terça-feira, 14 de outubro de 2014

Ainda, as eleições no Brasil.






Constituição Federal de 1988.






"§5.Os indivíduos que devem formar um todo são de espécie diversa; igualmente, a reciprocidade na igualdade conservará os Estados, como afirmamos na Ética.
Além disso, isto é o que deve obrigatoriamente acontecer entre homens livres e iguais: pois não é possível que todos exerçam concomitantemente a autoridade: não a podem exercer por mais de um ano, ou, em conformidade com outro acordo, por qualquer tempo determinado.  Deste modo, sucede que todos alcançam o poder, como se os sapateiros e os carpinteiros se alternassem, e nem sempre as mesmas mãos fizessem os mesmos trabalhos.
§6. Sendo melhor ficarem as coisas como estão, segue-se, de modo natural, que, na sociedade civil, seria preferível igualmente que os mesmos homens ficassem sempre no poder se tal fosse possível.  Contudo, como perpetuar-se no poder não é compatível com a igualdade natural, e além disso sendo justo todos participarem dele, já tido como um benefício, já como um malefício, deve-se imitar essa faculdade de alternar no poder que os homens iguais uns aos outros se facultam, de igual modo como antes o receberam.  Assim sendo, uns mandam, outros obedecem, de modo alternado, como se se transformassem em outros homens" (Aristóteles, Política, SP:Martins Claret, Coleção a obra prima de cada autor, 2004, p.38/39).


"Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelos mesmos motivos" (Eça de Queirós)



A campanha presidencial no Brasil, mais do que para Governador de alguns estados, que não se elegeram no primeiro turno, está em polvorosa.

Os programas televisivos estão cheios de maravilhas feitas tanto por um como por outra candidata, e tanto um como a outra também mostram as maldades de seu oponente em seus governos, tanto atuais como anteriores.
Nas mídias, só se fala nisto.  Adeptos de cada lado se xingam, elevando bem alto seu preferido e colocando abaixo do tapete seu oponente.  Mas nenhum deles fala o que pretende fazer para melhorar o Brasil e a vida de nós, brasileiros, que os sustentamos, e sustentaremos qualquer programa que qualquer deles que venha a se eleger, inventar.  Sejam coisas boas ou não.
Eu já voto há 41 anos. Nas primeiras eleições, aos 18 anos, sem experiência e conhecimento, alheia ao mundo que me rodeava politicamente, só queria saber de bailes, namorados, trabalho, faculdade, divertimento.  Então seguia a orientação dada por meus pais.
À medida que fui amadurecendo, fui mudando minha visão: criando família, e sendo responsável pelo sustento junto com meu esposo, tendo financiado uma casa pelo antigo BNH, pagando prestações mensais por 17 anos; pagando estudos para filhos e meus estudos e do meu esposo; pois eu, como professora, se quisesse progredir na carreira, tinha que me aperfeiçoar, estudar mais; e tudo com faculdade paga, pois não existia, naquele tempo, o que os Constituintes estabeleceram em 1988, a nosso pedido, o estudo superior de forma gratuita; pelo menos não no interior, só em grandes cidades ou capitais.
E fui mudando minha visão de mundo,  observando a realidade, a forma como a política acontecia no Brasil, fui lendo - por exemplo, "Brasil, nunca mais"; "1968, o ano que não terminou"; "As veias abertas da América Latina", entre muitos, muitos, muitos, muitos outros. E continuo lendo, como podem observar em meus outros posts.
Então, eu sou uma pessoa descrente dos políticos; aqui no Brasil, após a ditadura, quando aprovada a constituição Federal em 1988, foi concedida a liberdade total na formação de partidos políticos, pois, durante a ditadura, só havia o partido do governo e uma oposição enjambrada. Aos gritos, se pedia liberdade, tanto de expressão - havia mordaça nos jornais -, de reunião, e de criação de partidos políticos.
Hoje, vejo com olhos arregalados, os mesmos que pediam a liberdade na criação de partidos políticos, dizendo que tem partido demais no Brasil. Isto é uma incoerência! Estão renegando aquilo que pediram?
Na época da ditadura, havia o clamor pela liberdade de expressão, pela democracia,....hoje, vejo os que estão no poder - os mesmos que pediam - reclamar da imprensa, que há muita liberdade...façam meu favor!
Sabemos que a imprensa constrói e destrói, tanto no campo da política ou de qualquer outro; que aquilo que é publicado, tanto em jornais como em revistas, tem a visão do dono, que geralmente é do lado de quem está no poder - ou na oposição - e que vai publicar só o que achar conveniente para seus negócios.
Este ano tivemos vários candidatos a Presidente da República.  Analisando os nomes dos diversos partidos, creio que só um ou dois não tinha o "S" de socialista ou social no nome; a maioria dos partidos, no Brasil são do que se convencionou chamar de "esquerda".  Como? O PSDB de Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso, é um partido de esquerda...é? E o PT, da Dilma e do Lula, também. Como assim, situação e oposição são de esquerda? E quem é de direita? Não que tenha que ter, obrigatoriamente, esta dicotomia, mas...
Aécio Neves está, através de sua família, no poder desde Getúlio Vargas, sobre quem falei no post anterior, pois seu avô foi Ministro do homem.
Dilma está no poder, através de seu antecessor, desde que Lula foi eleito.
O PSDB, de Fernando Henrique, enfrentou muitas dificuldades no seu período governamental, mas teve um grande feito que ninguém pode negar: amarrou a inflação que nos esmagava diariamente.
Quando FHC entrou no poder eu era milionária; sim, fui milionária, pois a inflação era tão alta, que um litro de leite ou 1 kg de carne, custava milhões; as contas de luz que eu somava no banco que trabalhava, era de milhões cada uma.  O dia que a gente recebia o salário, saia correndo pro supermercado, e fazia estoque de comida, pois no dia seguinte já não compraria a mesma quantidade. Era o tempo do over night, o dinheiro que flutuava à noite.  Quem viveu neste tempo, e era o responsável pelo pagamento das contas, há de lembrar disto.  SE FHC não fez mais nada de bom - e ninguém é 100% bom ou mau - a melhor coisa que o seu governo fez foi amordaçar a maldita inflação.  Só por isto, já teriam o meu voto, embora quando ele foi eleito, eu tenha votado em seu opositor, pois não queria "a elite no poder".
Depois eu tirei o FHC de lá e pus o homem, que conseguiu reeleger-se e colocou sua sucessora; mas só votei nele uma vez, pois a entrevista que deu a Marília Gabriela, na época da campanha, me convenceu que ele era do povo, entendia o povo, e ia cuidar do povo. Ledo engano. Político é político.
Por isto não votei na Dilma, e não vou votar, não por achar que o outro é melhor. Não é.
Mas por concordar com Aristóteles, acima citado, e pelos mesmos motivos, bem como Eça de Queirós.
A alternância de poder é salutar em uma democracia.  O resto, é conversa fiada, e é alucinação de quem enxerga em seu preferido, ou seu líder, um deus poderoso e eterno, que só faz coisas boas.  Também faz, mas não só.

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