sexta-feira, 12 de julho de 2024

LEITURAS ATEMPORAIS

 


 

 

 

 

Imagem do livro que ganhei no dia das mães.

Retornando às minhas atividades literárias diárias, trago para vocês as últimas leituras.  Mas não de pouco tempo, de muito tempo, pois estive envolvida com os problemas nos olhos, resolvidos com a cirurgia de catarata.  Agora estou gente de novo! Vou tentar pôr as leituras em dia – o que já sei, de antemão, ser uma tarefa impossível.  A minha fila de livros a ler sempre é maior que minha capacidade de fazê-lo.

Aos livros, pois!

 

GARCIA LORCA, Federico. Antologia Poética.; Trad. De William A. de Mello.-POA:L&PM POCKET, 2022.

        Sempre tive curiosidade de ler este autor, que aparece, eventualmente,  em algum texto ou livro. Espanhol de  Fuente Vaqueros,  em Granada, ali passou sua infância. Filho de pais abastados, sua mãe era professora e grande influenciadora em sua leitura e formação. Estudou Direito, Filosofia e Letras. Foi contemporâneo e tinha amizade com Salvador Dalí, Buñuel e outros.  Foi poeta, dramaturgo e pianista.

Alguns poemas que gostei, me chamaram a atenção por algum motivo:

CANÇÃO OUTONAL (Novembro de 1918 – Granada)

 

Hoje sinto no coração

Um vago tremor de estrelas,

Mas minha senda se perde

Na alma da névoa. (...)

 

A neve cai das rosas

Mas a da alma fica,

E a garra dos anos

Faz um sudário com elas. (...)-

 

Se a morte é a morte,

Que será dos poetas

E das coisas adormecidas

Que já ninguém delas se recorda?

Oh! Sol das esperanças!

Água clara! Lua nova!

Corações dos meninos!

Almas rudes das pedras!

Hoje sinto no coração

Um vago tremor de estrelas

E todas as coisas são

Tão brancas como minha pena.”

 

 A neve cai das rosas,

Mas a da alma fica,

E a garra dos anos

Faz um sudário com elas. (...)

 

Se a morte é a morte,

Que será dos poetas

E das coisas adormecidas

Que já ninguém delas se recorda?

Oh! Sol das esperanças!

Água clara! Lua nova!

Corações dos meninos!

Almas rudes das pedras!

Hoje sinto no coração

Um vago tremor de estrelas

E todas as coisas são

Tão brancas como minha pena.”

 

MANANCIAL

(...)

Meu coração é mau, Senhor! Sinto na carne

A implacável brasa

Do pecado.  Meus mares interiores

Ficaram sem praias.

Teu farol se apagou.  Eis que os acende

Meu coração de chamas!

Mas  o negro segredo da noite

E o segredo da água

São mistérios tão somente para o olho

Da consciência humana?

A névoa do mistério não estremece

A árvore, o inseto e a montanha?

O terror das sombras, não o sentem

As pedras e as plantas?

É o som tão somente esta voz minha?

E o casto manancial não diz nada?

 

Mas eu sinto na água

Algo que me estremece..., como um vento

Que agita as ramagens de minha alma. (...)

 

Enfim, vários são seus poemas, num estilo bem pronunciado, característico, encantador.

Vale a pena a leitura.

 

 

 

 

 

 

 

 

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