Neste blog publico textos que escrevo: poesias, crônicas, contos, comentários e sugestões de leituras. Qual a razão desse nome? Eis a explicação: Athena: Na mitologia grega, Atena, também conhecida como Palas-Atena, era a deusa da sabedoria, da guerra, das artes, da estratégia e da justiça. Minerva: Equivalente romana da deusa grega Atena, Minerva era filha de Júpiter. E eu, além de ser formada em Letras e Literatura, também sou formada em Direito.
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
FANTASIA & REALIDADE
O Círculo de Escritores de Ijuí Letra Fora da Gaveta, do qual faço parte, lança dia 8 de novembro de 2019, sexta-feira, a sua nova Antologia.
Contamos com a presença de todas as pessoas interessadas.
Quem não puder estar presente no lançamento, poderá adquirir os livros durante a Feira do Livro de Ijuí, de 6 a 10 de novembro de 2019.
Ou entrar em contato comigo.
O s textos estão ótimos, caprichados, uma excelente apresentação. Irá cativá-los, com certeza.
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domingo, 11 de agosto de 2019
OS HOMENS DA MINHA VIDA
Em um post que publiquei há algum tempo, mencionei as mulheres da minha vida: minhas avós, minha mãe, tias, filhas, nora, neta, sogra. São pessoas fundamentais na minha existência.
Hoje, no dia dos pais de 2019, escreverei sobre os homens que estiveram ou estão presentes em meu tempo. São exemplos de lutadores do dia-a-dia, pessoas simples, que compuseram ou compõem o meu círculo familiar. A eles, pois:
JOÃO (Vô Guta).
O vô guta, como o chamávamos,pai do meu pai, nasceu em 1892, creio que em São Borja/RS, faleceu em 1973. Filho de Paulino Carneiro da Fontoura e Amabilia Castilho da Fontoura. Não tenho a informação de sua cidade natal, ando pesquisando. Sei que era agricultor e carreteiro, no começo do século XX. Depois, praticando o êxodo rural, foi morar em São Luiz Gonzaga, finalizando em Santo Ângelo/RS.
Junto com minha avó teve 15 filhos, dos quais 13 sobreviveram. De estatura não muito alta, quando o conheci já era um velhinho alegre, com sua risada curtinha e repetida. Nas férias, contava-nos histórias de assombrações com muito suspense; e histórias dos tempos das guerras gaúchas de antanho. Gostava de fumar seu cigarro de palha, que tinha um cheiro adocicado, ficando como lembrança da casa dos avós. Faleceu com 81 anos, deixando extensa descendência; tanto que, nas bodas de ouro, tinha mais de 150 pessoas, contando filhos, netos, genros e noras. Uma lembrança doce.
BENTO (vô Bento).
Nasceu em Santana do Livramento/RS, na fronteira com o Uruguai, em 10 de fevereiro de 1903, filho de Francisco Menezes de Carvalho e de Tolentina Menezes de Carvalho, ela natural de Rivera/Uruguai. Era pai da minha mãe.
Sua maior alegria, como contava minha mãe, era que eu nasci no dia do seu aniversário. Enquanto foi vivo, comemoramos juntos esta data.
Vô Bento foi agricultor e, depois que vieram morar na cidade de Ijuí, praticando o êxodo rural, trabalhou na força e luz da Prefeitura Municipal, exercendo suas funções até aposentar-se.
Era um homem alto, forte, mulato, gostava muito de churrasco - tanto assar quanto comer -, teve 10 filhos junto com minha avó, sendo que 8 sobreviveram. Tinha bom humor, estava sempre brincando comigo, que era sua companheirinha no chimarrão da tardinha, em frente a sua casa, quando "via o movimento". Segundo minha mãe, gostava de tocar violão e cavaquinho.
Muito benquisto por todos na cidade, era muito conhecido, sendo nome de rua hoje, em Ijuí. Faleceu novo, com 60 anos, deixando-nos com muitas saudades.
JOSÉ, meu pai.
Já escrevi alguns posts sobre ele. A pessoa mais importante, na minha vida, junto com minha mãe.
Era alto, magro, cabelos crespos, gostava muito de andar bem apresentável, sempre que podia usava terno e gravata, e estava sempre bem perfumado e alinhado.
Nasceu em 17 de setembro de 1927, em São Borja/RS. Conheceu minha mãe quando já contava com 25 anos. Ele morava em Santo Ângelo e a mãe em Ijuí. Casaram-se em 1952 e, depois de muitas andanças, estabeleceram-se em Ijuí.
Gostava de ler e pescar; trabalhou na Prefeitura Municipal de Ijuí até aposentar-se, tendo trabalhado em empresas privadas em Santo Ângelo, Porto Alegre, São Luiz Gonzaga e Ijuí. Era maçom.
Exemplo de homem de fé, de força, de honra e ética, educou-nos na maior severidade e exigências, incutindo-nos a ideia de que estudar e ler bastante era o que de mais importante poderíamos fazer por nós mesmos. Um exemplo de homem correto, idôneo, que amamos até hoje. Faleceu em 2013, aos 85 anos.
GILBERTO, meu marido.
O amor da minha vida conheci aos 20 anos; ele tinha 22. De origem italiana, natural de Silveira Martins/RS, conquistou meu coração com seu jeito tímido, sua honestidade, sua inteligência e bom humor. Mas, principalmente, por seu amor, carinho e dedicação.
Dividimos a vida há 41 anos e meio, e, nesse meio tempo, tivemos nossos três filhos, os filhos mais velhos já nos deram quatro netos, e vamos levando a vida para ela não nos levar.
Gilberto tem altura mediana, cabelos lisos e castanhos, gosta de um bom vinho e de churrasco, infelizmente é torcedor do Grêmio, mas é uma pessoa do bem...risos...
Esforçado, foi persistente para conseguir formar-se em Engenharia de Operação Mecânica, profissão que exerceu durante toda a vida, até aposentar-se. Para tanto, após trabalhar todo o dia em uma fábrica, em Panambi, percorria diariamente em torno de 200 km para fazer a faculdade. Fez curso de Pós-Graduação em Segurança do Trabalho, na UEL, quando morávamos em Londrina/PR .
GÉRSON, filho, e VITTORIO, neto.
O meu segundo filho deu-me um grande susto ao nascer, pois tinha duas voltas do cordão umbilical enroladas ao pescoço, tendo sido levado às pressas para oxigênio, pois estava roxo. Mas sobreviveu, graças a Deus e ao pronto atendimento do pediatra.
Meu filho é muito parecido com meu sogro, pois nasceu bem branquinho, olhos azuis e cabelos dourados. A genética vai longe.
É muito alto, era mais gordinho mas, agora, está mais magro em vista da frequência à academia de ginástica e alimentação mais saudável. É formado em Jornalismo, fez Pós-graduação na Área de Comunicação.
Esteve três anos na Itália, onde e quando praticou o italiano e o inglês que havia estudado. Trabalhou em um hotel na cidade de Pisa, e realizou mais um curso de Pós-graduação em tradução inglês-italiano na Universidade de Pisa. Hoje é gerente de negócios no Banco do Brasil, e faz MBA em assuntos bancários.
Era um menino arteiro, inteligente, fazia suas tarefas escolares com rapidez para poder brincar.
É pai de VITTORIO, meu neto mais novo, também loiro, de olhos azuis, só que o cabelo e as sobrancelhas são vermelhos, e estão começando a pintar sardas em seu rostinho. Lembra o Pimentinha, personagem de HQ.
Muito vivaz, elétrico, arteiro, brincalhão, inteligente, é a alegria na vida desses avós, junto com os demais netinhos.
MARCOS E MOACIR, irmãos.
Marcos, o mais velho, Moacir, o mais novo.
Marcos foi meu companheiro de brincadeiras na infância, pois temos um ano e um mês de diferença - ele é mais velho. Também foi companheiro de bailes, cinema e shows, na adolescência, por imposição de meus pais - se não me levasse junto, não tinha autorização pra sair. Tadinho... risos...
É quem me ajuda a cuidar da mãe, hoje. Formado em Administração de Empresas, é professor da rede estadual de ensino - outra coisa que dividimos, a profissão de professor.
Altura mediana, meio gordinho, moreno com cabelos embranquecendo, é minha força nos dias atuais.
O Moacir, nosso irmão mais novo, foi, como já publicado em outro post, o que mais estive perto, por causa de sua doença mental. Era uma pessoa afável, carinhosa, preocupado com a família. Infelizmente faleceu em 2012, deixando-nos muito tristes.
JOSÉ LUÍS, meu genro, MATEUS E GABRIEL, meus netos.
Este moço moreno, de olhos azuis, conquistou o coração de minha filha Sílvia. É agricultor dedicado, muito trabalhador, sempre preocupado com a família. Como todos os agricultores, inicia seu dia de madrugada, e só volta para casa à noite, não tendo domingos e feriados; estes, são nos dias de chuva. Junto com minha filha, deu-me os netos mais velhos, amores da vovó.
MATEUS, menino lindo, com grandes olhos castanhos, como a mãe, é o neto mais velho. Quando nasceu, e fui vê-lo, encontrei a seu lado minha filha. Eu não sabia se a pegava no colo, pois eu sabia o que era o parto, ou pegava o neto. Foi uma das maiores emoções da minha vida.
É inteligente, ama a leitura, como a avó, gosta de escrever e desenhar. Um grande futuro o aguarda.
GABRIEL, meu segundo neto, pregou-nos um grande susto na hora do nascimento, pois teve que ser feita uma cesárea de emergência. É um menino muito doce, meigo, inteligente, vivaz, que adora bichinhos. Talvez um futuro biólogo ou veterinário? Só o futuro dirá o que este menino, de lindos olhos castanhos espertos, será.
VITÓRIO, meu sogro.
Este italiano nascido no Brasil foi, junto com minha sogra, o autor do melhor presente da minha vida: meu marido.
Era loiro, altura mediana, olhos azuis, que distribuiu a genética para neto e bisneto. Agricultor, marceneiro, pai dedicado, que esforçou-se ao máximo para dar uma boa educação aos filhos. Enquanto a planta germinava no solo, não ficava parado, trabalhava construindo muitas das casas que ainda existem em Silveira Martins/RS. Amava o vinho, falava o italiano arrevesado, misturado com português, e contava muitas histórias da fundação da Quarta colônia, no coração do Rio Grande do Sul, onde ascendentes vindos da Itália fundaram uma cidade e trouxeram sua cultura e perseverança para agregar ao povo gaúcho.
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sogro
domingo, 9 de junho de 2019
ENVELHECER
Dedicado
a quem já envelheceu,
A
quem está envelhecendo
E
a quem envelhecerá.
![]() |
Minha mãe, pegando um pouco de sol. Proibida a reprodução desta foto. Direitos reservados. |
Perguntei a
uma jovem: o que é envelhecer?
- É falar de
dores, de remédios, de médicos,
Dos filhos,
dos netos,
“no meu
tempo”....
“não esqueça
o casaco e o guarda-chuva...”
“está
frio...”
Sob a ótica
da juventude,
E de acordo
com as vivências observadas,
Talvez seja
este um ponto de vista válido.
Mas...reflitamos:
O passear
pela vida,
Quando não
se parte mais cedo,
Pode ser
entendido
Como algo
sem medo.
Ao invés da
pressa, a calma;
Ao invés da
arrogância, a afabilidade;
Ao invés de
decisões irrefletidas, a ponderação;
Ao invés de
instigar, pacificar;
Ao invés da
parcialidade, a imparcialidade;
Ao invés do
desperdício, a parcimônia;
Ao invés do
sofrimento, o contentamento;
Ao invés da
vingança, o perdão;
Ao invés da
temeridade, a prudência.
Tiremos a
audácia, substituindo pela pusilanimidade;
A quimera,
pela realidade;
A
insensatez, pela razão;
A afoiteza,
pela moderação;
A crueldade,
pela misericórdia...
Envelhecer
nos deixa mais leves
Nos leva a
reconhecer as faltas cometidas
E a
aprendermos a nos absolver
E a relevar
os erros que cometeram contra nós.
Nos deixa
mais cuidadosos
Conosco e
com os outros.
Vamos nos
purificando lentamente,
Nos despindo
do desnecessário,
Da tralha
toda que carregamos, pesadamente,
E
alimentamos durante nossas vidas.
Lorení/14/10/2018.
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CONTEMPLAÇÃO
![]() |
Imagem da internet; crédito do endereço eletrônico abaixo. |
Após o jantar
reuníamo-nos ao pé da escada, do lado de fora da velha casa de madeira.
Ignorávamos os pernilongos, que zumbiam em nossos ouvidos e
nos picavam incessantemente.
Perscrutávamos o céu, encontrando as Três Marias, o Cruzeiro
do Sul, e todas as outras que lá permaneciam penduradas.
Ficávamos horas conversando, fazendo planos, admirando
também a lua, que escondia-se, por vezes, atrás das nuvens: meu pai, minha mãe,
meus irmãos e eu; o pai e a mãe em cadeiras, nós quatro nos degraus da escada.
O lugar onde morávamos, no lado sul da cidade, era alto em
relação ao resto da cidade.
Víamos cintilar, além das estrelas celestes, o pisca-pisca
das luzes da cidade, abaixo e ao longe.
Imaginávamos o futuro. Imaginávamos histórias de vida para
cada luz de cada casa; ignorávamos as luzes de eventuais postes.
Às vezes, uma estrela cadente riscava o céu; ficávamos
alvorotados, e fazíamos um pedido. Não
recordo se algum deles foi atendido.
Outras vezes, víamos luzes se movimentando no céu; ficávamos
na dúvida: seriam aviões ou seriam as naves que circundavam a Terra, pois era
no período das viagens de exploração, disputas de russos e americanos?
Mantínhamos o cuidado frente à recomendação de não apontar o
dedo para as estrelas, pois poderia criar verrugas – acreditávamos piamente
nisso.
Nesse mister passávamos um longo tempo, enlevados,
distraídos, unidos num só olhar, até que o sono batesse ou começasse a doer o
pescoço.
Porém, o bom de tudo, é que estávamos reunidos, trocávamos
ideias, nossos pais nos ensinavam, e aproveitávamos que o céu era limpo, não
havia poluição, nem outras diversões com as quais pudéssemos nos entreter.
Ijuí, 13/3/2019.
(Imagem: https://images.app.goo.gl/EVJVPbLWwcPC2SKj7 )
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
E o mundo continua girando...

Nos últimos anos
minhas férias têm repetido o roteiro.
Visito meus filhos e
suas famílias, mato só um pouquinho da saudade deles e dos netos, estes seres
que entraram em nossas vidas para alegrá-las, movimentá-las e nos estimular a
nos mantermos vivos.
Nesse ínterim,
exercitei meu vício com bastante frequência, com as leituras mais variadas.
Ei-las:
- A quadrilogia
de Carlos Ruiz Zafón “O cemitério dos
livros esquecidos” encheu-me
de prazer de ler um bom romance, bem escrito, com linguagem poética de
destaque, uma inserção temporal magnífica que percorre os anos que antecederam,
durante e sucederam as guerras espanholas e europeias.
Refere-se
a escritores, livreiros, editores, bibliotecas, a vida de quem escreve, de famosos,
de políticos, de familiares e muitas outras
pessoas.
As
personagens, as paisagens de Barcelona e Madri, Paris e outras cidades
europeias, estimularam a minha veia viajante; quero conhecer essas paragens; os
acontecimentos lúgubres, macabros até, mas outros de um lirismo ímpar, nos
embebem do prazer de ler, de ficar preso ao livro (mesmo pesado), às palavras
mágicas e perfeitas, nos lugares certos; os diálogos fantásticos; a imaginação
do autor, ligada a um vocabulário esplêndido, descrições criteriosas,
desenvolvimento do texto com um envolvimento fantástico. Obras que valem cada minuto, cada hora, cada
segundo dedicado à sua leitura.
Recomendo!
Um
pequeno trailer, só para aguçar a vontade da leitura:
“ (O jogo do anjo) Quando saí, fui
surpreendido por uma brisa fria e cortante, que varria as ruas com impaciência
e fiquei sabendo que o outono tinha entrado em Barcelona na ponta dos pés. (...)
A chuva não chegou antes do anoitecer e, quando começou a cair, desmoronou em
cortinas de gotas furiosas que em apenas alguns minutos cegaram a noite e
afogaram telhados e becos sob um manto negro que batia com força em paredes e
vidros. (...)
As palavras e as imagens brotaram
de minhas mãos como se estivessem esperando com raiva na prisão da alma. (...)
Lembrei
que o velho livreiro sempre tinha dito que os livros tinham alma, a alma de
quem os tinha escrito e de quem os tinha lido e sonhado com eles. (...)
(O prisioneiro do céu) Quando Martín
declarou em juízo que o único bom costume que defendia era o de ler e que o
resto era problema de cada um, o juiz acrescentou mais dez anos à longa pena
que já ia receber. (...) Tudo se perdoa nessa vida, menos dizer a verdade.
(O labirinto dos espíritos). Uma
caneta não é de ninguém. É um espírito
livre que fica com alguém enquanto precisar dela. (sobre um presente raro e caro
recebido pela personagem).
ZAFÓN,
Carlos Ruiz. A sombra do vento. Trad. Marcia Ribas.-2ªed.-RJ:Suma de Letras,
2017, 462p.
Idem.
O
jogo do Anjo. Trad. Eliana Aguiar.-2ªed.- RJ:Suma de Letras, 2017, 517p.
Idem.
O
prisioneiro do céu. Trad. Eliana Aguiar.-1ªed.-RJ:Suma de Letras, 2017,
270p.
Idem.
O
labirinto dos espíritos. Trad. Ari Roitman, Paulina Wacht.- 1ªed.- RJ:
Suma de Letras, 2017, 679p.
- O livro de Fernando Pessoa, “Melhores poemas” aguardava há uns três anos a sua
leitura (até considero releitura, uma vez que muitos desses poemas já havia
lido em outras obras do autor). Para
mim, ler Pessoa tem que estar com o espírito preparado, não pode haver
estresse, preocupações, compromissos, pois Pessoa, escrevendo poemas, é leitura
reflexiva, meditativa, profunda, que me leva a um estado de imersão nas
palavras que considero muito intenso.
Nesse
livro, há poemas selecionados por Teresa Rita Lopes; poemas de Fernando Pessoa ele mesmo; de
Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
Como
apaixonada por sua literatura, amo todos, e viajo em sua imaginação fértil,
suas descrições poéticas, que relatam – datadas – sua vivência, suas
observações, os países por onde andou, o que fez, sobre o que refletiu.
Pessoa...é Pessoa. Nada mais a acrescentar.
Só
para relembrar, uma pequena amostra do heterônimo Alberto Caeiro, n’O guardador de rebanhos:
“XLVIII
DA MAIS ALTA janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a
Humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a
todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a
cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los que vão já longe como que
na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?
Flor, colheu-me o meu destino para
os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos
para as bocas.
Rio, o destino da minha água era
não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase
alegre,
Quase alegre como quem se cansa de
estar triste.
Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa
pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura
sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua
água é sempre a que foi sua.
Passo e fico, como o Universo.”
PESSOA,
Fernando. Os melhores poemas de Fernando Pessoa. Seleção de Teresa Rita
Lopes.-9ªed.-SP:Global, 1997, 171p.
- No retorno da viagem, organizando minha
biblioteca (serviço interminável em minha vida, porquanto estou sempre a comprar
livros...), encontrei um livrinho do Mário
Quintana, que tinha dado a meus filhos quando pequenos.
Esconderijos
do Tempo trouxe-me a leveza desse nosso maravilhoso poeta gaúcho, com sua
linguagem quase coloquial, suas palavras acessíveis, suas imagens poéticas
deliciosas, seus quase enigmas em poucas palavras. Releitura prazerosa,
aconchegante, contentamento incrível. Aconselho!
Destaco,
aqui, um pequeno poema que está no imaginário de todos os seus leitores:
“ ENVELHECER
Antes, todos os caminhos iam,
Hoje, todos os caminhos vêm...
A casa é acolhedora, os livros
poucos
E eu mesmo sirvo o chá para os
fantasmas...
Silêncio.
Solidão. Serenidade.
Quero morrer na selva de um país distante...
Quero morrer sozinho como um
bicho!
Adeus,
Cidade Maldita!
Que lá vai o teu
Poeta.
Adeus para sempre,
Amigos...
Vou sepultar-me no
céu!
E todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!”
QUINTANA,
Mário. Esconderijos do tempo. Oficina perna de pau, com financiamentos
oficiais para apresentação teatral com direção de Elena Quintana & Marco
Fronchetti, sd, 31p.
E... Vida
que segue, como diz um comunicador em nossos dias...
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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
É CRIME!
![]() |
Brumadinho / MG |
Vivemos uma situação caótica em nosso Brasil há já algum tempo.
Pelo menos é assim que alguns de nós, brasileiros, nos enxergamos.
Por mais que uma grande
parte da população não queira envolver-se politicamente, ou nem tenha preparo
para isto, a grande maioria de acontecimentos em nossas vidas é proporcionada
por interferências de governantes, por suas decisões, por decisões de seus
subalternos, seja o nível que for de responsabilidade.
Há pouco mais de 3 anos
vivemos um acontecimento trágico, em Minas Gerais, com a barragem de Mariana.
Soubemos, através de
noticiários os mais diversos, que a empresa Vale e seus sócios, foram acionados
judicialmente, mas, que, até o momento, ninguém foi punido, tendo em vista
nosso sistema jurídico que possibilita inúmeros recursos a tribunais
superiores.
Têm-se notícia que
multas foram canceladas, assim como muita coisa foi negociada. Entretanto, para as pessoas que perderam
familiares, casas e outros bens, ainda não houve o devido ressarcimento.
Da mesma forma, têm-se
notícia de que as normas legais e ambientais para as mineradoras teriam sido
afrouxadas. Há que se confirmar essas
afirmações. Entretanto, devem ser
verdadeiras; caso contrário, não teria ocorrido esse crime contra as vidas
humanas e de animais, assim como crime ambiental, contra o patrimônio privado e
público, que foi e está sendo Brumadinho, também em Minas Gerais, também na
empresa Vale.
Li hoje uma notícia que
me deixou arrasada: os bombeiros teriam encontrado algo parecido com parte de
um corpo; foram cavando ao redor, viram que era de uma criança; mas viram que
estava agarrada em algo: foram descobrindo que era o corpo da mãe abraçado ao
do filho!
Gente! Não tem como não
considerar desumano, criminoso, terrível, inaceitável, que fere os direitos
humanos, sendo o principal, e garantido pela nossa Constituição Federal,
brutalmente agredido: O DIREITO À VIDA!
Essa mãe, com certeza
tentou salvar o filho; e, no desespero, abraçada a ele, deve tê-lo protegido com o próprio corpo! Isto é uma cena de amor maior, que feriu os
sentimentos dos bombeiros, fere nossa sensibilidade, e desperta uma revolta
enorme, pois percebe-se, nas declarações dos poderosos representantes dessa
empresa, que agora vão fazer alguma coisa, que não houve intenção, que era
seguro, que tinha laudos (supõe-se comprados) de que não tinha perigo, mas nada
fizeram depois de Mariana, repetindo em Brumadinho!
Poluem o ambiente,
matam pessoas, acabam com a natureza, com empresas (as pousadas, entre outras), acabam com a
vida de muitos familiares das vítimas, destroem famílias, sonhos, anseios,
objetivos, exterminam lugares e pontos de referência – Mariana não existe mais,
agora Brumadinho também não. Um dia está
lá, outro dia embaixo da lama de ferro!
Tem que punir, tem que
responsabilizar, não tem que dar mole, sem nhenhenhém, aplicar multas, obrigar
a indenizar, refazer, reconstruir, deixar o mais próximo possível do que era
antes, tanto a natureza, como as casas, os sítios, as empresas....
Mas, sabemos, não tem
como devolver as vidas roubadas!
Essas, nunca mais!
É crime!
Lorení Dalla Corte
30/01/2019.
(Direitos de Imagem: https://www.metropoles.com/brasil/com-34-mortos-confirmados-tragedia-de-brumadinho-ja-supera-mariana , acesso em 25/02/2019).
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