quinta-feira, 3 de novembro de 2011

NÃO SOMOS A LIXEIRA DO MUNDO!

Lixo hospitalar vindo dos Estados Unidos, out. 2011.
     
(Imagem: http://www.google.com/imgres?q=importa%C3%A7%C3%A3o+de+lixo&hl=pt-BR&biw=1360&bih=611&tbm=isch&tbnid=FcXby5NvtFfoNM:&imgrefurl=http://m.estadao.com.br/noticias/vidae,ministro-assegura-que-brasil-nao-permitira-importacao-de-lixo-hospitalar,788622.htm&docid=mZWH-j7yBj4noM&imgurl=http://m.estadao.com.br/imagens/240/fotos/Lixo_hospitalar_Pernambuco_Beto_Oliveira_AE_.jpg&w=240&h=177&ei=9fuyTtfWA8S1tgf68tTQAw&zoom=1&iact=rc&dur=635&sig=101164206755728067314&page=2&tbnh=115&tbnw=153&start=19&ndsp=21&ved=1t:429,r:12,s:19&tx=59&ty=71)

      Causa-nos vergonha, humilhação, raiva, quando descobrimos que países que se consideram "desenvolvidos, primeiro mundo" continuam achando que nós, brasileiros, e nosso país, o Brasil, somos a lixeira do mundo.
     É de todos conhecido o fato de que a Alemanha, a Grã-Bretanha, a Espanha e os Estados Unidos,  e provavelmente muitos outros países, VERGONHOSAMENTE enviam contêineres com lixo para o nosso país.  Há poucos dias a Polícia Federal brasileira descobriu lixo hospitalar que foi parar no nordeste brasileiro, vindos dos Estados Unidos.  Infelizmente algum outro idiota, este brasileiro, está ganhando dinheiro para importar a imundície que os "nobres países" não querem no quintal de suas casas, ou de seus hotéis e, principalmente, hospitais.  Acham que nós temos espaço suficiente?  Então toca a poluir!  Há alguns anos chegaram ao porto de Rio Grande contêineres vindos da Alemanha com todo tipo de porcaria que os ditos cujos não querem em seus quintais de casas, e acham que o nosso quintal é ótimo para isto.  Uma pouca vergonha, falta de respeito, ignorância, estão tripudiando em cima dos brasileiros, enviando sua podridão para cá.  Ah, não dá para deixar na Europa e Estados Unidos, eles são muito limpos, asseados, higiênicos, mas na casa dos outros dá!
     E ainda se acham melhores do que os outros!  Vão se lixar e aprender bons modos, boas maneiras, respeito, não contaminar os outros com suas porcarias! Se são incapazes de descobrir uma forma correta de eliminar os próprios lixos, admitam isto - digam: somos burros, não sabemos reciclar, reaproveitar, reutilizar.  Nós reciclamos, se quiserem, podemos ensinar.  Mas não venham lançar suas podridões sobre nós.  Já chega o que fizeram conosco desde o tempo da colonização.  BASTA!

Atualizando as leituras.

   

Luft, Lya. A riqueza do mundo.-RJ:Record, 2011, 270p.      Há meses li o último livro da Lya Luft a que tive acesso, "A riqueza do mundo".  São crônicas contemporâneas, com a já tradicional linguagem acessível, mas com textos excelentes que nos inspiram à reflexão dos nossos valores, anseios, desejos, controvérsias, alegrias, tristezas, surpresas e demais sentimentos que o nosso mundo, hoje, nos desperta.

     Outro, que terminei a semana passada, também já queria ter lido há mais de 30 anos, mas não tinha acesso. "Poemas escolhidos", de  Gregório de Matos Guerra, nosso famoso "Boca do Inferno".  Para quem não o conhece, é o maior poeta seiscentista do Brasil, da época Literária denominada Barroco.  Tomei conhecimento dele no curso de Letras, mas, como já falei várias vezes, conseguir alguma obra era o difícil; aliás, somente versos esparsos em antologias, comentários dos estudiosos da Literatura Brasileira.
     Mas por que Boca  do Inferno? Porque ele fazia versos satíricos, criticando a tudo e a todos, em sua época: políticos, padres, freiras, amigos, inimigos, etc.  Mas não eram só versos satíricos, também escreveu poemas religiosos e amorosos.
     Abaixo, só para tirar um tempo, os mais famosos versos satíricos deste gênio brasileiro, bahiano, advogado, juiz, padre, e mais um monte de outras funções:


"Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República, em todos os membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia" (este é o título)
EPÍLOGOS
1.Que falta nesta cidade?...Verdade
Que mais por sua desonra?...Honra
Falta mais que se lhe ponha?...Vergonha
   O demo a viver se exponha,
   Por mais que a fama a exalta,
   Numa cidade onde falta
   Verdade, honra, vergonha.

2. Quem a pôs neste socrócio?...Negócio
    Quem causa tal perdição?...Ambição
   E o maior desta loucura?...Usura
      Notável desaventura
      De um povo néscio, e sandeu
      Que não sabe que o perdeu
      Negócio, ambição, usura.
hehe

3...4....5.E que justiça a resguarda?...Bastarda
              É grátis distribuída?...Vendida.
              Que tem, que a todos assusta?...Injusta.
                     Valha-nos Deus, o que custa
                      O que El-Rei nos dá de graça,
                      Que anda a justiça na praça
                      Bastarda, vendida, injusta.

6...7. E nos Frades há manqueiras?...Freiras.
         Em que ocupam os serões?...Sermões.
         Não se ocupam em disputas?...Putas.
hehe
               Com palavras dissolutas
               Me concluís, na verdade
               Que as lidas todas de um Frade
               São freiras, sermões e putas.
8...9..."

Os versos são muito longos, os assuntos diversos.  Para quem gosta de poesia, cultura/literatura brasileira, e conhecer a opinião e visão de um crítico mordaz do Brasil entre 1600/1700, vale a pena ler.
Matos, Gregório de. Poemas escolhidos; seleção e organização José Miguel Wisnik.-SP:Cia das Letras, 2010, 357p.