terça-feira, 26 de março de 2024

CÂNCER

 

                    






 

Viver está sendo muito difícil neste momento.

O ano de 2020 trouxe à humanidade a pandemia do coronavírus, a covid-19.

Trouxe a mim o pânico, o medo, a angústia, o medo de morrer, a ansiedade. Isso em fevereiro/março.

Dia 22 de maio trouxe o diagnóstico do câncer de pâncreas do meu amor, do Gilberto.  O meu homem, o homem da minha vida. O pai dos meus filhos, o avô de meus netos. O “genro preferido” como dizia a mãe (ele é o único genro.)

Trouxe tristeza, muito medo, insegurança.

Angústia de vê-lo definhando dia a pós dia.

Enfraquecendo, perdendo as forças, não conseguindo mais ficar de pé.

Não conseguindo mais se alimentar.

A quimioterapia. O desespero nos olhos dele. O olhar de pedido de socorro.

O emagrecimento, ferida no pé, ferida nas costas. Dificuldade para engolir. Feridas na boca.

Os medicamentos para o Parkinson.

O tratamento para o diabetes, que estava com taxas enlouquecidas, ora perto de 600, ora perto de 60.

O câncer com Ca-19 em 17.000.

Anemia. Injeção de ferro.  Transfusão de sangue, duas.

Mal-estar, internações, febres, exames de sangue, exames de sangue, exames de sangue, antibióticos, internações, internações. Todo tipo de exame: dos pulmões, do tórax, do abdômen, biópsias.  Introdução de cateter no tórax.  Introdução de aparelho na vesícula, para o líquido descer...

Medo, medo, medo! Que eu via nos olhos dele e, com certeza, ele via nos meus.

Consultas com oncologista cirurgião; com oncologista clínico; clínicos gerais; oncologista radiologista para radioterapia. Enfermeiros, enfermeiras, técnicos, injeções, soros,...

Pés inchados, pés levantados para circular melhor o sangue.

Desmaios. Pressão alta. Pressão baixa...

Falta de ar.

Cansaço, exaustão, pânico, e a morte rondando.

Ela chegou em 22 de novembro. Exatos 6 meses.

 

 

 

Lorení.

26/3/2021

sexta-feira, 15 de março de 2024

"CUIDA BEM DE MIM...”

 


 

 

 

 

 

 

 


Referência: música “Muito estranho”, de Dalto..

 

A música toca no rádio.

Meu amor passa por mim e me diz, repetindo o refrão:

“cuida bem de mim”...

Ele está com câncer.  Paralelamente, tem o Mal de Parkinson e Diabetes.

Sua sentença já foi assinada, embora seja inocente: pelos resultados dos exames; pelos diagnósticos dos médicos, pelas suas condições de saúde, pelo pouco resultado dos tratamentos!

Seguro o choro, disfarço, olho em seus olhos, que são suplicantes.

Ele não fala.  Eu não falo.

Mas eu sinto que ele sabe que está no fim.

Ele me diz que quando me enxerga, fica mais tranquilo. 

Precisa me ver, para sentir-se bem.

Eu preciso dele, inteiro.

Ficamos dentro de um abraço bem apertado.

 

Recordando.

24/9/21.

 

domingo, 10 de março de 2024

A PORTA

 




A PORTA

 

Ambos abriram a porta e entraram...

Houve encontro de almas

Paixão cega

Enlevo

Ternura e afeto...

Amor?   

Platônico...

 

Ele entrefechou a porta...

Ela tentou abrir...

Não conseguiu!

Então tentou fechar...

Ele trancou com o pé!

 

A porta...

Ficou entrefechada ou entreaberta?

 

No meio das cinzas das labaredas que arderam

Ele assoprou, de novo, uma centelha.

 

Por quê?

 

Ela ficou sem saber

Se entra

Ou se sai!

 

Quisera abrir e entrar!

Mas crê que terá que

Bater a porta e

Sair definitivamente!

 

Setembro/2023

Joinville/SC



Imagem : https://br.freepik.com/vetores-premium/porta-entreaberta-com-luz-e-raios-saindo-da-brecha_7799232.htm 

À DERIVA

  

 

 

 

Praia do amor/RJ/ Imagem da autora.
 

 



 

Ainda não achei meu porto

Estou à deriva...

 

Geograficamente, instalei-me.

Uma referência,

Minha gruta,

Minha caverna,

De segurança física,

Estadia, moradia,

Está garantida.  Sempre esteve.

Agora, definida.

 

Mas...

O outro porto,

O eu-profundo

Continua navegando

À deriva...

À deriva...

À deriva...

 

O id, o ego e o superego

Em altas discussões

Tentam achar um caminho...

Percorrem a filosofia

Espiam a psicologia

Enfrentam a realidade

Tentam a conciliação.

 

À deriva...

27/09/2023/Joinville/SC