

Sozinha

 

Solidão?

Solitude?

Sensação de abandono?

Incompletude!

 

Lorení


14/10/21


Imagem: https://mysuffering.wordpress.com/tag/solidao-tristeza/  

terça-feira, 1 de novembro de 2022

ASSIM SEGUE O BARCO...






SÃO FRANCISCO DO SUL/SC

 


Amanhã faz um ano que publiquei o último post.

Este ano foi conturbado para mim: mudei de residência e cidade; fiz duas cirurgias no rim esquerdo; meu netinho mais novo nasceu; fiz algumas viagens.

Estou em período de adaptação no novo lugar. Foi a oitava vez que mudei de cidade na minha vida.

E há dois dias tivemos o segundo turno das eleições brasileiras.

Eu não faço campanha, mas tenho meu posicionamento político.  É um direito que tenho.

Fiquei do lado que perdeu as eleições por menos de 1% de diferença dos votos válidos, que, somados  aos que não votaram por estarem doentes, viajando, votaram em branco ou  anularam o voto, ou não compareceram por outro motivo qualquer, supera em 2,79% o vencedor.

Segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral, seriam os seguintes os dados: 75,8% dos eleitores foram votar; houve uma abstenção de 20,56%. Votos brancos 1,43%; votos nulos 3,16%.

O candidato vencedor recebeu dos que compareceram 50,9% dos votos válidos; e o candidato perdedor, 49,1%.

Somados os votos do perdedor aos brancos e nulos, temos um total de 53,69%, contra os 50,9 do vencedor.  Uma diferença mínima de 2,79%.  Longe de ser unanimidade.  

No meu entendimento e no destes 53,69% de brasileiros, o candidato que venceu não merece estar lá a partir do ano que vem.  Ele não foi inocentado de seus crimes pelo Supremo Tribunal Federal, de acordo com informações dos próprios Ministros do STF.  Apenas foi "ajeitado" para deslocar  seus processos-crime para outras cidades, sendo uma das possibilidades do Código de Processo Penal Brasileiro: a competência jurisdicional, ou seja, o lugar onde deva ocorrer  o processo.  As provas não foram anuladas, ele não recebeu carimbo de inocente.

Mas quem somos nós, pobres mortais, para discutir com o STF?

Entretanto, eu e estes 53,69% de brasileiros, temos vergonha de saber que os outros 46,31% elegeram um condenado, uma pessoa que admitiu que apropriou-se indevidamente da coisa pública, que mentia e inventava dados, e que, muitas vezes, foi ao exterior falar mal do Brasil e dos brasileiros, além de disponibilizar nossos impostos para obras em outros países, em detrimento do povo brasileiro.  E que preferiu fazer estádios de futebol a hospitais.  Quando ocorreu a pandemia, esses hospitais fizeram falta. Além de estar, pelo que se deduziu de suas falas e comportamento em debates, fora de seu juízo perfeito; no tempo de minha avó se dizia caduco, mas esta palavra não se utiliza mais. Está fora de moda.

Esse ser não me representa.

Serei oposição ferrenha. Não só ao que estará no poder executivo com seus asseclas, mas aos seus defensores. 

Os próximos quatro anos serão de fiscalização e denúncia.