sábado, 24 de junho de 2023

INVERNO

 

Praça Getúlio Vargas - imagem da autora.


 

As folhas avermelhadas já caíram, todas.

Estão nus os galhos das árvores, esticados, eretos rumo ao céu,

Como a lamentar a ausência do sol.

O resto de calor que ainda resistia, foi sendo empurrado pelo vento minuano... para onde?

Chegaram os dias nublados.

As nuvens lastimam a entrada do frio, derramando-se sobre as cidades.

A neblina manifesta-se de manhãzinha, tirando de nós, humanos, a visão da aurora bela.

Acendem-se as lareiras, os fogões à lenha, os aquecedores, os aparelhos de ar condicionado.

Acendem-se os corações, com a proximidade,

O aconchego e a busca de calor para aquecer os corpos enregelados.

Saltam, sorridentes, do fundo das gavetas,

Toucas coloridas, luvas, cachecóis, botas, meiões, cobertores, edredons, mantas.

O quentão e o vinho,

O café e o chá,  quentinhos,  ajudam a enviar o frio para fora de nossos lares.

A sopa asperge seu aroma delicioso por todo o ambiente,

Antevendo o prazer do alimento que,

Além de nutrir, aquece os corpos e as almas.

Nos dias de ventania, chuva renitente, trovões e temporais,

O lar é a nossa caverna, o nosso refúgio,

Onde nos sentimos seguros,

Onde guardamos nossos amores, protegendo-os.

Onde vivemos nosso tempo de recolhimento, de meditação,

De busca do eu-interior.

O  inverno é introspectivo.

Viramos eremitas.

 

 

Lorení

Palmeira das Missões, 21/6/23.

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