quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Curtindo a lareira.

     Embora tenha nascido no estado mais frio do Brasil, detesto o inverno.  Só os masoquistas ou quem nunca precisou sair para estudar ou trabalhar curtindo chuva fina e gelada, vento minuano cortante na orelha e que penetra nos ossos, pode gostar disto.  Resumindo: turistas.  
     A cidade em que nasci nem é a mais fria do Rio Grande; as cidades da serra gaúcha, como Canela, Gramado e Caxias do Sul dão de 10 a zero nas cidades do Planalto Médio ou noroeste do estado.  Mas lá, quando faz frio, faz frio; e quando faz calor, faz calor de mais de 30 graus, no verão.
     A primeira vez que nevou no RS eu devia ter uns dez anos, creio que foi em 65.  As aulas foram suspensas, minha mãe não nos deixou sair pra fora, com exceção do irmão mais velho, creio que para rachar lenha para o fogão.


 Esta imagem é a mais conhecida daquele dia, por todos os ijuienses da época, do tempo em que o Trem (uma maria fumaça) ainda rodava frequentemente pela cidade, trancando o trânsito na Rua do Comércio.
Esta outra achei no google, e mostra o centro da cidade coberto de neve.  Meu pai foi trabalhar, e tirou fotos na Praça da República (na foto), que estão lá com ele. E, observem: em preto e branco; na minha terra, fotos coloridas surgiram na década de 70.






Imagens:
(http://www.google.com.br/imgres?q=ijui&um=1&hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-BR:official&biw=1366&bih=598&tbm=isch&tbnid=Kxtxuv-KCI-spM:&imgrefurl=http://www.metsul.com/secoes/visualiza.php%253Fcod_subsecao%253D32%2526cod_texto%253D208&docid=XfX8_JUtlyCiBM&w=500&h=366&ei=Y7M5TorCHcqSgQeimrHPBg&zoom=1&iact=hc&vpx=915&vpy=229&dur=2935&hovh=192&hovw=262&tx=165&ty=149&page=5&tbnh=132&tbnw=174&start=75&ndsp=18&ved=1t:429,r:16,s:75).


     E se tem uma coisa que me traz boas recordações é o fogão à lenha, no inverno.  Sentávamos, toda a família, à noite, em roda do fogão quentinho, para ouvir histórias que meu pai contava: meu irmão menor no colo da mãe, o mais velho na cadeira dele, eu na minha, e meu terceiro irmão no colo do pai;  às vezes a gente revezava o colo do pai, mas o da mãe era do nenê.
     Tem alguma coisa que me atrai no fogo; gosto de ficar olhando a chama, quanto maior melhor, mas não se assustem, não tenho o espírito do Nero...
     Quando construímos a casa em que moramos hoje, mesmo sendo numa região não muito fria, mandamos fazer uma lareira, pois pelo menos por uma ou duas semanas, de junho ao fim de agosto, faz frio de lascar.  Hoje é um dia destes, então após cumprir minha agenda, cheguei em casa e tentei acender o fogo, porém a lenha estava úmida.  Chorou, chorou que nem viúva, como dizem os gaúchos, mas acabou pegando fogo.  Minha filha disse - que graça tem ficar olhando o fogo?  este filme é chato... já não se fazem filhos como antigamente!   ou já não se contam histórias ao redor do fogo, afinal, temos livros, revistas, tv, computador, e pouco tempo para contar histórias.  Como já falei em outro post, a oralidade nos acompanhou durante a infância, visto que a tv só apareceu mais tarde. 
     Vejo no noticiário que está nevando no sul, inclusive no sul do Paraná; este ano é uma exceção.  Onde está o aquecimento global, num frio destes? 
Nem minha casa aquece toda, somente a sala onde está a lareira.

 
     
    
       O fogo de longe...
     

e de perto...






Imagens de Athena.



     A outra vez que nevou em minha cidade, que me lembro foi em 1975.  Daí eu já era moça, trabalhava e estudava e já conhecia meu namorado, atual marido.  O fogo que me interessava era outro...

5 comentários:

  1. Eu fui o único aluno do CEAP que foi até o colégio, que óbviamente estava fechado, mas serviu para dar um passeio na neve!
    Gosto de inverno desde que seja seco, umidade e frio não.

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  2. eu gosto de de calor. quanto menos frio, melhor

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  3. Faço minhas as suas palavras, nasci no sul, Porto Alegre, morei quase sempre em Santo Ângelo, e odeioooo inverno....gostei do post! Parabéns!

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  4. Eu adoro a lareira, acho um charme só... adoro olhar o fogo, como tu, adoro ver filmes antigos na sala onde tenho lareira, gosto de estar aposentada neste friozão.... cheguei à conclusão que gosto de todas as estações, cada uma tem sua marca...
    Lembro muito bem de 1965, as lembranças são claras na minha mente... 20 de agosto de 1965!! Teve até baile da neve nos anos seguintes, em Ijuí... hehehehe
    Adorei teu último parágrafo... rsrsrs... bjão

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  5. Obrigada Mary, que bom que gostou; e tia Narinha, que bom que recordamos juntas... e observamos as coisas do mesmo enfoque, às vezes...hehehe; obrigada, meus blogtores, vocês são a razão de eu continuar escrevendo. (Pseudo-)escritora sem leitores não existe. Abraços a todos.

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