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Imagem da internet; crédito do endereço eletrônico abaixo. |
Após o jantar
reuníamo-nos ao pé da escada, do lado de fora da velha casa de madeira.
Ignorávamos os pernilongos, que zumbiam em nossos ouvidos e
nos picavam incessantemente.
Perscrutávamos o céu, encontrando as Três Marias, o Cruzeiro
do Sul, e todas as outras que lá permaneciam penduradas.
Ficávamos horas conversando, fazendo planos, admirando
também a lua, que escondia-se, por vezes, atrás das nuvens: meu pai, minha mãe,
meus irmãos e eu; o pai e a mãe em cadeiras, nós quatro nos degraus da escada.
O lugar onde morávamos, no lado sul da cidade, era alto em
relação ao resto da cidade.
Víamos cintilar, além das estrelas celestes, o pisca-pisca
das luzes da cidade, abaixo e ao longe.
Imaginávamos o futuro. Imaginávamos histórias de vida para
cada luz de cada casa; ignorávamos as luzes de eventuais postes.
Às vezes, uma estrela cadente riscava o céu; ficávamos
alvorotados, e fazíamos um pedido. Não
recordo se algum deles foi atendido.
Outras vezes, víamos luzes se movimentando no céu; ficávamos
na dúvida: seriam aviões ou seriam as naves que circundavam a Terra, pois era
no período das viagens de exploração, disputas de russos e americanos?
Mantínhamos o cuidado frente à recomendação de não apontar o
dedo para as estrelas, pois poderia criar verrugas – acreditávamos piamente
nisso.
Nesse mister passávamos um longo tempo, enlevados,
distraídos, unidos num só olhar, até que o sono batesse ou começasse a doer o
pescoço.
Porém, o bom de tudo, é que estávamos reunidos, trocávamos
ideias, nossos pais nos ensinavam, e aproveitávamos que o céu era limpo, não
havia poluição, nem outras diversões com as quais pudéssemos nos entreter.
Ijuí, 13/3/2019.
(Imagem: https://images.app.goo.gl/EVJVPbLWwcPC2SKj7 )
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