sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lendo Umberto Eco


 

 Após "O nome da Rosa", visto primeiro o filme, lido posteriormente o livro,-  que é muito melhor que o filme-, eu não tinha lido mais nenhum livro deste autor italiano.  Devo lê-los, pois. Admiro a sua sabedoria, o seu conhecimento, - também, com as qualificações que tem, e sendo professor na Universidade de Bolonha, - resta-nos admirar e degustar seus escritos.  Que não são fáceis.  Um leitor mediano desistiria logo de lê-lo, pelas muitas referências que faz à literatura e ao conhecimento universais, o que não é de conhecimento de qualquer um.
Ganhei no Natal passado, de presente do meu marido "O cemitério de Praga"; devido às várias circunstâncias que não vêm ao caso, demorei para começar a lê-lo, e demorei para concluí-lo.  Como já disse, ler Umberto Eco não é para qualquer um; mas consegui, não tive dificuldades em acompanhar seu texto, pois muito do que ele refere já era de meu conhecimento, devido à minha paixão pela leitura e pelo quase autodidatismo. Digo quase pois muitas de minhas leituras foram indicações de meus mestres nos cursos que frequentei; porém, outro tanto foi pela minha curiosidade mesmo. Meio a meio.
Vamos ao livro, já que você, meu 'blogtor' insiste em ler-me, também:

Eco, Umberto. O Cemitério de Praga; tradução de Joana Angélica d'Avila Melo.-3ª ed.-RJ:Record, 2011. 479p.

Narra Eco uma história bastante estranha no começo, difícil de entender, até se chegar ao fio da meada: um Narrador conta a história de uma pessoa que são duas, moram no mesmo prédio, cada um com uma fachada para um lado, na França oitocentista. Advogado (cartorário) e Padre atuam na hora conveniente. Dupla personalidade? Problemas neurológicos ou psicológicos? 
A par destas dúvidas, todos os acontecimentos políticos, econômicos, religiosos, sociais, culturais envolvendo Itália, França, Alemanha, Reino Unido, praticamente toda a Europa e, eventualmente, alguns respingos nas Américas, mas - capaz que não!- com uma visão deturpada de pessoas/personalidades, sejam americanas do sul, do centro ou do norte. Referências à prisão de Caiena; muita degustação de alimentos, fartamente descritos, italianos e, principalmente, franceses.  Eco demonstra ser amigo da boa mesa, através de seus personagens. 
Pano de fundo de todos os capítulos um texto sobre "Protocolos dos sábios de Sião", guerras Napoleônicas, a Unificação da Itália, Garibaldi, etc; no fundo, uma grande campanha contra tudo e todos: um ódio exacerbado aos judeus; religião, seja qual for, principalmente contra os católicos, os Papas, todos; contra os protestantes, todos; a maçonaria; o satanismo; os rosa-cruzes; um grande relato de como ocorriam assassinatos naquela época (não diferente de hoje), e como trabalhavam espiões, e o quanto rolava de dinheiro, para tudo e todos.
Um grande romance; depois que a gente engrena na história, é daqueles que não dá vontade de parar de ler; muito envolvente, linguagem bonita - aprendi muitas palavras novas, revi algumas de que gosto mas que há muito tempo não se usam mais. Excelente vocabulário - mas também com palavrões, pois um escritor que se preze nunca os deixa fora.
Vale a pena a imersão.


3 comentários:

  1. Està na minha lista de livros a ler. Perdi de comprà-lo no original.

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  2. Estou planejando ler mais livros do cubano Juan Pedro, vou acabar comprando. O nome da rosa fiz o inverso, primeiro li, depois vi, conclusão igual o livro é muito melhor!

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  3. obrigada, meus 2 leitores; fico feliz que duas pessoas me lêem; abraços.

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