segunda-feira, 6 de novembro de 2017

CICATRIZ

Houve um tempo em que eu tinha certezas.
Houve um tempo em que eu sabia o que queria.
Olhava o mundo de frente
Olhava nos olhos das pessoas
Agredia com expressões fisionômicas.
Era sincera, agressiva,
não media as palavras, que jorravam como verdades
indiscutíveis, sôfregas.
Eu discutia com meu Deus.

Houve um tempo, logo depois,
em que eu tinha dúvidas.
Dúvidas, angústias, incertezas,
sofrimentos atrozes, análises espezinhantes...
Medo. O grande, o terrível, o enfadonho, o abominável medo.
Da vida, de não conseguir, de não obter, de não conquistar,
de não ser.
As profundezas, o precipício, a agonia de tentar compreender.
A cabeça pendeu.
Deixei-o de lado.

Hoje...é tempo de buscar, de amenizar.
É tempo de não sofrer, de cicatrizar.
É tempo de soltar, fluir e usufruir.
É tempo de aceitar, de admitir, de ouvir, de levantar a cabeça.
Viver, amar, olhar os olhos novamente.
Ele é meu amigo.



Final de 1985.

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