terça-feira, 19 de dezembro de 2023

O ANO DA REVOLUÇÃO


 
 
 
 
 
 
 
 
Meu livro de contos.  Está no prelo!
 
 

Este foi o ano da minha revolução!

Minha vida virou de cabeça para baixo!

Todos os anos há uma tendência de as pessoas fazerem um balanço, uma reflexão sobre os acontecimentos em sua vida. 

Embora eu considere que, na realidade, não acontece nada de diferente na "virada de ano" inventada por nós, seres humanos, (é apenas mais um dia depois do outro), também não fujo à tendência do olhar sobre o caminho percorrido.

Concluí que foi um ano de vitórias, alegrias e sucessos.

Mas, também, foi um ano de tristezas, recaídas psicológicas, preocupações, como sempre, como em tudo, e na vida de todos.

No início do ano o meu ninho ficou definitivamente vazio, como mencionei em outro post.  Minha filha caçula alçou seu voo rumo a uma nova vida com seu amor.  Desta voejada resultou meu netinho mais novo, hoje com dois meses.  Lindo e saudável!

É de todos sabido, evidenciado, cantado e manifestado que os filhos não são nossos, nós os temos "para o mundo"!

Logo em seguida realizei um dos meus maiores sonhos da vida: fiz um cruzeiro em um navio.  Passeio maravilhoso, indescritíveis as sensações que me percorreram, uma realização da menina, que sonhava "conhecer o mundo"!

Na escadaria do navio MSC Seaview, noite do branco.
 

  No retorno deste passeio, fiquei alguns dias conhecendo o Rio de Janeiro, cidade que sempre admirei e não tinha tido a oportunidade de visitar.  Realmente, o título de "Cidade Maravilhosa" é perfeitamente merecido, pois a paisagem é encantadora, o povo é educado e gentil, tratando os turistas com respeito, educação e disponibilidade. 

 

 

Rio de Janeiro

 Na volta para casa passei por Santa Catarina pois tinha a intenção, desde sempre, de mudar de local de residência para mais perto do mar.  Iniciei as transações para que mais este sonho se tornasse realidade.  Em agosto fiz a maior loucura, ou aventura da minha vida: providenciei minha mudança, tendo tudo, pela primeira vez na vida, sido negociado e resolvido por mim, segundo a minha vontade, sem interferência de ninguém, a não ser as pessoas envolvidas e meus familiares, é claro! Considero uma GRANDE VITÓRIA!

Durante o ano participei de diversas atividades literárias, enviando crônicas, contos e poesias para as Academias das quais sou integrante.

Em maio vibrei com a festa de aniversário de meu netinho que completou um aninho.  Ele é muito lindo, meigo, carinhoso, como também o são todos os meus netos.

 

Em maio também ocorreu o lançamento das Coletâneas "Poesia no Lago" e "Dimensões" , através da Academia ALPAS-21, de Cruz Alta/RS, da qual faço parte, juntamente com os colegas Acadêmicos.  Na mesma ocasião foi-me concedida a honraria da Comenda PERSONALIDADE LITERÁRIA 2023, também pela ALPAS 21, bem como passei para a categoria Acadêmica Imortal.  Foi um momento de muita felicidade e o resultado pelo meu esforço intelectual.

 

 

 


 

Em fins de maio a Academia Círculo de Escritores de Ijuí Letra fora da gaveta, da minha cidade natal, do qual participo, dividiu atividades com a Associação  dos Artistas Visuais de Ijuí, no Museu Antropológico Diretor Pestana.  Poesias, contos e crônicas foram transformados em artes visuais pelos artistas da AAVI, numa livre interpretação de nossas obras literárias, as quais foram escolhidas sem saber quem era o autor. Tive três poemas escolhidos, e a arte deles resultou em obras fantásticas que ficaram expostas ao público. Abaixo as três obras inspiradas em poemas meus:

"Um novo eixo", meu poema interpretado por Amanda Rieger.






 

Pintura de Manfredo Spitzer, leitura de "Humana natureza".



 

Poema "Pretinho básico" na visão de Paulo Roberto Gobo.

 Em setembro saiu a publicação da Coletânea em homenagem à poetisa Cecília Meireles, Voz do meu Brasil. Nela participo com um poema, pela Editora Viverarte, do Rio de Janeiro.

Coletânea Cecília Meireles.
 

Em novembro colaborei no lançamento, em Porto Alegre/RS, na fantástica Feira do Livro de Porto Alegre, da Coletânea "Incluir" da ALPAS-21, com uma crônica a respeito da "Doença celíaca", a qual sou portadora, com mais um grande percentual da população brasileira e mundial. Também foi realizado um lindo sarau, no qual autores leram textos seus, num momento de alegria e confraternização.  Na mesma ocasião recebi o Destaque em Poesia no 39º Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas.

Ainda em novembro, na Feira do Livro de Ijuí/RS, foi lançada a Coletânea do Círculo de Escritores de Ijuí letra fora da gaveta "Páginas abertas", na qual estão publicadas uma crônica e poesias de minha autoria.

 

Coletânea Páginas Abertas
 

E, para fechar com chave de ouro minhas atividades intelectuais, está no prelo, previsto ainda para dezembro a publicação de meu livro de contos, solo, "A VIDA É ASSIM", pela Editora Almedina.  Este livro será publicado no Brasil, Portugal, Espanha e demais países de Língua Portuguesa e Espanhola.  Este é um projeto antigo meu.  São contos escritos, reescritos, pensados e repensados nos últimos quarenta anos. Logo estarão disponíveis para aquisição pelos amantes da leitura e literatura.  

Neste balanço, as coisas tristes, os problemas e dragões (ou leões) que não consegui  matar, tonteei.  As vitórias foram maiores que as derrotas e alguns problemas demandam tempo para resolver, e a mão divina a nosso favor.

Minha avó Maria, uma sábia, já dizia: "o que não tem solução, solucionado está!".

Ela também falava: "Deus proverá!"

E a Bíblia, orientação para nós, cristãos, já ensina: "Tudo tem seu tempo certo!"

Nós que, a maioria das vezes, tentamos acelerar o tempo, mas ele nos ignora solenemente!

Feliz 2024 a todos!
 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

NOVA VIDA

 




                                                                 Para Mikael, meu netinho


Após o sofrimento

A alegria de te ver!

Meu neto!

Tua mãe sofreu muito

Para te trazer à luz!

Mas o amor dela por ti

e  o nosso por ti

já é imenso!

Alegro-me por ver

tuas mãozinhas mimosas

teus pezinhos também perfeitos!

Teus olhos vivos

Interessados, curiosos

Perscrutando o mundo ao teu redor!

Amo-te, querido!

Que Deus esteja contigo

Sempre, todos os dias!





Curitiba, 17/10/2023

DIA DO IDOSO




A autora, lendo um poema de sua autoria, num Sarau.
Proibida cópia ou reprodução sem autorização.







Comemoramos, há poucos dias, o dia do Idoso, no mês de outubro.
A legislação nos protege a partir dos 60 anos, idade considerada perfeita para o "debut" na turma considerada da melhor idade.
Esta expressão "melhor idade" parece-nos um deboche, pois bem sabemos que não é bem assim.
Nosso corpo tem um declínio vertiginoso, os hormônios que mantêm nosso interesse em diversos assuntos vão declinando, quando não, sumindo, deixando-nos abismados.
As mulheres, após a menopausa, têm uma perda considerável de hormônios, o que faz com que vá desaparecendo, aos poucos ou rapidamente, o desejo sexual, a libido, o interesse em vários assuntos deles dependentes.
Os homens, ao entrarem na andropausa, também têm essas quedas hormonais, o que pode acontecer de afetar, igualmente, a libido, a potência e demais assuntos a eles ligados.
Melhor idade? Há quem diga: faz-me rir!
Dores, dificuldades para caminhar, algumas doenças, deficiências vitamínicas, quando não afetados por problemas mais graves.
Entretanto, como tudo na vida, há várias formas de encararmos as consequências de vivermos mais (a outra possibilidade, é a morte - interessa?...)
Estamos carecas de saber que atividade física, alimentação adequada, controle das doenças, visita aos médicos com mais frequência, exames preventivos, RIR MUITO! CANTAR! DANÇAR! VIAJAR! ESCREVER! LER! E muitas outras atividades que nos mantenham ativos, auxiliam muito para que tenhamos qualidade de vida.
Sair com amigos, conversar muito e dar gargalhadas nos auxiliam a manter o bom humor e não sermos velhos ranzinzas.  E, o mais importante, fazer de tudo para manter a autonomia e a lucidez, não depender de ninguém, e fazer o possível (muito difícil!) de incomodar filhos e netos só em último caso.
E amar!  Quem disse que os idosos não podem apaixonar-se se estão livres, solteiros, viúvos, divorciados?  O amor aquece a alma, faz bem ao coração e ao corpo, mantém a saúde, o brilho nos olhos e a pele bonita.  Amemos, pois!
Assim penso.
Feliz dia do Idoso para quem já chegou nesta idade!  E para quem há de chegar, também!


GRITO DE PAZ






 GRITO DE PAZ

Já está dito:
menos mísseis
mais poemas
sensibilidade
harmonia
fraternidade
elevação do espírito
emoção
Não! à emoção
da bomba explodindo
de pessoas se estraçalhando
de conferir a eficiência bélica
de comprovar a competência do trabalho da indústria de armas
Não! à elevação do espírito para a pesquisa de novas armas e equipamentos...
Não! à fraternidade dos homens com instinto guerreiro
Não! à harmonia das fileiras dos exércitos
Não! à sensibilidade dos equipamentos de combate - radares, satélites, botões, robôs, computadores, raios laser...
Não! ao poema da "Guerra Santa"
ao poema que fala dos malditos
como se benditos fossem
Não! aos mísseis que rasgam a carne
o cérebro
a mão
o tanque
o caminhão
dilaceram e embrutecem a alma humana
transformando-a em não-razão.
(27/8/1990).



(Crédito da Imagem: https://observatorio3setor.org.br/noticias/alem-da-guerra-na-ucrania-mundo-vive-28-conflitos/ )

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

FUGA DO BAILE

 






O velhinho de camisa vermelha dançou durante um bom tempo. Um pé-de-valsa, desde seus tempos áureos, na juventude, quando era o primeiro a chegar aos bailes e o último a sair.

Chegou ao salão onde ocorrem bailes vespertinos da terceira idade junto com os colegas do asilo, levados pela pessoa responsável pela diversão.

Todos prometeram sentar perto uns dos outros, e todos na vista da responsável.  Poderiam dançar com quem quisessem, pelo tempo que quisessem.  Mas no horário combinado, todos iriam embora juntos.

O velhinho de camisa vermelha não gostava de morar no asilo.  Preferia ter ficado na sua casa, com seus móveis, seus livros, seus LPS, seu papagaio e o cachorrinho Rex, sem raça definida, mas seu grande amigo. Com o falecimento da esposa, os filhos decidiram que ele não deveria ficar sozinho, pois esquecia de tomar os medicamentos.  Entretanto, sua cabeça estava boa, tinha boa memória, lia muito, fazia caminhadas, jogava damas com os amigos, era um velhinho ativo.  Os esquecimentos dos medicamentos eram propositais, pois não gostava de tomar remédios.

Mas os filhos ignoraram sua vontade, não respeitaram seu desejo de ficar em sua casa. 

Alugaram a casa do pai e, com a renda, pagavam a estadia no asilo, chamado pomposamente de casa de repouso.  Tudo o que os moradores do local não queriam era descansar.

No asilo tinha horário para tudo, de forma que uniformizaram a vontade de todos, desconhecendo as peculiaridades e idiossincrasias de cada indivíduo.  Hora para levantar, para tomar café, para tomar banho, para passear, fazer exercícios, dormir, almoçar, ver tv, etc.  As individualidades ficaram em casa.

Já tinham ido a vários bailes.  Era uma das poucas coisas que ele  gostava de fazer.  Ficava feliz com as músicas, com o fato de ter novamente uma mulher em seus braços, dançando, recordando sua juventude.  O prazer de dançar, rodopiar pelo salão, sentir a música penetrar em seus sentidos, deixava-o muito feliz.  Ainda mais quando encontrava uma parceira que soubesse dançar e flutuasse em sua mãos, que a conduziam com leveza.

Já tinha participado de vários bailes.

Mas, aquele dia, ia colocar  em prática o plano que arquitetara.

Não ia voltar mais para o asilo.

Enquanto todos se distraíam dançando, e quando a responsável foi ao toilette, saiu discreta e silenciosamente pela porta dos fundos e sumiu.

Ao final do baile, chamaram a polícia, pois a responsável, ao contar os velhinhos e fazer a chamada, verificou sua ausência.

Até hoje ninguém sabe onde o velhinho foi parar.




Imagem: https://pt.coolclips.com/m/vetores/vc009710/casal-dan%C3%A7ando/#  



Lorení/Joinville, 2/8/2023.

sábado, 24 de junho de 2023

Vazio

 

 

 

                                        
FOTO DA AUTORA. PROIBIDA A REPRODUÇÃO/CÓPIA SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA.

 

 

 

 

 

Os meus braços estão vazios

Já não estás mais aqui a preenchê-los.

A indesejada das gentes te levou, irremediavelmente!

Sem recursos, sem apelação!

A vida está vazia

Do teu amor

Do teu sorriso

Do teu carinho

 

Meu peito está vazio

Do teu calor

Do frêmito do teu coração

Das carícias das tuas mãos

 

Minhas mãos permanecem vazias

De te percorrer

De te sentir

De te acariciar

 

Minha boca está vazia

Dos teus beijos

Das palavras de amor e carinho

 

Meus ouvidos estão vazios

Dos teus sussurros nas noites de luar

E nas sem luar também...

 

Meus olhos estão vazios de ti

Do teu olhar intenso

Que não precisava de palavras

 

Meu corpo está vazio de ti

Minha vida está vazia!

 

 

 

 

Joinville, 5/3/23.

Tangentes e paralelas

 

 

 

 

 

 


Está em seu mundo

Está em outro mundo

Um desígnio surgiu?

Duas tangentes tocaram-se levemente

Ao sabor da aragem

Do perfume agreste

Do vulcão em erupção

Das afinidades

Do olhar matreiro

Da música

Dos sabores...

Amores?

Mas as tangentes são malandras

Confundem...

Impossibilidades...

E vão transformando-se

Em duas paralelas

Aquelas...

Que não se tocarão jamais!




Porto Alegre, 13/4/23.

 

INVERNO

 

Praça Getúlio Vargas - imagem da autora.


 

As folhas avermelhadas já caíram, todas.

Estão nus os galhos das árvores, esticados, eretos rumo ao céu,

Como a lamentar a ausência do sol.

O resto de calor que ainda resistia, foi sendo empurrado pelo vento minuano... para onde?

Chegaram os dias nublados.

As nuvens lastimam a entrada do frio, derramando-se sobre as cidades.

A neblina manifesta-se de manhãzinha, tirando de nós, humanos, a visão da aurora bela.

Acendem-se as lareiras, os fogões à lenha, os aquecedores, os aparelhos de ar condicionado.

Acendem-se os corações, com a proximidade,

O aconchego e a busca de calor para aquecer os corpos enregelados.

Saltam, sorridentes, do fundo das gavetas,

Toucas coloridas, luvas, cachecóis, botas, meiões, cobertores, edredons, mantas.

O quentão e o vinho,

O café e o chá,  quentinhos,  ajudam a enviar o frio para fora de nossos lares.

A sopa asperge seu aroma delicioso por todo o ambiente,

Antevendo o prazer do alimento que,

Além de nutrir, aquece os corpos e as almas.

Nos dias de ventania, chuva renitente, trovões e temporais,

O lar é a nossa caverna, o nosso refúgio,

Onde nos sentimos seguros,

Onde guardamos nossos amores, protegendo-os.

Onde vivemos nosso tempo de recolhimento, de meditação,

De busca do eu-interior.

O  inverno é introspectivo.

Viramos eremitas.

 

 

Lorení

Palmeira das Missões, 21/6/23.

sexta-feira, 9 de junho de 2023

PRAZER SEM LIMITES: LEITURAS QUE DELEITAM.

 


 

 




Há algum tempo não escrevo.  Muitos acontecimentos vão me levando de roldão, e tenho preferido vivenciar a escrever.  Estou confiando na minha memória.

Mas, hoje, feriado de Corpus Christi, além de outras atividades, da caminhada matinal, da oitiva de muita música, puxo alguns dos livros que li nos últimos tempos, e vou comentá-los para ti, meu leitor que, como eu, ama ler.


1.      1. Amor para corajosos, de Luiz Felipe Pondé.

Amor, amor, amor... tema de todos os poetas, escritores, jovens, maduros, idosos, homens, mulheres, estudiosos, filósofos... tema universal, e, antes de um tema, um grande sentimento. O maior sentimento de todos.

O amor entre homem e mulher é um sentimento arrebatador!  Fogueira que incendeia, faz tremer, arrepia, instiga o desejo, a vontade de estar perto do ser amado, com ele enleado, acarinhado, volúpia que arrebata e sugestiona loucuras, já dizia Rita Lee.

O assunto entrou em minha vida na adolescência, ao ler os versos de Luís Vaz de Camões, em Rimas, 1598; que também me fez apaixonar-me pela Poesia:

 

“Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor”

 

Com este tema o filósofo Luiz Felipe Pondé lançou o livro “Amor para corajosos, reflexões proibidas para menores.”

Sempre curiosa sobre o tema, que sempre fez parte da minha vida, comprei o livro para ver o ponto de vista filosófico do assunto, num momento da minha vida em que estou saindo de um profundo mergulho em uma situação de luto, e tentando sobreviver, redescobrindo a mim mesma em um outro mergulho: no meu eu-profundo, meu eu-poético através da lírica poética e redescobrimento de sentimentos que estiveram escondidos sob as cinzas da sobrevivência, partindo para novas situações de encontro comigo mesma e com o outro.

Já na primeira orelha, o autor coloca algumas epígrafes que chamam a atenção e induzem à curiosidade, e à leitura do livro:

“O amor não é para iniciantes.”

“Um dos maiores medos contemporâneos é o medo do afeto.”

“Quem nunca se perdeu no amor é falso de alguma forma”

“A intimidade sexual é uma das rotinas mais poderosas para a manutenção do amor”

“Pode existir safe sex.  Mas não existe safe love.”

“Amar será sempre uma forma de agonia.”

“Eis uma das maiores tragédias do amor: ele não é garantia de uma vida feliz nem tampouco amorosa.”

“O amor só se conhece pelos frutos”. Sören Kierkegaard.

“Amor, se bem pensado, é doença do pensar entre duas pessoas ligadas, sinceras e de sexo diferente, que nos acomete como anseio, nascido da visão perturbada, por abraçar, beijar e pelo fruir carnal.  Amante nada mais é do que aquele que arde e em tal se deleita.  Frutos não busca alcançar, e em deleitar-se em nada se esforça”. (André Capelão, Tratado do amor cortês, SP:Martins Fonts, 2000, p.5 e 6.)

 

Na introdução, Pondé já menciona o medo do amor, referindo-se a uma pesquisa recente que conclui que a solidão cresce, principalmente entre os jovens.  O medo é a marca da nossa civilização. “Um mundo limpo e estéril, mas feito de covardes do afeto”. Mencionando desde o início que o conceito de amor como conhecemos data da Idade Média, e os medievais já diziam que o amor era a “doença da alma”.

Inicia o primeiro capítulo com a interrogação: “Por que o amor romântico exige coragem de quem ama?” O amor desordena o afeto entendido como desejo por alguém, ou alguém fica ‘louco’ por alguém.  Coragem pois há o medo da rejeição...

No capítulo 4 disseca que o berço do atual entendimento do que seja amor teria sido o Romantismo.

No capítulo 11 menciona “As virtudes do amor: a personalidade encantadora”.  Excertos:

“A beleza escraviza o olhar masculino. (...)  A alma da mulher amada é parte dessa beleza.  Sob o olhar masculino, a inteligência numa mulher amada é parte de sua personalidade sedutora.  O modo como ela se revela inteligente tem a força de uma saia justa com salto alto.  A inteligência cheira a batom vermelho na boca de uma mulher amada”.(...)  Perder-se no amor por alguém é encontrar-se como ser humano que para existir precisa de um outro a quem reconheça como o ser humano mais importante no mundo para si.  Afinal, alguém em quem confiar.” (...) p.77/78.

“O encanto moral do amor nasce justamente desse encontro entre coragem, leveza, desespero e desejo.” P.79.

“(...) o amor sem confiança não existe.” P.81

“(...) o amor não pede licença para entrar.”

“Narcisistas, mimados e ressentidos não são capazes de amar”.

“A ideia de Platão é que o amor (Eros) gera beleza, forma, vitalidade.  A experiência do amor, além de sofrimento e dilaceramento, seguramente gera um desejo pelo mundo enquanto realidade a ser fecundada por aqueles que amam.  Por isso, é comum se dizer que o amor é da ordem da saúde psíquica na medida em que predispõe a pessoa a investir na vida.  O amor costuma dar fé e confiança e, quando correspondido, gera uma profunda sensação de força e generosidade. P.106

“(...)  Mas um dos efeitos mais regeneradores do amor é a capacidade dele de restituir o amor-próprio e a autoconfiança.” p. 107

“(...) só gente mais madura, com mais estofo psicológico, é capaz de amar porque o amor exige confiança no outro, autoconfiança, generosidade, coragem, enfim, virtudes normalmente associadas a pessoas mais maduras e seguras.” p.111

“O que é necessário para que o amor sobreviva?

(...) Essas condições são segurança, generosidade material, investimento concreto um na vida do outro, desejo sexual ativo na mulher, potência sexual masculina.  Amor é concreto como pedra. (...)” p.119

“A intimidade sexual é uma das rotinas mais poderosas para a manutenção do amor. Não existe amor platônico, a não ser em pessoas doentes de alguma forma, pois o amor pede carne.  É carnívoro como um predador pré-histórico.  (...) Pede toque.  Uma mulher amada morre quando é tratada como santa.  Seu ambiente natural são o pecado e a posse.  A separação entre amor e sexo é para ignorantes.”p.120/121

“Só se é livre quando se ama.” Santo Agostinho.p.173

“O amor entra pela fresta da porta.  Nunca é convidado, mas toma o ambiente quando é notado.  Encanta pela sua força vital.  Pelo desejo de mais vida que traz consigo.  Por isso as pessoas quando amam sentem que estão à beira de encontrar a melhor versão delas mesmas.” P.178

“ O amor é aquele que permite a você demonstrar para a pessoa que você ama suas maiores fraquezas sem medo de que ela as use contra você.”. p.180.

“Por isso, contra o que a maioria imagina, quanto maior o nível de maturidade de uma pessoa, maior o efeito dessa paixão sobre ela, porque só se é capaz  de reconhecer esse pequeno pedaço de paz quando já se atravessou muitas guerras.  O amor não é para iniciantes.” P.188.

 

Vale a leitura!

 

PONDÉ, Luiz Felipe.  Amor para corajosos. – São Paulo: Planeta do Brasil, 2017, 192p.




2.       Contos completos, de Sergio Faraco.

O autor é gaúcho do Alegrete, nascido na década de 40 do século XX sendo, então, nosso contemporâneo.

Seus contos dissecam a vida dos gaúchos que vivem na fronteira, na região central do Estado, em Porto Alegre, em todo lugar.  Em seus contos não há o gaúcho mitológico.  Há a descrição de histórias de um povo que luta todos os dias pela sobrevivência, trabalha, luta, sofre, tem pequenas alegrias e grandes problemas a serem solucionados. Desemprego, velhice, sexo, juventude, formas de vida, síntese humana.  Em três partes, Faraco relata a fronteira, em outros tempos; a infância, a solidão; e, por último, o cidadão da cidade grande.

As descrições de locais do Estado do Rio Grande do Sul são fieis, assim como o relato dos acontecimentos nas vidas das personagens.

Vocabulário acessível, um estilo enxuto de escrita, extremamente competente, prende o leitor desde a primeira linha.

Excerto:

Conto: “ Neste entardecer

“(...) Rapadurinhas, queijo, suco de maracujá, em breve sairias a campo para as pequeninas crueldades matinais.  Aqui era a empalação do caracol num pau de fósforo.  Ali confundias as pobres formiguinhas com o dedo atravessado no carreiro.  De vez em quando um marandová te queimava o lombo e era uma correria dentro de casa com talcos e pomadas.  Não, tu não tinhas passado nem futuro.  Para ti, Vovó Rosário tinha nascido de cabelos brancos e com dores reumáticas, Major Verardo era apenas um busto negro cuja vida e cuja obra não tinham sido deste mundo.  A morte, para ti, não passava de uma moléstia das gentes pobres, que não se vacinavam no posto de saúde, e mesmo assim era uma ausência temporária. (...)”

Muito interessante!

 

FARACO, Sergio. Contos completos.- 3ª ed.- Porto Alegre:  L&PM, 2018, 352p.


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