Viver está sendo muito
difícil neste momento.
O ano de 2020 trouxe à
humanidade a pandemia do coronavírus, a covid-19.
Trouxe a mim o pânico, o
medo, a angústia, o medo de morrer, a ansiedade. Isso em fevereiro/março.
Dia 22 de maio trouxe o
diagnóstico do câncer de pâncreas do meu amor, do Gilberto. O meu homem, o homem da minha vida. O pai dos
meus filhos, o avô de meus netos. O “genro preferido” como dizia a mãe (ele é o
único genro.)
Trouxe tristeza, muito
medo, insegurança.
Angústia de vê-lo
definhando dia a pós dia.
Enfraquecendo, perdendo
as forças, não conseguindo mais ficar de pé.
Não conseguindo mais se
alimentar.
A quimioterapia. O
desespero nos olhos dele. O olhar de pedido de socorro.
O emagrecimento, ferida
no pé, ferida nas costas. Dificuldade para engolir. Feridas na boca.
Os medicamentos para o
Parkinson.
O tratamento para o
diabetes, que estava com taxas enlouquecidas, ora perto de 600, ora perto de
60.
O câncer com Ca-19 em
17.000.
Anemia. Injeção de
ferro. Transfusão de sangue, duas.
Mal-estar, internações,
febres, exames de sangue, exames de sangue, exames de sangue, antibióticos,
internações, internações. Todo tipo de exame: dos pulmões, do tórax, do
abdômen, biópsias. Introdução de cateter
no tórax. Introdução de aparelho na vesícula,
para o líquido descer...
Medo, medo, medo! Que eu
via nos olhos dele e, com certeza, ele via nos meus.
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oncologista cirurgião; com oncologista clínico; clínicos gerais; oncologista
radiologista para radioterapia. Enfermeiros, enfermeiras, técnicos, injeções,
soros,...
Pés inchados, pés
levantados para circular melhor o sangue.
Desmaios. Pressão alta.
Pressão baixa...
Falta de ar.
Cansaço, exaustão,
pânico, e a morte rondando.
Ela chegou em 22 de
novembro. Exatos 6 meses.
Lorení.
26/3/2021